Contemporânea

1850 – 1940

Alfred Loisy foi um teólogo e filósofo francês nascido em 1857 e falecido em 1940.

Trata-se de um teólogo do final do século XIX, grande conhecedor das Sagradas Escrituras, que ensinou no Institut Catholique de Paris. Como foi um dos primeiros a utilizar os métodos histórico-críticos no estudo da bíblia, teve grandes dificuldades de aceitação na Igreja. Perdeu a cátedra e começou a endurecer suas posturas, com críticas fortes à tradição dogmática do cristianismo, num esforço grande de voltar ao Evangelho puro. É dele a afirmação que Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus, mas o que veio depois foi a Igreja. Suas opiniões começaram a ser acolhidas por vários estudiosos católicos. Todo esse grupo foi considerado como modernista e Loisy como seu chefe. Em 1907, mais ou menos, o modernismo foi condenado pelo Papa. Muitos tradicionalistas repudiam Loisy, considerando-o como o pai de muitas leituras equivocadas da doutrina católica. Ele na verdade foi um autor que quis dialogar com a ciência de seu tempo, abrir a teologia à perspectiva da evolução e da história, mostrando que a própria doutrina da igreja foi o resultado de um longo processo evolutivo.

Ordenado padre em 1879, foi um brilhante professor de hebraico e exegese bíblica do Instituto Católico de Paris (1881-1889).

Com o objetivo de rebater as críticas que a elite cultural de Paris fazia ao cristianismo e à figura de Jesus Cristo, o Padre Loysi inicia suas pesquisas que irão lançar os fundamentos do modernismo católico. Muitos eruditos e intelectuais da época duvidavam da existência histórica de Jesus Cristo e havia muitas discussões em rodas de intelectuais, ridicularizando o Cristianismo de forma geral.

Inconformado com as críticas ao catolicismo e com as dúvidas lançadas pela elite intelectual de Paris, resolveu estudar a fundo os documentos da Biblioteca e dos Arquivos Secretos do Vaticano, a fim de rebater as afirmações dos intelectuais da época.

Através de investigações e pesquisas detalhadas e minuciosas, constatou a necessidade urgente de reformar e modernizar o catolicismo romano dando a ele bases científicas e histórico-críticas. Resolve então sistematizar seus trabalhos com o objetivo de atualizar a doutrina católica, colocando a Igreja na vanguarda do pensamento teológico.

Publica seu trabalho em 1903. Entretanto, a Santa Sé, que mantinha um apertado controlo doutrinário dos estabelecimentos católicos, suspende Loisy e suas obras são colocadas no Index dos livros proibidos. Em 1908, perde sua cátedra de filosofia na Universidade de Paris e finalmente é excomungado pelo Papa São Pio X.

Após sua excomunhão, foi professor de histórias das religiões no Collège de France, onde, com liberdade de cátedra, lecionou de 1909 a 1926; foi também professor de história das religiões, desde 1924, na Ecole des Hautes Études. No final de sua vida, foi ignorado e posto em descrédito.

Passados mais de sessenta anos de sua morte, a teologia de Loisy foi reabilitada, sendo reconhecida sua importância inclusivamente em certos meios católicos. Segundo Loisy, o cristianismo teria surgido como o resultado da superação de sua fase inicial, na qual os primeiros discípulos de Jesus acreditavam na iminente Parusia, que conduziria à concretização do Reino de Deus.

Em virtude da demora dessa segunda vinda, formou-se a organização institucional da Igreja e, com o tempo, houve a cristalização das doutrinas em dogmas. Loisy, passando a um plano generalizado, admitiu que a religião evoluiria no curso dos tempos, até assumir a forma de religião universal, fundada na noção de humanidade.

Do ponto de vista meramente filosófico, Loisy revelou tendências imanentistas.

Obras

  1. História do Cânon do Antigo Testamento (Histoire du Canon de l’Ancien Testament, 1890)
  2. História do Cânon do Novo Testamento (Histoire du Canon du Nouveau Testament, 1891)
  3. História crítica do texto e das versões da Bíblia (Histoire critique du texte et des versions de la Bible,1892-1893)
  4. Estudos bíblicos (Études bibliques, 1901)
  5. A religião de Israel (La réligion d’Israel, 1901)
  6. Os mitos babilônicos e os primeiros capítulos do Gênesis (Les mythes babyloniens et les primieres chapitres de la Genèse, 1901)
  7. O Evangelho e a Igreja (L’Évangile et l’Eglise, 1902), havendo despertado grande polêmica
  8. O Quarto Evangelho (Le quatrième Evangile, 1903)
  9. Os Evangelhos Sinópticos (L’Évangiles synoptiques, 2 vols., 1907-1908)
  10. Jesus e a tradição evangélica (Jesus et la traditions évangéliques, 1910)
  11. Os mistérios pagãos e o mistério cristão (Le mysthères paiens et le mysthère chrétienn, 1919)
  12. Os Atos dos Apóstolos (Les Actes des Apôtres, 1920)
  13. Ensaio histórico sobre o sacrifício (Essai historique sur le sacrifice, 1920)
  14. As origens do Novo Testamento (Les origines du Nouveau Testament, 1936)
  15. Propósito da história das religiões (A propos d’histoire des religions, 1911)
  16. A moral humana (La morale humaine, 1923)

1859 – 1938

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Edmund Gustav Albrecht Husserl (Proßnitz, 8 de Abril de 1859 — Friburgo em Brisgóvia, 26 de Abril de 1938) foi um matemático e filósofo alemão, conhecido como o fundador da fenomenologia.

Biografia

Nascido numa família judaica numa pequena localidade da Morávia (região da actual República Checa). Aluno de Franz Brentanoe Carl Stumpf, Husserl influenciou entre outros os alemães Edith Stein, Eugen Fink e Martin Heidegger, e os franceses Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Michel Henry e Jacques Derrida. O interesse do matemático Hermann Weyl pela lógica intuicionista e pela noção de impredicatividade teria resultado de contatos com Husserl. Na verdade, a impulsão primeira da lógica positivista, como seus desenvolvimentos mais recentes, seriam estreitamente tributários da crítica de certos aspectos da filosofia de Husserl pelas filosofias insularias e americanas. Ao reverso, a obra do discípulo Heidegger foi considerada pelo mestre como resultando de graves desinterpretações de seus ensinos e métodos. Em 1887, Husserl converte-se ao cristianismo e junta-se à Igreja Luterana. Começa ensinando filosofia em Halle como tutor (Privatdozent) desde 1887, continua em Göttingen como professor em 1901 e mais tarde em Friburgo (Freiburg am Breisgau) a partir de 1916, até que se aposenta em 1928. Como aposentado, Husserl continua suas pesquisas e atividades nas instituições de Friburgo, até que seja definitivamente demitido por causa de sua ascendência judia, sob o reitorado de seu antigo aluno e protege Heidegger.

Vida e obra

Husserl estudou inicialmente matemática nas universidades de Leipzig (1876) e Berlin (1878), seguindo as lições de Karl Weierstrass e Leopold Kronecker. Em 1881, vai a Viena para estudar sob a direção de Leo Königsberger (antigo aluno de Weierstrass), obtendo seu doutorado em 1883, apresentando a tese Beiträge zur Variationsrechnung (« Contribuições ao calculo das variações »).

Em 1884, em filosofía na Universidade de Viena. Brentano tanto impressionou Husserl que ele pretende então dedicar sua vida à filosofia. Em 1886 Husserl vai à Universidade de Halle, recomendado por Brentano para Carl Stumpf para sua habilitação. Sob sua direção, Husserl escreve Über den Begriff der Zahl (« Sobre o Conceito do Número », 1887) cujos arquivos fornecerão as bases de sua primeira obra importante, Philosophie der Arithmetik (“Filosofia da Aritmética”, 1891).

Nessas primeiras pesquisas, Husserl tenta combinar matemática com a filosofia empírica pela qual tinha sido iniciado em Viena. Seu objetivo central será contribuir no fornecimento de fundações sólidas para a ciência matemática. O tema de seu estudo será a análise dos processos mentais necessários para a formação do conceito de número; baseado em suas próprias análises, como nos métodos atípicos de seus professores, tentará projetar a possibilidade de uma teoria sistemática. Em relação ao ensino de Karl Weierstrass, Husserl tenta derivar a ideia de que o conceito de número se obtém por um “desconto” de certas coleções de objetos; em respeito a Brentano-Stumpf, Husserl desenvolve a distinção entre as noções de presentações próprias e impróprias. Temos uma presentação própria quando o objeto está “atualmente” presente (no campo de vista, contexto ou intuição). Imprópria (ou simbólica, como também é referida), se podemos indicá-lo somente através de signos, símbolos etc. Nas Investigações Lógicas, de 1901, a IIIª Investigação foi interpretada como o início da teoria simbólica dos todos e suas partes, também referida como mereologia (um ramo da Ontologia formal).

