Realidade x Delusão

face

Realidade (do latim realitas isto é, “coisa”) significa em uso comum “tudo o que existe”. Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise.

O real é tido como aquilo que existe fora da mente ou dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora não esteja expressa na realidade tangível extra-mentis, existe ontologicamente, onticamente (relativa ao ente – vide Heidegger in “Ser e tempo”), ou seja: intra-mentis. E é portanto real, embora possa ser ou não ilusória. A ilusão quando existente, é real e verdadeira em si mesma. Ela não nega sua natureza. Ela diz sim a si mesma. A realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, embora na qualidade de ens fictionis intra mentis (ipsis literis, in “Proslogion” de Anselmo de Aosta – argumento ontológico), ou seja, enquanto ente fictício, imaginário, idealizado no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode – ou não – ser existente e real também no mundo externo. O que não nega a realidade da sua existência enquanto ente imaginário, idealizado.

Quanto ao externo – o fato de poder ser percebido só pela mente – torna-se sinônimo de interpretação da realidade, de uma aproximação com a verdade. A relação íntima entre realidade e verdade, o modo em como a mente interpreta a realidade, é uma polêmica antiga. O problema, na cultura ocidental, surge com as teorias de Platão e Aristóteles sobre a natureza do real (o idealismo e o realismo). No cerne do problema está presente a questão da imagem (a representação sensível do objeto) e a da ideia (o sentido do objeto, a sua interpretação mental).

Em senso comum, realidade significa o ajuste que fazemos entre a imagem e a ideia da coisa, entre verdade e verossimilhança. O problema da realidade é matéria presente em todas as ciências e, com particular importância, nas ciências que têm como objeto de estudo o próprio homem : a antropologia cultural e todas as que nela estão implicadas : a filosofia, a psicologia, a semiologia e muitas outras, além das técnicas e das artes visuais.

Na interpretação ou representação do real, (verdade subjetiva ou crença), a realidade está sujeita ao campo das escolhas, isto é, determinamos parte do que consideramos ser um fato, ato ou uma possibilidade, algo adquirido a partir dos sentidos e do conhecimento adquirido. Dessa forma, a construção das coisas e as nossas relações dependem de um intrincado contexto, que ao longo da existência cria a lente entre a aprendizagem e o desejo: o que vamos aceitar como real? Portanto a realidade é construída pelo sujeito cognoscente; ela não é dada pronta para ser descoberta.

A verdade (subjetiva) pode, às vezes, estar próxima da realidade, mas depende das situações, contextos, das premissas de pensamento, tendo de criar dúvidas reflexivas. Às vezes, aquilo o que observamos está preso a escolhas que são mais um conjunto de normas do que evidências.

Conceitos relacionados

Realidade dos fenômenos

Em um nível muito mais amplo e subjetivo, experiências privadas, a curiosidade, a investigação e a seletividade envolvidas na interpretação pessoal da realidade externalizada pelos eventos pode ser vista por um e apenas um indivíduo e, portanto, é chamada de fenomenológica. Enquanto essa forma de realidade pode ser comum aos outros, ele pode às vezes ser tão único para alguém que nunca será experimentado por mais ninguém. Muitas das experiências consideradas espirituais ocorrem neste nível da realidade.

A Fenomenologia é um método filosófico desenvolvido nos primeiros anos do século XX por Edmund Husserl e um grupo de seus seguidores nas universidades de Göttingen e Munique, na Alemanha. Posteriormente, os temas fenomenológicos foram retomados por filósofos na França, nos Estados Unidos e em outros lugares, muitas vezes em contextos muito diferentes do trabalho de Husserl.

A palavra fenomenologia vem do grego phainomenon, que significa “o que aparece”, e lógos, que significa “estudo”. Na concepção de Husserl, a fenomenologia essencialmente se preocupa com as estruturas da consciência e os fenômenos que aparecem em atos da consciência, objetos de reflexão sistemática e análise. Tal reflexão passou a ocorrer a partir de um ponto de vista em “primeira pessoa” altamente modificado, estudando os fenômenos não como eles aparecem para a “minha” consciência, mas a qualquer consciência. Husserl acreditava que a fenomenologia poderia, assim, proporcionar uma base firme para o conhecimento de todos os seres humanos, incluindo o conhecimento científico, e poderia estabelecer a filosofia como uma “ciência rigorosa”.