Outro elemento importante herdado por Brentano foi a noção de intencionalidade, que define a forma essencial dos processos mentais. Uma definição simples dirá que a principal característica da consciência é de ser sempre intencional. A consciência sempre é consciência de alguma coisa : a análise intencional e descritiva da consciência definirá as relações essenciais entre atos mentais e mundo externo. Mas, para Brentano, o objetivo fora gerar com métodos empíricos (apoiando-se na introspecção pura) um critério-chave que possa caracterizar os fenômenos psíquicos por oposto aos fenômenos físicos, distinção cujo objetivo fora legitimar uma ciência psicológica nova, e livre de preconceitos (Psychologie vom empirischen Standpunkt, 1874). Para Brentano, todo ato mental tem seus conteúdos, caracterizados por sua direção a um objeto (“objeto intencional”). Toda crença, desejo, tem necessariamente seus objetos : o desejado, o acreditado, etc. Brentano usou da expressão “inexistência intencional” para indicar o status, na mente, dos objetos do pensamento. Com a noção de intencionalidade, o filósofo austríaco propôs um conjunto de traços que distinguiriam de maneira perfeitamente empírica os fenômenos psíquicos dos fenômenos físicos : para Brentano, fenômenos físicos não tem intencionalidade. O desenvolvimento e a crítica do conceito brentaniano aparece como o motivo permanente, central, da obra de Edmund Husserl. A principal diferença, em sua interpretação da noção de intencionalidade, aparece na crítica de seu modo in-existente (“inexistência” como existência “interna”): a transcendência necessária da mente e do discurso, a objetividade óbvia e no entanto contraditória do porvir científico e histórico, a objetividade radical, constituidora, da subjetividade formarão a marca do trabalho do primeiro fenomenologista, e seus elementos próprios de fascinação.

Alguns anos após a publicação de sua principal obra, as Logische Untersuchungen (Investigações Lógicas; primeira edição, 1900-1901), Husserl elaborou alguns conceitos-chave que o levaram a afirmar que para estudar a estrutura da consciência seria necessário distinguir entre o ato de consciência e o fenômeno ao qual ele é dirigido (o objeto-em-si, transcendente à consciência). O conhecimento das essências seria possível apenas se “colocamos entre parênteses” todos os pressupostos relativos à existência de um mundo externo. Este procedimento ele denominou epoché. Estes novos conceito provocaram a publicação de Ideen (Ideias) em 1913, no qual eles foram pela primeira vez incorporados, e um plano para uma segunda edição das Logische Untersuchungen.

A partir de Ideen, Husserl se concentrou nas estruturas ideais, essenciais da consciência. O problema metafísico de estabelecer a realidade material daquilo que percebemos era de pequeno interesse para Husserl (diferentemente do que ocorria quando ele tinha que defender repetidamente sua posição a respeito do idealismo transcendental, que jamais propôs a inexistência de objetos materiais reais). Husserl propôs que o mundo dos objetos e modos nos quais dirigimo-nos a eles e percebemos aqueles objetos é normalmente concebido dentro do que ele denominou “ponto de vista natural”, caracterizado por uma crença de que os objetos existem materialmente e exibem propriedades que vemos como suas emanações. Husserl propôs um modo fenomenológico radicalmente novo de observar os objetos, examinando de que forma nós, em nossos diversos modos de ser intencionalmente dirigidos a eles, de fato os “constituimos” (para distinguir da criação material de objetos ou objetos que são mero fruto da imaginação); no ponto de vista Fenomenológico, o objeto deixa de ser algo simplesmente “externo” e deixa de ser visto como fonte de indicações sobre o que ele é (um olhar que é mais explicitamente delineado pelas ciências naturais), e torna-se um agrupamento de aspectos perceptivos e funcionais que implicam um ao outro sob a ideia de um objeto particular ou “tipo”. A noção de objetos como real não é removida pela fenomenologia, mas “posta entre parênteses” como um modo pelo qual levamos em consideração os objetos em vez de uma qualidade inerente à essência de um objeto fundada na relação entre o objeto e aquele que o percebe. Para melhor entender o mundo das aparências e objetos, a Fenomenologia busca identificar os aspectos invariáveis da percepção dos objetos e empurra os atributos da realidade para o papel de atributo do que é percebido (ou um pressuposto que perpassa o modo como percebemos os objetos).

Em um período posterior, Husserl começou a se debater com as complicadas questões da intersubjetividade (especificamente, como a comunicação sobre um objeto pode ser suposta como referindo-se à mesma entidade ideal) e experimenta novos métodos para fazer entender aos seus leitores a importância da Fenomenologia para a investigação científica (especificamente para a Psicologia) e o que significa “pôr entre parênteses” a atitude natural. A Crise das Ciências Européias é o trabalho inacabado de Husserl que lida mais diretamente com estas questões. Nele, Husserl pela primeira vez busca um panorama histórico do desenvolvimento da filosofia ocidental e da ciência, enfatizando os desafios apresentados pela sua crescente (unilateral) orientação empírica e naturalista. Husserl declara que a realidade mental e espiritual possui sua própria realidade independente de qualquer base física e que a ciência do espírito (Geisteswissenschaft) deve ser estabelecida sobre um fundamento tão científico como aquele alcançado pelas ciências naturais.

Como resultado da legislação anti-semita aprovada pelos nazistas em abril de 1933, foi negado ao Professor Husserl o acesso à biblioteca de Freiburg. Seu antigo pupilo e membro do partido nazista, Martin Heidegger, comunicou a Husserl sua demissão. Heidegger (cuja filosofia Husserl considerava ser o resultado de uma compreensão incorreta dos ensinamentos e dos métodos do próprio Husserl) retirou a dedicatória a Husserl de seu mais conhecido trabalho Ser e Tempo (Sein und Zeit), quando este foi reeditado em 1941.

Em 1939, os manuscritos de Husserl, que somavam aproximadamente 40.000 páginas taquigrafadas de Gabelsberger e sua pesquisa bibliográfica completa foi clandestinamente transportada para a Bélgica e depositada em Leuven onde foram criados os Husserl-Archives. Muito do material encontrado em suas pesquisas manuscritas foi publicado na série de edições críticas Husserliana.

A crise das ciências

“A crise das ciências européias e a fenomenologia transcendental” foi a última obra de Husserl, a qual se divide em três partes:

  • Primeira Parte: “A crise das ciências como expressão da crise radical da vida da humanidade européia”, correspondendo aos parágrafos 1 a 7;
  • Segunda Parte: “A origem do contraste moderno entre objetivismo fisicalista e subjetivismo transcendental”, correspondendo aos parágrafos 8 a 27;
  • Terceira Parte: “Esclarecimento do problema transcendental e a inerente função da psicologia”, a qual inclui as subpartes “A” (A via de acesso à filosofia transcendental fenomenológica por meio da reconsideração do mundo-da-vida já dado) e “B” (A via de acesso à filosofia transcendental fenomenológica a partir da psicologia), correspondendo, respectivamente, aos parágrafos 28 a 55 e 56 a 73.

Quanto aos textos agregados, incluem-se três conferências históricas de Husserl:

  • “Ciência da realidade e idealização. A matematização da natureza.”
  • “A atitude das ciências naturais e a atitude das ciências do espírito. Naturalismo, dualismo e psicologia psicofísica.”
  • “A crise da humanidade européia e a filosofia.”

A obra também contém os Apêndices I a XXIX, nos quais Husserl aprofunda os diversos argumentos tratados.


1859 – 1941

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Henri Bergson (Paris, 18 de outubro de 1859 — Paris, 4 de janeiro de 1941) foi um filósofo e diplomata francês.

Conhecido principalmente por Ensaios sobre os dados imediatos da consciênciaMatéria e memóriaA evolução criadora e As duas fontes da moral e da religião, sua obra é de grande atualidade e tem sido estudada em diferentes disciplinas – cinema, literatura, neuropsicologia, bioética, entre outras.

Recebeu o Nobel de Literatura de 1927.

Biografia

Henri Bergson nasceu de família judia, filho de mãe inglesa e pai polaco. Viveu com os seus pais alguns anos em Londres, mas aos nove anos regressou a Paris. Ali fez os seus estudos no Liceu Fontanes onde ganha em primeiro lugar o prêmio de matemática noConcours Général resolvendo um problema de Pascal. Licenciando-se em Letras, em 1881 tornou-se professor, dando aulas em várias localidades da França, destacam-se desse momento as aulas no liceu Blaise Pascal de Clermont-Ferrand.

Em 1889 obteve o doutoramento pela Universidade de Paris com a tese Ensaios sobre os dados imediatos da consciência, e com uma tese secundária sobre Aristóteles. Bergson casa-se em 1892 com Louise Neuberger, uma prima do escritor francês Marcel Proust. Publica seu segundo livro em 1896 sob o título Matéria e Memória. Passa a lecionar na Escola Normal Superior de Paris dois anos depois. Em 1900, aos 40 anos, inicia seus cursos a frente da cadeira de História da Filosofia Antiga no Collège de France. No ano 1907, publica sua obra principal: A Evolução Criadora que une crítica da tradição filosófica especulativa, com intuição da duração e com as teorias evolucionistas de Herbert Spencer. Como diplomata, participa das discussões sobre a Primeira Guerra Mundial e exerce influência sobre a decisão dos EUA em intervir no conflito. Em 1918 Bergson torna-se membro da Academia Francesa, dois anos depois, publica Duração e Simultaneidade, obra que discute a comunicação de Einstein de 1905 sobre a teoria da relatividade restrita.

A partir de 1925, passa a sofrer de um reumatismo que o deixará semi-paralisado, a ponto de impedi-lo de ir a Estocolmo para receber o Nobel de Literatura de 1927. Escreve com grande dificuldade seu último livro publicado em 1932: As Duas Fontes da Moral e da Religião. Nessa época, aproxima-se do cristianismo, mas não se converte por preferir ficar ao lado daqueles que serão perseguidos pelo regime Nazista de Hitler. Faleceu em 1941, em 4 de janeiro, aos 81 anos, em Paris.

Bergsonismo

Bergson é frequentemente situado na história da filosofia como espiritualista evolucionista. Os principais seguidores de seu pensamento são:

  • Mokiti Okada (Tóquio, 1882-1955)
  • Léon Brunschvicg (Paris, 1869-1944)
  • Édouard Le Roy (Paris, 1870-1954)
  • René Le Senne (Elbeuf, 1882-1954)
  • Michel Adam (Orléans, 1926-2007)
  • Jean-Louis Vieillard-Baron (1944-)
  • Frédéric Worms (1964-)
  • Gilles Deleuze (1925-1994)

A ocupação da cadeira de filosofia no Collège de France após morte de Bergson foi feita por Édouard Le Roy e depois por Louis Lavelle que fundou com René Le Senne a coleção Philosophie de l’esprit em 1934.

Filosofia

A filosofia de Bergson é a princípio uma negação, isto é, uma crítica às formas de determinismo e “coisificação” do homem. Em outras palavras, a sua pesquisa filosófica é uma afirmação da liberdade humana frente as vertentes científicas e filosóficas que querem reduzir a dimensão espiritual do homem a leis previsíveis e manipuláveis, análogas as leis naturais, biológicas e, como imaginou Comte, sociais. Seu pensamento está k fundamentado na afirmação da possibilidade do real ser compreendido pelo homem por meio da intuição da duração – conceitos que perpassam toda sua bibliografia. O próprio filósofo chegou a dizer que para compreender a sua filosofia é preciso partir da intuição da duração.

Conceitos

Duração, na obra de Bergson, é o correr do tempo uno e interpenetrado, isto é, os momentos temporais somados uns aos outros formando um todo indivisível e coeso. Oposto ao tempo físico ou sucessão divisível que é passível de ser calculado e analisado pela ciência, o tempo vivido é incompreensível para a inteligência lógica por ser qualitativo, enquanto o tempo físico é quantitativo.

Tempo e espaço não pertencem à mesma natureza, tanto que podemos afirmar que a consciência (duração interna) e o “tempo espacilizado” se opõem. Esse último é criticado pelo filósofo como uma das expressões da vertente determinista das ciências e filosofias.

Tudo o que pertence à faculdade espacial, isto é, à variável t das leis físicas da mecânica clássica, é suscetível de ser repetida, decomposta e traduzida pela lógica científica, como, por exemplo, a medição do tempo por um relógio. Esse tempo físico, comumente confundido com o espaço, como fez Kant na Crítica da Razão Pura, não corresponde ao tempo real experimentado pelo espírito.

O tempo vivido (ou duração interna ou simplesmente consciência) é o passado vivo no presente e aberto ao futuro no espírito que compreende o real de modo imediato. É um tempo completamente indivisível por ser qualitativo e não quantitativo como o fator t.

A duração, não sendo compreendida por meio da inteligência técnica, também não pode, por consequência, ser entendida como sucessão linear de intervalos, pois ela é justamente o oposto disso, haja vista que não há como justapor ou analisar o tempo vivido qualitativo.

Ora, se não há como esmiuçar a duração percebida pelo espírito, também não há como prever os momentos temporais da duração interna, apenas a experiência física que se repete facilmente pode ser prevista e repetida, logo, a duração do tempo vivido e experimentado pelo espírito é imprevisível, uma novidade incessante e um fluir contínuo.

Ao tentar argumentar em favor de suas ideias filosóficas a respeito do tempo, cometeu diversos erros no que diz respeito à teoria da relatividade de Einstein.

““La durée est le progrès continu du présent qui ronge l’avenir et qui gonfle en avançant”(EC, 498/5)
— Citação de Frédéric Worms em Le vocabulaire de Henri Bergson, Ellipses, Paris, 2000

Intuição significa para Bergson apreensão imediata da realidade por coincidência com o objeto. Em outras palavras, é a realidade sentida e compreendida absolutamente de modo direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do entendimento: a análise e a tradução.

Diferencia-se da inteligência que, apropriando-se do mundo através de ferramentas, calcula e prevê intervalos do mesmo plano espaço-temporal; a intuição, ao contrário, penetra no interior da vida coincidindo com o real imediatamente. Dizemos, portanto, que o real passou a ser conhecido pela metafísica como, ao modo de Descartes, numa certeza imanente ao próprio ser do sujeito cognoscente.

A intuição é uma forma de conhecimento que penetra no interior do objeto de modo imediato, isto é, sem o ato de analisar e traduzir. A análise é o recorte da realidade, mediação entre sujeito e objeto. A tradução é a composição de símbolos linguísticos ou numéricos que, analogamente a primeira, também servem de mediadores. Ambas são meios falhos e artificiais de acesso a realidade. Somente a intuição pode garantir uma coincidência imediata com o real sem o uso de símbolos nem da repartições analíticas.

A intuição pode ser entendida, portanto, como uma experiência metafísica.

Intuicionismo

Bergson foi o expoente da linha de filosofia intuicionista, assim chamada porque afirma constituir o verdadeiro conhecimento não nos conceitos abstratos, do intelecto racionalmente, mas na apreensão imediata, na intuição, como é evidenciado pela experiência interior.

Segundo o filósofo, há dois caminhos para conhecer o objeto, duas formas de conhecimento, diversas e de valores desiguais: mediante o conceito e mediante a intuição.

A forma mediante o conceito é o caminho dos conceitos, dos juízos, silogismos, análise e síntese, dedução e indução; a segunda forma é o da intuição imediata que nos proporciona o conhecimento intrínseco, concreto, absoluto.

Bergson conceitua a intuição como a faculdade suprema do impulso vital (élan vital) e faculdade cognoscitiva do filósofo. Segundo o filósofo, “hoje, só raramente e com grande esforço, podemos chegar à intuição; no entanto a humanidade chegará um dia a desenvolver a intuição de tal modo que será a faculdade ordinária para conhecer as coisas. Então, desaparecerão todas as escolas filosóficas e haverá uma só filosofia verdadeira conhecedora da verdade e do ser absoluto.”

Bergson foi, também, um dos primeiros a fazer referência ao inconsciente.


1859 – 1952

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John Dewey (Burlington, Vermont, 20 de Outubro de 1859 — 1 de Junho de 1952) foi um filósofo, pedagogo e pedagogista norte-americano.

Biografia

Graduou-se pela Universidade de Vermont em 1879 e exerceu as funções de professor do secundário durante dois anos, tempo em que desenvolveu um profundo interesse por Filosofia. Em setembro de 1882, deixou o ensino e retomou os estudos de Filosofia na Universidade Johns Hopkins, onde obteve o doutoramento.

Dewey exerceu a função de professor de Filosofia na Universidade de Michigan, onde ensinou a partir de setembro de 1884. Três anos mais tarde (1887), publicava o seu primeiro livro, Psychology, onde propunha um sistema filosófico que conjugava o estudo científico da psicologia com a filosofia idealista alemã.