A concepção de Husserl sobre a fenomenologia tem sido criticada e desenvolvida não apenas por ele próprio, mas também por seu aluno e assistente Martin Heidegger, por existencialistas, como Maurice Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, e por outros filósofos, como Paul Ricoeur, Emmanuel Levinas, e Dietrich von Hildebrand.3

Verdade vs. Fato

O termo “verdade” não tem uma definição única sobre a qual a maioria dos filósofos profissionais e estudiosos concordem, e várias teorias sobre a verdade continuam a ser debatidas. O objetivismo metafísico sustenta que as verdades são independentes de nossas crenças, exceto as proposições que são realmente sobre nossas crenças ou sensações, o que é verdadeiro ou falso é independente do que pensamos que seja verdadeiro ou falso. De acordo com algumas tendências na filosofia, como o pós-modernismo/pós-estruturalismo, a verdade é subjetiva. Quando dois ou mais indivíduos concordam sobre a interpretação e a experiência de um evento específico, um consenso sobre um evento e sua experiência começa a ser formado. Se isto for comum a alguns indivíduos ou a um grupo maior, se tornará, então, a “verdade” segundo um determinado conjunto de pessoas – a realidade do consenso. Assim, um grupo específico pode ter um certo conjunto de verdades, enquanto outro grupo pode ter um conjunto diferente. Isso permite que diferentes comunidades e sociedades tenham diferentes noções da realidade e da verdade sobre o mundo externo. A religião e as crenças das pessoas ou comunidades são um exemplo deste nível de realidade socialmente construída. A verdade não pode simplesmente ser considerada verdade se um fala e o outro ouve, porque o viés do indivíduo e a falibilidade desafiam a ideia de que a certeza ou a objetividade são facilmente compreendidas. Para os antirrealistas, a inacessibilidade de qualquer verdade final ou objetiva significa que não há nenhuma verdade além do consenso socialmente aceito (Embora isto signifique que há muitas verdades, e não uma verdade única).

Para os realistas, o mundo é um conjunto de fatos definidos, que existem independentemente da percepção humana (“O mundo é tudo o que é o caso” –Tractatus Logico-Philosophicus), e esses fatos são o árbitro final da verdade. Michael Dummett expressa isso em termos do princípio da bivalência:4 Lady Macbeth teve três filhos ou ela não teve, uma árvore cai ou não cai. Uma afirmação será verdadeira se corresponde a esses fatos – mesmo se a correspondência não puder ser estabelecida. Assim, a disputa entre as concepções da verdade dos realistas e anti-realistas depende das reações à acessibilidade epistêmica (compreensão, cognoscibilidade) dos fatos.

Sol nascente refratado em Virginia Beach

Um fato” ou uma “entidade factual”, por outro lado, é um fenômeno que é percebida como um princípio elementar. Raramente estes conceitos estão sujeitos à interpretação pessoal. Em vez disso, frequentemente , é mais um fenômeno observado do mundo natural. A proposição “vista da maioria dos lugares na Terra, o Sol nasce no leste” é um fato. É um fato para as pessoas pertencentes a qualquer grupo ou nacionalidade, independentemente de qual língua que falam ou de que parte do hemisfério eles vêm. A proposta de apoio de Galileu à teoria de Copérnico, de que o sol é o centro do sistema solar, é uma teoria que afirma um fato do mundo natural. No entanto, durante sua vida Galileu foi ridicularizado por essa proposição factual, porque muito poucas pessoas tinham um consenso sobre o assunto, a fim de aceitá-la como uma verdade, e em uma época em que o modelo geocêntrico era aceito por todos. Poucas proposições são factuais em conteúdo, no mundo, em comparação com as muitas verdades compartilhadas por várias comunidades, que também são em menor quantidade que as visões do mundo de inúmeros indivíduos. Grande parte da exploração científica, experiência científica, interpretação e análise é feita a este nível.

Esta visão da realidade é expressa na afirmação de Philip K. Dick de que “A realidade é aquela que, quando você parar de acreditar nela, não vai embora.”

Axioma

Axiomas são realidades auto-evidentes, cuja existência é aceita como dada e a partir da qual mais concepções são geradas.