Esse livro foi importante para o passo seguinte da carreira de Dewey: o cargo de professor de Filosofia Mental e Moral na Universidade de Minnesota, que assumiu em 1888. Porém, no ano seguinte, após a morte súbita do seu mentor, George Morris, regressou à Universidade de Michigan para se tornar chefe do Departamento de Filosofia. Em 1894, no entanto, saiu de Michigan para a recém-criada Universidade de Chicago onde logo passaria a liderar o departamento de Filosofia e o departamento de Pedagogia, criado por sua sugestão.

No final da década de 1890, Dewey começou a afastar-se da sua anterior visão idealista neo-hegeliana e a adotar uma nova posição, que viria a ser conhecida mais tarde como pragmatismo.

Depois de problemas graves na política interna do Departamento de Educação da Universidade de Chicago, Dewey abandonou a instituição para se ligar à Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde permaneceu até ao fim da sua carreira no ensino, em 1930. Continuou, no entanto, a ensinar como Professor Emérito até 1939, e continuou a escrever e a intervir socialmente até às vésperas da morte.

Entre suas obras se destacam The School and Society ( “A Escola e a Sociedade”, 1899) ,Democracy and Education ( “Experiência e Educação”, 1938) e Art as Experience (Arte como experiência, 1958).

Outros dados

John Dewey é reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo (juntamente com Charles Sanders Peircee William James), um pioneiro em psicologia funcional, e representante principal do movimento da educação progressiva norte-americana durante a primeira metade do século XX. Foi também editor, tendo contribuído para a Enciclopédia Unificada de Ciência, um projeto dos positivistas, organizado por Otto Neurath.

Em 1907 participou da Comunidade Helicon Hall, em Englewood (Nova Jérsei).

Filosofia da Educação

Como se pode ler em Democracy and Education (“Democracia e Educação”), Dewey tenta sintetizar, criticar e ampliar a filosofia da educação democrática ou proto-democrática contidas em Rousseau e Platão. Via em Rousseau a valorização do indivíduo, enquanto Platão acentuava a influência da sociedade na qual o indivíduo se inseria. Dewey contestou esta distinção. Tal como Vygotsky, concebia o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo social, integrando os conceitos de “sociedade” e indivíduo. Para ele, o indivíduo somente passa a ser um conceito significante quando considerado como parte inerente de sua sociedade. Esta, por sua vez, nenhum significado teria, sem a participação dos seus membros individuais.

Depois, como reconhece na obra posterior Experience and Nature (“Experiência e Natureza”), o empirismo subjetivo da pessoa é quem realmente introduz as novas idéias revolucionárias no conhecimento.

Para Dewey era de vital importância que a educação não se restringisse à transmissão do conhecimento como algo acabado – mas que o saber e habilidade adquiridos pelo estudante pudessem ser integrados à sua vida como cidadão, como pessoa. No laboratório-escola que dirigiu junto com sua esposa Alice, na Universidade de Chicago, as crianças bem novas aprendiam conceitos de física e biologia, presenciando os processos de preparo do lanche e das refeições, que eram feitos na própria classe. Essa ligação entre ensino e prática cotidiana foi sua grande contribuição para a escola filosófica do Pragmatismo. Mas a iniciativa fracassou após três anos, e Dewey viu-se forçado a deixar Chicago. Criou, então, a famosa Lincoln School, em Manhattan (Nova Iorque), que também falhou em pouco tempo.

Sua idéias, embora bastante populares, nunca foram ampla e profundamente integradas nas escolas públicas norte-americanas, embora alguns dos valores e premissas tenham se difundido. Suas idéias de “Educação Progressiva” foram duramente perseguidas no período da Guerra Fria, quando a preocupação dominante era criar e manter uma elite intelectual científica e tecnológica, para fins militares. No período pós-Guerra Fria, entretanto, os preceitos da Educação Progressiva ressurgiram na reforma de muitas escolas, e o sistema teórico de educação formulado a partir das pesquisas de Dewey tem evoluído.

Dewey e a Educação Progressiva

A ideia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno. Embora suas idéias tenham sido muito populares durante sua vida e postumamente, sua adequação à prática sempre foi problemática. Seus escritos são de difícil leitura: ele tem uma tendência para utilizar termos novos, e frases complexas fazem com que seu pensamento seja extremamente mal entendido, forçando reinterpretações dos textos. Apesar de permanecer como um dos intelectuais norte-americanos mais conhecidos, o público não conhece o seu pensamento. Muitos que pensavam seguir uma linha deweyana, estavam, na verdade, muito longe disto. O próprio Dewey tentou frear alguns entusiastas, sem muito sucesso.

Ao mesmo tempo, outras idéias e propostas de Educação Progressiva foram surgindo, boa parte delas influenciada por Dewey, embora não necessariamente derivadas das suas teorias. Entre essas ideias, algumas tornaram-se igualmente populares, umas mais ou menos aplicáveis na prática e outras contraditórias, como registram historiadores, a exemplo de Herbert Kliebard.

Frequentemente diz-se que a Educação Progressiva fracassou, mas isto depende do que as pessoas entendem por “evolução” e “fracasso”. Muitas formas de educação progressiva tiveram sucesso e transformaram a paisagem educacional. A quase onipresença dos serviços de orientação ou aconselhamento, para citar-se um exemplo, é fruto das idéias progressivas. Derivações radicais do progressivismo educacional quase nunca foram testadas, e quando o foram não tiveram vida longa.

A Escola de Pragmatismo da Universidade de Chicago

John Dewey fundou a Escola de Pragmatismo de Chicago durante os dez anos que esteve nesta universidade, de 1894 a 1904. O grupo original era composto por George H. Mead, James H. Tufts, James R. Angell, Edward Scribner Ames (Ph.D. Chicago 1895) e Addison W. Moore (Ph.D. Chicago 1898). Jane Addams, fundadora da Hull House de Chicago, escritora e ativista social também esteve associada com o grupo. Estiveram também associados ao grupo os seguintes estudantes da Universidade de Chicago: Simon F. MacLennan (Ph.D. Chicago 1896, professor do Oberlin College), Ernest Carroll Moore (Ph.D. Chicago 1898, professor da University of California, Berkeley), Arthur K. Rogers (Ph.D. Chicago 1899, professor em Yale University), Ella Flagg Young (Ph.D. Chicago 1900, professor de pedagogy, University of Chicago), H. Heath Bawden (Ph.D Chicago 1900, professor no Vassar College e na University of Cincinnati), Henry W. Stuart (Ph.D. Chicago 1900, professor em Stanford University), Irving E. Miller (Ph.D. Chicago 1904, Professor de Psychology e Pedagogia, State Normal School de Wisconsin), Irving King (Ph.D. Chicago 1905, professor de religião, State University of Iowa) e William K. Wright (Ph.D. Chicago 1906, professor no Dartmouth University). (in Pragmatism Cybrary)

Pragmatismo em Dewey

Dewey é uma das três figuras centrais do pragmatismo nos Estados Unidos, ao lado de Charles Sanders Peirce (que re-significou o termo após a leitura da antropologia prática deImmanuel Kant), e William James (que o popularizou). Mas Dewey não chamava sua filosofia de pragmática, preferindo o termo “instrumentalismo”.

Sua linha filosófica era de influência fortemente hegeliana e neo-hegeliana. Ao contrário de William James, que seguia uma linha positivista inglesa, Dewey era particularmente empirista e utilitarista. Ele também não era tão pluralista ou relativista como James. Segundo Dewey, “a própria natureza é melancólica e patética, turbulenta e passional” (in: “Experiência e Natureza”).

James afirmava que a experiência (social, cultural, tecnológica, filosófica) poderia ser usada como juízo de valor da verdade. Segundo ele, a vida de muitas pessoas sem crença religiosa era superficial e desinteressante, e, embora nenhuma crença religiosa pudesse ser demonstrada como correta, somos todos responsáveis por nossas apostas em algum tipo de teísmo, ateísmo, monismo, etc. Para James, a religião seria boa sempre que ela fizesse com que o indivíduo tivesse “calma”, ao ter acesso cognoscitivo ao dogma religioso, afirmando “que seria mais vantajoso ter a crença religiosa e os bons valores defendidos por ela, do que “[…]sofrer o risco da danação eterna […]”). Dewey, em contraste, embora reconhecesse a importante função das instituições e práticas religiosas na vida humana, rejeitava a crença em um ideal estático, tal como um deus pessoal. Dewey acreditava que o método científico seria o único recurso confiável no sentido de promover o bem da humanidade. Sobre a ideia de Deus, Dewey dizia: “Denota a unidade de todos os fins ideais, levando-nos a desejar e a agir.”