Os fatos de um mundo natural seriam verdadeiros apenas em uma construção sistêmica desse mundo. Portanto, em um sistema diferente, os fatos de um outro mundo podem não se manter válidos. O fato de que “o sol nasce no leste” pode não ser válido em um sistema solar diferente onde o planeta pode ser inclinado em um ângulo diferente, ou girar na direção oposta, de modo que a estrela possa subir no horizonte do planeta a partir do oeste, em vez do leste. Daí os fatos de uma entidade sistêmica poderem não ser universais fora dos reinos desse sistema. No entanto, concepções excepcionalmente raras podem ser universais no ethos. Por exemplo, a ideia teórica dos grupos matemáticos, de que a união de um conjunto de uma entidade com um outro conjunto de quatro entidades (que exclui a entidade do primeiro grupo) criaria um conjunto que contém cinco entidades,

A = {a}; B = {b, c, d, e}; A U B = {a, b, c, d, e}

seria válida em qualquer processo sistêmico ou em qualquer universo. Na verdade, é uma concepção mais rigorosa e abrangente do que um fato. Pode-se argumentar que as declarações deste tipo são verdades triviais, uma vez que as definições dos conceitos de “grupo”, “entidade”, “união”, “um”, “quatro” e “cinco” são todos definidos um em relação ao outro, e que esses conceitos não têm nenhuma realidade inerente fora dessa estrutura de auto-referência.

Formulações matemáticas e proposições da lógica matemática são baseadas em axiomas, e, portanto, esses campos são muitas vezes referidos como disciplinas puras. A validade da proposição teórica dos grupos seria verdadeira em qualquer processo sistêmico ou universo. Sua validade é evidente na existência ontológica e trabalha no nível axiomático da realidade.

A maioria dos conflitos culturais no mundo ocorre quando certos indivíduos ou grupos tentam impor sua realidade fenomenológica ou verdades sobre outras pessoas ou comunidades.

Realidade na metafísica oriental

O conceito de Realidade na metafísica oriental é a da realidade única, subjacente a toda forma de vida. Para obter a percepção da verdadeira realidade, o discípulo deve aprender técnicas de concentração e meditação, que proporcionam um estado de percepção elevado. Esse conceito pode ser melhor compreendido conhecendo a obra de Paramahansa Yogananda, autor do clássico Autobiografia de um Iogue, e também de uma vasta coleção de livros. Uma de suas principais obras metafísicas, onde ele traça paralelos entre a realidade ilusória e a Realidade única é o livro Bhagavad Gita – God talks to Arjuna, editado pela Self-Realization Fellowship organização fundada por Yogananda em 1920, Los Angeles, EUA.

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O paradoxo da realidade ou verdade objetiva afirma que a realidade ou a verdade, para serem provadas objetivamente, devem permanecer assentes após uma hipotética sucumbência de todos os seres humanos da face da Terra.

Este e muitos outros paradoxos semelhantes só existem porque a nossa forma de apreender e pensar o mundo até hoje continua a usar, em grande medida, as leis da lógica clássica, também denominada lógica aristotélica.

“A verdade de um nem sempre é a verdade do outro, por isso verdade não é realidade, mas sim como uma pessoa vê o mundo.” Esta é considerada uma verdade subjetiva, ou também chamada verdade individual. Contudo, a verdade científica, por exemplo, não lida com esse tipo de verdade senão como um tipo específico de método científico, que seja mais próprio em campos de estudo mais intuitivos. Como objeto de estudo, somente a verdade objetiva e universalmente aceita é válida.

É controversa a idéia de que não exista uma verdade objetiva. A idéia de sua não existência é um princípio filosófico chamado solipsismo.

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Solipsismo (do latim “solu-, «só» +ipse, «mesmo» +-ismo”.) é a concepção filosófica de que, além de nós, só existem as nossas experiências. O solipsismo é a consequência extrema de se acreditar que o conhecimento deve estar fundado em estados de experiência interiores e pessoais, não se conseguindo estabelecer uma relação direta entre esses estados e o conhecimento objetivo de algo para além deles. O “solipsismo do momento presente” estende este ceticismo aos nossos próprios estados passados, de tal modo que tudo o que resta é o eu presente.

A neoescolástica define solipsismo uma forma de idealismo, que incorreria no egoísmo pragmático, que insurge pós proposição cartesiana “cogito, ergo sum”; solipsismo é atribuída por Max Stirner como uma reação contra Hegel e sua acentuação do universal; o solipsismo somente tem por certo, inconteste, o ato de pensar e o próprio eu. Assim, tudo o mais pode ser contestado ou posto em dúvida.

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Megalomania é um transtorno psicológico definido por delírios e fantasias de poder, relevância ou omnipotência. “A Megalomania é caracterizada por uma exagerada auto-estima das pessoas nas suas crenças e/ou poderes”.