Assim como houve um ressurgimento da filosofia progressiva da educação, as contribuições de Dewey para a filosofia (afinal ele era muito mais filósofo do que pedagogo) também voltaram à baila, a partir dos anos 1970, com pensadores como Richard Rorty, Richard Bernstein e Hans Joas.

Por causa de seu processo de orientação e visão sociologicamente consciente do mundo e do conhecimento, muitas vezes Dewey é tido como alternativa válida aos dois modos de pensar – o moderno e o pós-moderno -, mesmo sendo-lhes contemporâneo.


1863 – 1916

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Hugo Münsterberg (Danzig, 1 de junho de 1863 — Alemanha, 16 de dezembro de 1916) foi quem estabeleceu as bases e justificativas da psicologia industrial na administração científica.

Munsterberg relacionou as habilidades dos novos empregados com as demandas de trabalho da organização.

  • A psicologia de Munstreberg e a eficiência industrial estavam diretamente ligadas às propostas de Taylor e resumiam-se em 3 pontos principais:
    1. o melhor homem.
    2. o melhor trabalho.
    3. o melhor resultado.
  • No trabalho a psicologia da época se apoiava em dois aspectos fundamentais:
    1. análise e adaptação do trabalho ao trabalhador.
    2. análise e adaptação do trabalhador ao trabalho.

Foi também um filósofo do cinema. Considerado o pai espiritual de muitas das correntes da teoria do cinema. Deu ênfase em um espectador ativo, que preencha as lacunas do cinema por meio de investimentos intelectuais e emocionais, antecipando assim, posteriores teorias da espectatorialidade. Antecipou a “teoria da recepção” quando explorou o entendimento de que os filmes produzem eventos mentais, não estão apenas na celulóide mas na mente daquele que a utiliza.

Obras

  • 1889-1892 Beiträge zur experimentellen Psychologie (4 volumes)
  • 1899 Psychology and Life
  • 1900 Grundzüge der Psychologie
  • 1901 American Traits from the Point of View of a German
  • 1904 Die Amerikaner
  • 1906 Science and Idealism
  • 1908 Philosophie der Werte
  • 1908 Aus Deutsch-Amerika
  • 1908 Psychology and Crime
  • 1908 On the Witness Stand’
  • 1916 The Photoplay

1863 – 1936

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Heinrich John Rickert ( Alemão: [ʁɪkɐt] ; 25 de maio de 1863 – 25 julho de 1936) foi um alemão filósofo, um dos principais neo-kantianos .

Vida

Rickert nasceu em Danzig, Prússia (hoje Gdansk , Polónia ) e morreu em Heidelberg , Alemanha . Foi professor de filosofia na Universidade de Freiburg (1894-1915) e Heidelberg (1915-1932).

Pensamento

Ele é conhecido por sua discussão sobre a distinção qualitativa realizada a ser feita entre fatos históricos e científicos. Ao contrário do que filósofos como Nietzsche e Bergson , Rickert enfatizou que os valores exigem uma distância de vida, e que o que Bergson, Dilthey ou Simmel chamou de “valores vitais” não eram os verdadeiros valores.

A filosofia de Rickert foi uma importante influência sobre o trabalho do sociólogo Max Weber . Weber disse ter emprestado muito de sua metodologia, incluindo o conceito de tipo ideal , da obra de Rickert. Além disso, Martin Heidegger começou sua carreira acadêmica como assistente de Rickert, graduou-se com ele e, em seguida, escreveu sua tese de habilitação sob Rickert.

Charles R. Bambach escreve:

Em seu Rickert trabalho, como Dilthey , destinado a oferecer uma teoria unificadora do conhecimento que, apesar de aceitar uma divisão entre ciência e história ou Natur e Geist , superou essa divisão em um novo método filosófico. Para Dilthey o método foi casado com a hermenêutica;. Para Rickert foi o método transcendental de Kant.

Rickert, com Wilhelm Windelband , liderou a chamada Escola de Baden de Neo-kantianos.

Influência em japonês Filosofia

  • Mayeda, Graham. 2008. “Existe um método para Possibilidade? Contrastando Fenomenológica Metodologia de Kuki SHUZO no problema da contingência com a de seus contemporâneos Wilhelm Windelband e Heinrich Rickert.” Em S. Victor Hori e Melissa Anne-Marie Curley (eds.), Fronteiras do japonês Filosofia II: Negligenciadas Temas e Variações ocultos (Nagoya, Japão: Instituto Nanzan para Religião e Cultura).

1866 – 1952

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Benedetto Croce ( Italiano:  [benedetto kro ː tʃe] ; 25 de fevereiro de 1866 – 20 de novembro 1952) foi um italiano idealista filósofo , e, ocasionalmente, também político . Ele escreveu sobre vários tópicos, incluindo filosofia , história , metodologia da história escrita eestética . Ele era um proeminente liberal , embora ele se opôs laissez-faire de livre comércio , e teve uma influência considerável sobre outros intelectuais italianos proeminentes, incluindo tanto marxista Antonio Gramsci e fascista Giovanni Gentile .

Ele era presidente do PEN Internacional , a associação de escritores em todo o mundo a partir de 1949 até 1952.

Biografia

Croce nasceu em Pescasseroli no Abruzzo região da Itália. Ele veio de uma família influente e rica, e foi criado em um ambiente católico muito rigoroso. Por volta dos 16 anos, ele se afastou do catolicismo e desenvolveu uma visão pessoal da vida espiritual, em que a religião não pode ser outra coisa senão uma instituição histórica, onde a força criativa da humanidade pode ser expressa. Ele manteve esta posição para o resto de sua vida.

Em 1883, um terremoto atingiu a aldeia de Casamicciola na ilha de Ischia , perto de Nápoles , onde estava de férias com sua família, destruindo a casa em que viveu dentro Sua mãe, pai, irmã e só foram todos mortos, enquanto ele foi enterrado por muito tempo e quase não sobreviveu. Após o incidente, ele herdou a fortuna de sua família e muito parecido com Schopenhauer antes dele foi capaz de viver o resto de sua vida em relativa lazer, permitindo-lhe dedicar uma grande parte do tempo para a filosofia como independente intelectual escrita de seu palazzo em Nápoles . (Ryn, 2000: xi).

Lá, ele formou-se em Direito na Universidade de Nápoles , ao ler extensivamente no materialismo histórico . Suas idéias foram espalhados na Universidade de Roma em direção às extremidades da década de 1890 pelo professor Antonio Labriola . Croce foi bem familiarizado com e solidário com os desenvolvimentos no pensamento socialista europeu exemplificada por Filippo Turati , Anna Kuliscioff , Wilhelm Liebknecht , August Bebel , Friedrich Engels , Karl Kautsky e Paul Lafargue .

Sob a influência do napolitano nascidos Gianbattista Vico pensamentos de cerca de arte e história, ele virou-se para a filosofia em 1893. Croce também compraram a casa em que Vico tinha vivido. Seu amigo, o filósofo Giovanni Gentile encorajou-o a ler Hegel . Famoso comentário de Croce em Hegel, o que é vivo eo que está morto na filosofia de Hegel , apareceu em 1907.

Envolvimento político

À medida que sua fama aumentou, Croce foi persuadido, contra sua vontade, para entrar na política. Ele foi nomeado para o Senado italiano, uma posição ao longo da vida, em 1910. (Ryn, 2000: xi). Ele era um crítico aberto da participação da Itália na Primeira Guerra Mundial , sentindo que era uma guerra comercial suicida.Embora este o fez inicialmente impopular, sua reputação foi restaurada depois da guerra e tornou-se uma figura pública bem-amado. Foi Ministro da Educação Pública entre 1920 e 1921 no 5 º e último governo liderado por Giovanni Giolitti . Benito Mussolini tomou o poder há pouco mais de um ano após a saída de Croce do governo, primeiro-ministro de Mussolini ou Educação Pública foi Giovanni Gentile , um independente que mais tarde se tornou um fascista e com quem Croce já havia colaborado em um filosófica polêmica contra o positivismo . Gentile permaneceu ministro por apenas um ano, mas conseguiu lançar uma ampla reforma da educação italiana, que foi em parte baseado em sugestões anteriores de Croce. Reforma do gentio permaneceu em vigor para além do regime fascista, e só foi abolida em 1962.

Croce foi fundamental para a mudança para Nápoles Palazzo Reale da Biblioteca Nazionale Vittorio Emanuele III , em 1923.