Antigamente, era a designação para transtorno de personalidade narcisista, porém, a partir de 1968, foi considerado como um transtorno não-clínico, pelo que não está presente no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais ou no CID.

Etimologia

A palavra “megalomania” provém do grego “μεγαλο”, que significa grande, e “μανία”, que significa mania.

Distinção entre Megalomania e Narcisismo

Citando Bertrand Russell, podemos facilmente distinguir a Megalomania do Narcisismo: “O megalomaníaco difere do narcisista pelo facto de que pretende ser poderoso ao invés de charmoso; temido ao invés de amado. A este tipo de pessoas pertencem muitos lunáticos mas também grandes homens da História.”

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O Delirium ou Estado de confusão mental foi descrito por Hipócrates por volta de 460-366 a.C., sendo um dos primeiros transtornos neurológicos conhecidos. O termo delirium deriva do latim ‘delirare’, que significa “estar fora do lugar”, mas é usado atualmente com o sentido de “estar confuso, distorcendo a realidade, fora de si”.

Características

O ‘delirium’ é uma síndrome neuro-comportamental, causada pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, obrigatoriamente em função de distúrbios sistêmicos. O prejuízo cognitivo decorre da quebra da homeostase (equilíbrio/bom funcionamento) do cérebro e da desorganização da atividade neural.

O início é geralmente agudo, variando de algumas horas até poucos dias. Geralmente o paciente em delirium apresenta sonolência diurna e agitação noturna, causando prejuízos a seu ciclo saudável de sono.

Sintomas

Os principais sintomas são:

  • Alterações da consciência e da atenção;
  • Déficits cognitivos específicos (desorientação temporoespacial, comprometimento da memória, do pensamento e do juízo);
  • Alterações da senso-percepção (distorções ou ilusões visuais, auditivas etc.);
  • Perturbações da psicomotricidade (letargia, movimentos desorganizados);
  • Distúrbios do comportamento e do humor (apatia, irritabilidade, ansiedade ou euforia);
  • Inversão do ciclo de sono-vigília (sonolência de dia, insônia a noite).

É comum que a pessoa com delirium tenha uma fala desconexa ou pouco coerente, gemidos de dor e pouca lucidez. Em delirium longos é comum ocorrerem variações na intensidade dos sintomas e períodos de maior e menor lucidez.

Delírio, Delirium e Delirium tremens

Todos se referem a transtornos do pensamento, porém delírio envolvem crenças distorcidas sem prejuízo na inteligência, enquanto delirium envolve distúrbios cognitivos em função de um problema orgânico.

Delírio envolve crenças mal fundamentadas, que a pessoa resiste a qualquer argumentação lógica e que causa sérios prejuízos na vida social do indivíduo. Exemplos: Delírio de grandeza, delírio de perseguição, ciúme patológico…

Delirium se refere a uma confusão mental aguda e importante fator diagnóstico de transtorno orgânico. Exemplo: Após passar dias sem dormir Salvador Dali relatava ver objetos sólidos escorrendo e alucinações que inspiravam suas pinturas. Um exemplo mais comum é não conseguir raciocinar adequadamente, se sentir desorientado, confuso, lento e apático diante de uma infecção muito séria.

Delirium tremens é um tipo de delirium específico da Síndrome de abstinência de drogas como álcool, maconha, cocaína ou medicamentos depressores do sistema nervoso central. Envolve confusão mental, muita ansiedade, euforia, rápidas variações de humor, distúrbios do sono e convulsões.

Diagnóstico e Prevalência

Delirium é um sintoma comum de uma variedade de anormalidades neuroquímicas, sendo muito mais comum em idosos, em viciados em drogas e em portadores de doenças neurológicas ou infecciosas.

Estima-se que nas práticas clínica e cirúrgica, o diagnóstico correto de delirium só é feito em cerca de 30% a 50% dos pacientes. Portanto é difícil avaliar a real prevalência do delirium.

Dentre os idosos admitidos em serviços de emergência, estima-se que cerca de 25% a 60% apresentem delirium em algum momento. Sendo assim, trata-se de um dos sintomas mais comuns em idosos hospitalizados.

Está associado à maior taxa de morbimortalidade, mais sinais de deterioração física, mais complicações pós-cirúrgicas, maiores taxas de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), maior tempo de permanência hospitalar e maiores índices de institucionalização após a alta.

Em um estudo com 325 idosos na UTI de um hospital, 44% dos que tiveram delirium eventualmente foram re-institucionalizados, 10% dos que tiveram sintomas de delirium e nenhum entre os que não apresentaram sintomas.

Portanto, esse diagnóstico não deveria ser subestimado. Trata-se de um importante preditor de complicações, fundamental para formular um prognóstico adequado.

Causas

Muitos neurotransmissores diferentes podem estar envolvidos no delirium e o tratamento vai depender de quais neurotransmissores estão alterados. No caso de delírios psicóticos provavelmente o problema está nas vias dopaminérgicas.

Existem inúmeras possíveis causas, sendo as mais comuns:

  • Problemas neurológicos ou endócrinos (demência, problemas da tireóide, AVC);
  • Infecções em estados avançados (pneumonia, meningite…);
  • Efeitos de drogas anticolinérgicos, anticonvulsivantes ou outros depressores do sistema nervoso central como benzodiazepínicos e opiáceos;
  • Efeito de alguns medicamentos que atuam no GABA, serotonina ou na dopamina;
  • Intoxicação, inclusive por reação adversa a medicamentos;
  • Traumatismo craniano;
  • Passar mais de 24h sem dormir;
  • Síndrome de abstinência de certas drogas ou medicamentos;
  • Pressão intracraniana alterada;
  • Hipoglicemia;
  • Transtorno psicológico.

Classificação do DSM-IV

Critérios diagnósticos para delirium segundo DSM-IV.

A. Perturbação da consciência (isto é, redução da clareza da consciência em relação ao ambiente), com redução da capacidade de direcionar, focalizar, manter ou deslocar a atenção.

B. Uma alteração na cognição (tal como déficit de memória, desorientação, perturbação da linguagem) ou desenvolvimento de perturbação da percepção que não é mais bem explicada por demência preexistente, estabelecida ou em evolução.

C. A perturbação desenvolve-se ao longo de curto período de tempo (em geral de horas a dias), com tendência a flutuações no decorrer do dia.

D. Existem evidências, a partir da história, exame físico ou achados laboratoriais, de que a perturbação é causada por consequências fisiológicas diretas de condição médica geral.

Nota para a codificação: se o delirium está associado a uma demência preexistente do tipo Alzheimer ou Demência vascular, deve-se codificar o delirium apenas como subtipo apropriado de demência. Por exemplo: 290.3 demência do tipo Alzheimer, com início tardio, com delirium.

Nota para a codificação: incluir o nome da condição médica geral no eixo I (Transtornos psiquiátricos clínicos), por exemplo 293.0 delirium devido à encefalopatia hepática; codificar também a condição médica geral no eixo III (Condições médicas agudas ou doenças físicas).

Classificação pelo CID-10

Critérios diagnósticos para delirium segundo a CID-10.
A. Comprometimento da consciência e atenção (em continuidade de obnubilação ao coma; capacidade reduzida para dirigir, focar, sustentar e mudar a atenção);
B. Perturbação global da cognição (distorções perceptivas, ilusões e alucinações mais frequentemente visuais; comprometimento do pensamento abstrato e compreensão, com ou sem delírios transitórios, mas tipicamente com algum grau de incoerência, comprometimento das memórias imediata e recente, mas com a memória remota relativamente intacta; desorientação temporal, assim como, em casos mais graves, espacial e pessoal);
C. Perturbações psicomotoras (hipo ou hiperatividade e mudanças imprevisíveis de uma para outra; tempo de reação aumentado; aumento ou diminuição do fluxo da fala; intensificação da reação de susto);
D. Perturbação do ciclo sonovigília (insônia ou, em casos graves, perda total do sono ou reversão do ciclo sonovigília; sonolência diurna; piora noturna dos sintomas; sonhos perturbadores ou pesadelos, os quais podem continuar como alucinação após o despertar);
E. Perturbações emocionais, por exemplo depressão, ansiedade ou medo, irritabilidade, euforia, apatia ou perplexidade abismada.
O início é usualmente rápido, o curso flutuante ao correr do dia e a duração total da condição menor que seis meses. O quadro clínico é tão característico que o diagnóstico pode ser feito mesmo que a causa subjacente não esteja completamente esclarecida.
Inclui:
Síndrome cerebral aguda;
Estado confusional agudo (não-alcoólico);
Psicose infecciosa aguda;
Reação orgânica aguda;
Síndrome psicorgânica aguda.