Relações com o fascismo

Croce apoiado inicialmente de Mussolini governo fascista que tomou o poder em 1922.  O assassinato pelos fascistas de Giacomo Matteotti em junho de 1924 sacudiu o apoio de Croce por Mussolini. Em maio 1925 Croce foi um dos signatários do Manifesto dos Intelectuais Anti-fascistas que haviam sido escritos pelo próprio Croce, no entanto, em junho do mesmo ano ele votou no Senado em apoio do governo Mussolini. Mais tarde, ele explicou que ele esperava que o apoio a Mussolini no parlamento enfraqueceria os fascistas mais radicais que ele acreditava serem responsáveis ​​pelo assassinato de Matteotti.

Croce foi seriamente ameaçada pelo regime de Mussolini, embora o único ato de violência física que sofreu nas mãos dos fascistas foi o saque de sua casa e biblioteca, em Nápoles, em novembro de 1926.  Embora ele conseguiu ficar de prisão exterior graças ao seu reputação, ele permaneceu sob vigilância, e seu trabalho acadêmico foi mantido na obscuridade por parte do governo, na medida em que nenhum jornal tradicional ou publicação acadêmica jamais se referiu a ele. Croce mais tarde cunhou o termo onagrocrazia(literalmente “governo por burros”) para enfatizar as tendências anti-intelectuais e grosseiro de partes do regime fascista.  No entanto, a descrição de Croce do fascismo como anti-intelectual ignorado o fato de que muitos intelectuais italianos no o tempo apoiou ativamente o regime de Mussolini, incluindo o ex-amigo e colega de Croce gentio. Croce também descreveu o fascismo como malattia moral (literalmente “doença moral”). Quando o governo de Mussolini adotou anti-semitas políticas em 1938, Croce foi o único intelectual não-judeu que se recusou a preencher um questionário governo projetado para coletar informações sobre o chamado “fundo racial” dos intelectuais italianos.

A nova República

Em 1944, quando a democracia foi restaurada no sul da Itália, Croce, como um “ícone de liberal anti-fascismo “, tornou-se ministro sem pasta nos governos liderados por Pietro Badoglio e por Ivanoe Bonomi (Ryn, 2000: xi-xii) .  Ele deixou o governo em julho de 1944, mas manteve-se presidente do Partido Liberal até 1947 (Ryn, 2000: xii).

Croce votou a favor da Monarquia no referendo constitucional de junho de 1946, depois de ter persuadido seu partido Liberal para adotar uma postura neutra. Ele foi eleito para a Assembléia Constituinte que existia na Itália entre junho de 1946 e janeiro 1948. Ele falou na Assembleia contra o Tratado de Paz (assinado em Fevereiro de 1947), que ele considerava como humilhante para a Itália. Ele se recusou a permanecer como provisória Presidente da Itália .

Croce era ateu. 

Obras filosóficas

Suas idéias filosóficas mais interessantes são divididos em três obras: Estética (1902), Lógica (1908), e Filosofia da prática (1908), mas sua obra completa está espalhada por 80 livros e 40 anos no valor de publicações em seu próprio bimestral literário revista, La Critica . (Ryn, 2000: xi)

A Filosofia do Espírito

Fortemente influenciado por Hegel e outros idealistas alemães, como Fichte , Croce produziu o que foi chamado, por ele, a Filosofia do Espírito. Suas designações preferenciais foram “Idealismo Absoluto” ou “Absolute historicismo”. A obra de Croce pode ser visto como uma segunda tentativa (contra Kant ) para resolver os problemas e conflitos entre empirismo e racionalismo (ou sensacionalismo e transcendentalismo, respectivamente). Ele chama sua maneira imanentismo , e concentra-se na experiência humana vivida, como acontece em locais e horários específicos. Uma vez que a raiz da realidade é esta existência imanente em experiência concreta, Croce coloca estética na base de sua filosofia.

Os Domínios da Mente

Abordagem metodológica de Croce a filosofia é expressa em suas divisões do espírito, ou da mente. Ele divide a atividade mental, primeiro no teórico, e, em seguida, o prático. A divisão teórica divide entre estética e lógica. Essa estética teórica inclui mais importante: intuições e história. A lógica inclui conceitos e relações. Espírito prático está preocupado com a economia e ética. Economia está aqui para ser entendido como um termo exaustiva para todas as questões utilitárias.

Cada uma destas divisões têm uma estrutura subjacente que as cores, ou ditames, o tipo de pensamento que se passa dentro delas. Enquanto Estética é impulsionado pela beleza, Logic está sujeita a verdade, Economia está preocupado com o que é útil, e a moral, ou ética, é vinculado ao bem. Esse esquema é descritiva na medida em que tenta elucidar a lógica do pensamento humano, no entanto, é prescritivo, bem como, na medida em que essas idéias formam a base para reivindicações epistemológicas e confiança.

História

Croce também realizou grande estima por Vico , e compartilhou sua visão de que a história deve ser escrita pelos filósofos. De Croce sobre História apresenta a visão da história como “filosofia em movimento”, que não há maior “design cósmico” ou plano final da história, e que a “ciência da história” foi uma farsa.

Beleza

A obra de Croce Breviario di estetica ( A Essência da Estética ) aparece na forma de quatro aulas ( quattro Lezioni ), já que ele foi convidado a escrever e entregá-los na inauguração da Universidade Rice, em 1912. Ele recusou o convite para participar do evento, no entanto, ele escreveu as lições e apresentou-as para a tradução, para que pudessem ser lidas em sua ausência.

Neste breve, mas denso, trabalho, Croce expõe sua teoria da arte . Ele alegou que a arte é mais importante do que a ciência ou metafísica, uma vez que apenas o ex-nos edifica.Ele achava que todos nós sabemos pode ser reduzido ao conhecimento lógico e imaginativa. Molas de arte do último, tornando-se em seu coração, imaginação pura. Todo pensamento é baseado em parte sobre isso, e ela precede todos os outros pensamentos. A tarefa de um artista é, então, para levar adiante a imagem perfeita que eles podem produzir para o seu espectador, pois é isso que beleza é fundamental – a formação de dentro, imagens mentais em seu estado ideal. Nossa intuição é a base da formação destes conceitos dentro de nós.

Esta teoria foi mais tarde fortemente debatida por pensadores italianos contemporâneos como Umberto Eco , que localiza a estética dentro de uma construção semiótica. 

Contribuições para a teoria política liberal

De Croce liberalismo difere das teorias defendidas pela maioria dos defensores do pensamento político liberal, incluindo aqueles na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos da América: enquanto Croce teoriza que o indivíduo é o centro da sociedade, ele rejeita o atomismo social, e, enquanto Croce aceita governo limitado , ele se recusa que o governo deveria ter corrigido poderes legítimos.

Croce não concordava com John Locke sobre a natureza da liberdade. Croce acreditava que a liberdade não é um direito natural , mas um direito ganho que surge de continuar luta histórica para sua manutenção.

Croce definiu a civilização como a “vigilância contínua” contra a barbárie e a liberdade se encaixam em seu ideal de civilização, uma vez que permite experimentar o potencial da vida.

Croce também rejeita o igualitarismo como absurdo. Em suma, a sua variedade do liberalismo é aristocrático , como ele vê a sociedade sendo liderado pelos poucos que pode criar a bondade da verdade, da civilização e beleza, com a grande massa de cidadãos simplesmente beneficiando-os, mas incapaz de compreender plenamente as suas criações ( Ryn, 2000: xii).

Citações escolhidas

  • “Toda a história é história contemporânea”. 
  • “Como historiador, [I] perceber como arbitrária, fantástico e inconclusivos são teorias de raça”. 
  • “Até 18 anos de idade todo mundo escreve poemas Depois disso apenas duas categorias de pessoas continuam a fazê-lo:.. Os poetas e os idiotas”.

1869 – 1917

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Félix-Alexandre Le Dantec (16 de Janeiro de 1869, Plougastel-Daoulas – 6 de junho de 1917, Paris ) foi um biólogo e francês filósofo da ciência .

Biografia

Obteve seu bacharelado em ciências grau na École Normale Supérieure , em Paris, onde mais tarde trabalhou como associado-trainer no laboratório de Louis Pasteur . Ele, então, tornou-se assistente no laboratório de fisiologia química nas École Pratique des Hautes études sob a direção de Emile Duclaux . Em 1889-90 ele executou o serviço militar na Indochina francesa como participante da Missão Pavie . Inspirado pelo trabalho de Elie Metchnikoff , ele apoiou seu doutorado em ciências com um estudo sobre a digestão intracelular em protozoários (1891). Em 1891 ele foi enviado por Pasteur de São Paulo , a fim de conduzir investigações de endêmica da febre amarela .

Em 1893, foi nomeado professor de zoologia na Universidade de Lyon , onde continuou os estudos de digestão intracelular. Mais tarde, ele retornou a Paris (1896), onde trabalhou no laboratório de Alfred Giard na École Normale Superieure e dava aulas em embriologia na Sorbonne . Durante este período de tempo, ele começou a publicar uma série de trabalhos sobre a filosofia da ciência . Em 1900-01 ele foi Sticken por tuberculose , forçando uma longa estadia no sanatório Hauteville. Aqui ele se envolveu em longas discussões com um sacerdote sobre os assuntos de religião e ateísmo , publicando o livro Le conflit (1901), como resultado. Em 1902, ele voltou para a Sorbonne, onde a partir de 1908, lecionou aulas de biologia em geral.

Lycée Félix Le Dantec em Lannion é nomeado em sua honra.

Os trabalhos selecionados

  • Le déterminisme biologique et la Personnalité consciência , 1897 – determinismo biológico e personalidade consciente.
  • Evolução individuelle et hérédité de 1898 – evolução individual e hereditariedade.
  • Lamarckiens et darwiniens de 1899 – darwinismo e lamarckismo .
  • L’athéisme de 1907 – o ateísmo.
  • La crise du transformisme de 1909 – A crise de transformação.
  • Le caos et l’Harmonie Universelle de 1911 – Caos e harmonia universal.
  • Le problème de la mort et la Universelle consciência , 1917 -. o problema da morte e da consciência universal.

1869 – 1944

Léon Brunschvicg ( francês:  [leɔ bʁœsvik] ; 10 de novembro de 1869 – 18 de janeiro de 1944) foi um francês idealista filósofo . Ele co-fundou a Revue de métaphysique et de morale com Xavier Leon e Élie Halévy em 1893.

Vida

De 1895-1900, ele ensinou no Lycée Pierre Corneille em Rouen . Em 1909 tornou-se professor de filosofia na Sorbonne . Ele era casado com Cécile Kahn , um grande defensor para o sufrágio das mulheres na França, com quem teve quatro filhos.

Forçado a deixar sua posição na Sorbonne pelos nazistas, Brunschvicg fugiram para o sul da França, onde morreu com a idade de 74. Enquanto na clandestinidade, ele escreveu estudos de Montaigne , Descartes e Pascal , que foram impressos na Suíça. Ele compôs um manual de filosofia dedicado à sua neta adolescente intitulado Héritage de Mots, herança d’Idées (Legacy of Words, Legacy of Ideas), que foi publicado postumamente após a libertação da França. Sua reinterpretação de Descartes tornou-se a base para um novo idealismo .

Brunschvicg definiu a filosofia como “metódico auto-reflexão da mente” e deu um papel central para o julgamento.

A publicação da obra de Brunschvicg foi recentemente concluído após materiais não publicados detidos na Rússia foram devolvidos para a sua família em 2001.

Trabalhos (lista seletiva)

  • La Modalité du jugement , Paris, Alcan, 1897.
  • Spinoza et ses contemporains , Paris, Alcan, 1923.
  • L’idéalisme contemporain , Paris, Alcan, 1905.
  • Les étapes de la philosophie mathématique , Paris, Alcan, 1912.
  • L’expérience humaine et la causalité físico , Paris, Alcan, 1922.
  • Le Progrès de la consciência dans la philosophie occidentale , Paris, Alcan, 1927.
  • La Physique au vingtième siècle , Paris, Hermann, 1939.
  • La Raison et la religion , Paris, Alcan, 1939.
  • Descartes et Pascal, Lecteurs de Montaigne , Paris, La Baconnière de 1942.
  • Héritage de mots, Património d’idées , Paris, PUF, 1945.
  • Agenda retrouvé , 1892-1942, Paris, Minuit, 1948.
  • La philosophie de l’esprit aproveitar Lecons professées en Sorbonne 1921-1922 , Paris, PUF, 1949.
  • De la vraie et de la conversão fausse , Paris, PUF, 1950.
  • Écrits philosophiques I: L’Humanisme de l’Occident, Descartes, Spinoza, Kant , Paris: PUF, 1951.
  • Écrits philosophiques II: L’Orientação du rationalisme , Paris: PUF, 1954.
  • Écrits philosophiques III: Ciência – Religião , Paris: PUF, 1958.

1878 – 1944

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Joseph Maréchal (1 de Julho 1878-1811 Dezembro de 1944) foi um belga jesuíta padre, filósofo e psicólogo do Instituto Superior de Filosofia da Universidade de Leuven , que fundou uma escola de pensamento chamada Transcendental tomismo , que tentou fundir o pensamento teológico e filosófico de São Tomás de Aquino com a de Immanuel Kant .

Vida e Obra

Marechal juntou-se aos jesuítas em 1895 e depois de um doutorado em Biologia em Leuven (1905) especializou-se pela primeira vez em Psicologia Experimental , passar algum tempo em Munique com Wilhelm Wundt (1911). Até o final de sua vida Marechal diria que seu verdadeiro interesse era bastante em Psicologia do que Filosofia.

Alertado pela chamada do Papa Leão XIII para revitalizar a teologia tomista, ele começou a estudar em profundidade as obras de Santo Tomás de Aquino , a fim de compreender a coerência interna do seu sistema, juntamente com os trabalhos de outros escolásticos pensadores, filósofos e cientistas modernos de do dia. A partir desta (e, em particular, a partir de influências do idealismo transcendental de Kant) surgiu uma nova e mais dinâmica tomismo, retomando a união de “ato e potência” do pensador original. O desenvolvimento de seu pensamento pode ser apreendido nos cinco cahiers (ver bibliografia), em que depois de expor as fraquezas do tomismo tradicional avaliou Filosofia (cahier 3d) de Kant com a ajuda de quem ele propõe um tomismo modernizada no 4 º e 5 º cahier. O trabalho de Marechal teve uma grande influência sobre tais teólogos contemporâneos e filósofos como Andre Marc, Gaston Isaye , Joseph de Finanças , Karl Rahner , Bernard Lonergan , JB Lotz , e Richard De Smet .

Ele procedeu da mesma forma em seu estudo sobre a psicologia dos místicos.

Até sua morte, em 11 de dezembro de 1944, ensinou Filosofia e Psicologia Experimental na casa jesuíta de Estudos em Leuven (St Albert de Filosófico e Teológico Colégio de Lovaina). Ele era um grande amigo de Pierre Scheuer , o jesuíta belga que tem sido descrito como um metafísico e um místico.

Obras Principais

  • Le ponto de départ de la métaphysique: sur le développement leçons historique et du problème théorique de la connaissance, 5 vols, (Bruges-Louvain, 1922-1947).
  • tudes sur le Psychologie des místicas , 2 vols, (1926, 1937) [traduzido como Estudos em Psicologia dos Místicos, tr. A. Thorold, (Nova Iorque, 1964).
  • Precis d’histoire de la philosophie moderne , (Louvain, 1933).
  • Mélanges Joseph Maréchal, 2 vols, (Bruxelas / Paris, 1950).
  • “O Dinamismo Intelectual em Objective Conhecimento”. Tr. Richard De Smet e outros. [Original, ‘Le dynamisme intelectual dans la conaisance objetivo “, em Revue néoscolastique de Philosophie 28 (1927) 137-165 = Mélanges Joseph Maréchal (Bruxelas / Paris, 1950) 1:75-101.] Poona: De Nobili College, 1963 -65. 1-37. Inédito. Disponível em Jnana Deepa Vidyapeeth Biblioteca, Pune, N13/M332.
  • “No Limiar da Metafísica: Abstração ou Intuição?” Tr. Richard De Smet e outros. [Original em Revue néoscolastique de Philosophie . 31 (1929) 27-52, 121-147, 309-342] Poona: De Nobili College, 1963-1965. 38-149. Inédito. Disponível em Jnana Deepa Vidyapeeth Biblioteca, Pune, N13/M332.
  • “O desejo natural de felicidade perfeita”. Tr. Richard De Smet e outros. [Original em Mélanges Joseph Maréchal (Bruxelas / Paris, 1950) 2:323-337.] Poona: De Nobili College, 1963-1965. 150-170. Inédito. Disponível em Jnana Deepa Vidyapeeth Biblioteca, Pune, N13/M332.
  • Um leitor de Maréchal , ed e trans Joseph Donceel, (New York: Herder & Herder, 1970).