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Transtorno de personalidade Narcisista é um transtorno de personalidade catalogado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-IV). Quem sofre do transtorno tende a se preocupar obsessivamente com a maneira com que os outros o enxergam, e também com aspectos que possam influir de algum modo na percepção de sua imagem, tais como poder, prestígio, vaidade, e até mesmo martírio.

Narciso contemplando seu reflexo, de Caravaggio.

Diagnóstico

O diagnóstico da condição por profissionais raramente acontece e vários fatores contribuem para isso.

Na quase totalidade dos casos, o narcisista não consegue perceber ou reluta muito para admitir que tem algum problema, podendo se sentir até mesmo muito ofendido com qualquer sugestão nesse sentido. Quem acaba procurando o primeiro apoio psicológico, na maioria dos casos, são as pessoas que convivem com ele.

Outro fator importante que colabora para a dificuldade dos diagnósticos é que a patologia frequentemente acontece de forma concomitante com outros transtornos de personalidade do tipo dramático (Grupo B).

Sintomas

Parte das pessoas diagnosticadas com o transtorno demonstram comportamento extremamente centrado, pouca empatia, necessidade de admiração e possível megalomania.

Os sintomas, conforme definido no DSM-IV incluem:

  • Expectativa de reconhecimento sem atributos correspondentes;
  • Demanda por constante atenção;
  • Inveja crônica e crença de ser alvo de inveja;
  • Obsessão por fantasias de poder, genialidade, beleza ou riqueza;
  • Dificuldade em nutrir empatia pelos outros;
  • Atitudes arrogantes;
  • Exigência de tratamento especial sem fundamento.

Outros sintomas, além daqueles definidos no manual podem incluir: comportamento manipulador, problemas em manter relacionamentos funcionais, melindres extremos, aparência de frieza e distância, tende a se impor metas pouco realistas.

O transtorno de personalidade narcisista é marcado por um comportamento dramático e emotivo, bem como um comportamento extremamente egocêntrico, o que o coloca na mesma categoria dos transtornos borderline e antissocial.

Além desses sintomas, quem sofre do transtorno pode ter atitudes arrogantes e buscar poder de várias formas (reputação, status, prestígio, etc.). Os sintomas do transtorno de personalidade narcisista não raro são similares aos traços de personalidade de pessoas com boa autoestima e confiança; a diferença ocorre quando as estruturas psicológicas subjacentes a esses traços são consideradas patológicas. Os narcisistas se dão um elevado valor e comumente se enxergam como essencialmente melhores do que os outros, quando na realidade têm uma autoestima frágil, lidam mal com críticas. Frequentemente, eles tentam compensar essa fragilidade interior por meio de ataques aos outros que funcionam como elogios a si mesmos: maledicência com o objetivo de se promover.

Outro sintoma é a falta de empatia, e o narcisista não consegue compreender o sentimento alheio. Em vez de se comportar de um modo que demonstra como eles se sentem, eles se comportam como acham que deveriam ou, pior, de modo a conseguir atenção.

Sintomas característicos do narcisismo, como sentimentos de grandiosidade, são comuns em crianças e partes do desenvolvimento psíquico normal. Os mais novos normalmente não conseguem perceber a diferença entre a sua própria pessoa idealizada e a pessoa real, o que causa uma percepção idealizada do “self”. Depois dos oito anos, a maioria consegue enxergar os próprios defeitos e qualidades ao se comparar com os pares, e se tornam mais realistas. Nesse estágio, tanto o excesso de atenção quanto a falta dela podem levar alguém a permanecer enxergando um “self” idealizado.

Uma pesquisa americana encontrou co-ocorrência entre transtorno de personalidade narcisista e outros problemas, especialmente no caso de homens: abuso de substâncias como álcool e drogas, distúrbios emocionais, ansiedade crônicas, transtorno bipolar, transtorno de stress pós-traumático, transtorno esquizóide e limítrofe, dentre outros. 7

Causas

Não se conhece a causa do transtorno, de acordo com Groopman and Cooper. No entanto, eles listam fatores identificados por vários pesquisadores que podem contribuir para a condição.

  • Temperamento de nascença muito sensível
  • Valorização excessiva de talentos ou da beleza física pelos responsáveis
  • Admiração excessiva por parte dos pais, a ponto de a criança perder a conexão com a realidade
  • Crianças muito mimadas ou supervalorizadas pelos pais
  • Abuso emocional severo durante a infância
  • Comportamento caótico e imprevisível dos pais durante a infância
  • Uso da criança como meio para regular a autoestima de pais inseguros

Fonte: Wikipédia

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Honesto Consigo Mesmo

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