1873 – 1958

Arquivo: George Edward Moore.jpg

George Edward “GE” Moore OM , FBA (04 de novembro de 1873 – 24 de outubro 1958) foi um filósofo Inglês. Ele foi, com Bertrand Russell , Ludwig Wittgenstein , e (antes deles) Gottlob Frege , um dos fundadores da analítica tradição em filosofia. Junto com Russell, ele liderou a virada longe do idealismo na filosofia britânica, e tornou-se conhecido pela sua defesa do senso comum conceitos, suas contribuições para a ética , epistemologia e metafísica , e “a sua personalidade excepcional e de caráter moral”. Ele foi professor de Filosofia na Universidade de Cambridge , altamente influente entre (embora não membro) o grupo de Bloomsbury , e o editor da revista influente Mente . Ele foi eleito membro da Academia Britânica , em 1918. Ele foi enterrado na Freguesia do Enterro terra Ascensão , em Cambridge, com sua esposa Dorothy Moore, née Ely. Ele era um membro da Apóstolos de Cambridge , a sociedade secreta intelectual, a partir de 1894.

Vida e obra

Moore nasceu no sul de Londres em 4 de novembro de 1873. Seu irmão mais velho era Thomas Sturge Moore , um poeta, escritor e gravador. 

Em 1892, ele foi educado na faculdade de Dulwich e, em seguida, participou de Trinity College de Cambridge para estudar os clássicos de ciências morais . Ele se tornou um membro da Trindade, em 1898, e passou a segurar a Universidade de Cambridge cadeira de filosofia mentais e lógica, 1925-1939.

Moore é mais conhecido hoje por sua defesa da ética não-naturalismo , sua ênfase no senso comum no método filosófico, e o paradoxo que leva seu nome . Ele era admirado por e influente entre outros filósofos, e também pelo Grupo de Bloomsbury , mas é (ao contrário de seu colega Russell) praticamente desconhecido hoje fora da filosofia acadêmica.Ensaios de Moore são conhecidos por seu estilo de escrita clara, circunspecto, e por sua abordagem metódica e paciente a problemas filosóficos. Ele era crítico da filosofia moderna por sua falta de progresso , que ele acreditava ser em contraste com os avanços dramáticos nas ciências naturais , desde o Renascimento . Entre as obras mais famosas de Moore são seu livro Principia Ethica , e seus ensaios, “A refutação do idealismo”, ” A Defesa do senso comum “, e” A Prova do mundo externo “.

Ele foi presidente da Sociedade aristotélica 1918-19.

Paul Levy escreveu em Moore: GE Moore e os Apóstolos de Cambridge (1979), que Moore era um membro importante do secreto Cambridge Apostles .

GE Moore morreu em 24 de outubro de 1958. Ele foi enterrado na Freguesia do Enterro terra Ascensão em Cambridge , Inglaterra , com sua esposa, Dorothy Moore (1892-1977). Juntos, eles tiveram dois filhos, o poeta Nicholas Moore e o compositor Timothy Moore.

Ética

A página de título de Principia Ethica

Sua influente obra Principia Ethica é uma das principais inspirações do movimento contra o naturalismo ético (ver ética não-naturalismo ) e é parcialmente responsável pela preocupação do século XX com a meta-ética .

A falácia naturalista

Moore afirmou que os argumentos filosóficos podem sofrer de uma confusão entre o uso de um termo em um argumento particular e a definição desse termo (em todos os argumentos). Ele nomeou essa confusão a falácia naturalista . Por exemplo, um argumento ético pode alegar que, se uma coisa tem certas propriedades, então, que coisa é ‘bom’. Um hedonista podem argumentar que as coisas “agradáveis” são “boas” as coisas. Outros teóricos podem argumentar que as coisas “complexas” são “boas” as coisas. Moore afirma que mesmo que tais argumentos estão corretos, eles não fornecem definições para o termo “bom”. A propriedade de “bondade” não pode ser definido. Ela só pode ser mostrado e compreendido. Qualquer tentativa de defini-lo (X é bom se ele tem a propriedade Y) simplesmente deslocar o problema (Por que é Y-ness bom, em primeiro lugar?).

Argumento Open-questão

De Moore argumento para a indefinibilidade de “bom” (e, portanto, para a falácia da “falácia naturalista”) é muitas vezes chamado o argumento da questão em aberto , que é apresentada no § 13 do Principia Ethica . O argumento gira em torno da natureza das afirmações como “Tudo o que é agradável também é bom” ea possibilidade de fazer perguntas como “É bom que x é agradável? ” De acordo com Moore, essas perguntas são abertas e estas declarações são significativas , e eles permanecerão assim não importa o que é substituído por “prazer”. Moore conclui que qualquer análise de valor está fadado ao fracasso. Em outras palavras, se o valor pode ser analisado, em seguida, essas perguntas e declarações seria trivial e óbvia. Uma vez que eles são tudo menos trivial e óbvio, o valor deve ser indefinível.

Os críticos de argumentos de Moore, por vezes, afirmam que ele é atraente para puzzles gerais em matéria de análise (cf. o paradoxo da análise ), ao invés de revelar qualquer coisa de especial valor. O argumento depende claramente do pressuposto de que, se “bom” foram definidos, seria uma verdade analítica sobre o “bom”, uma suposição de muitos realistas morais contemporâneos, como Richard Boyd e Peter Railton rejeitar. Outras respostas apelar para o fregeano distinção entre sentido e referência , permitindo que os conceitos de valor são especiais e sui generis , mas insistindo que propriedades de valor não são nada além propriedades naturais (esta estratégia é semelhante à feita pelo materialistas não-redutoras em filosofia da mente ) .

Bom como indefinível

Moore afirmou que a bondade não pode ser analisado em termos de qualquer outra propriedade. Em Principia Ethica , ele escreve:

Pode ser verdade que todas as coisas que são boas também são outra coisa, assim como é verdade que todas as coisas que são amarelo produzir um certo tipo de vibração na luz. E isso é um fato, que a ética tem como objetivo descobrir quais são essas outras propriedades pertencentes a todas as coisas que são boas. Mas é muito muitos filósofos têm pensado que, quando chamado as outras propriedades que eles estavam realmente definir o bem, que essas propriedades, de fato, não eram simplesmente “outro”, mas absolutamente e inteiramente o mesmo com bondade. ( § 10 ¶ 3 )

Portanto, não podemos definir “bom”, explicando que em outras palavras. Nós só podemos apontar para uma ação ou uma coisa e dizer: “Isso é bom.” Da mesma forma, não podemos descrever para um cego exatamente o que é amarelo. Nós só pode mostrar uma pessoa com visão um pedaço de papel amarelo ou um pedaço de pano amarelo e dizer: “Isso é amarela.”

Bom como uma propriedade não natural

Além de categorizar “bom” como indefinível, Moore também enfatizou que é uma propriedade não-natural. Isso significa que ele não pode ser empiricamente ou cientificamente testado ou verificado – não está dentro dos limites da “ciência natural”.

Conhecimento Moral

Moore argumentou que uma vez que os argumentos baseados na falácia naturalista havia sido descartado, questões de bondade intrínseca só poderia ser resolvido por apelo ao que ele (seguindo Sidgwick ) chamou de “intuições morais”: auto-evidentes proposições que se recomendam a reflexão moral, mas que não são suscetíveis a qualquer prova direta ou refutação ( PE § 45 ). Como resultado do seu ponto de vista, muitas vezes ele tem sido descrito por escritores posteriores como um defensor da intuitionism ético . Moore, porém, quis distinguir seu ponto de vista a partir de pontos de vista geralmente descritos como “Intuitionist” quando Principia Ethica foi escrito:

A fim de expressar o fato de que as proposições éticas dos meus primeira classe [proposições sobre o que é bom como um fim em si mesmo] são incapazes de prova ou refutação, eu às vezes seguido de uso de Sidgwick em chamá-los de “intuições”. Mas peço que ele pode ser notado que eu não sou um ‘Intuitionist’, no sentido comum do termo. Se Sidgwick parece nunca ter sido claramente consciente da imensa importância da diferença que distingue o seu intuicionismo da doutrina comum, que geralmente tem sido chamado por esse nome. O Intuitionist adequada distingue-se pela manutenção de que as proposições dos meus segunda classe-proposições que afirmam que uma determinada ação é direito ou um dever -são incapazes de prova ou refutação de qualquer inquérito sobre os resultados de tais ações. Eu, pelo contrário, não sou menos ansioso para manter que as proposições de este tipo são não ‘intuições’, do que para manter esse proposições da minha primeira classe são intuições.

– GE Moore, Principia Ethica , Prefácio ¶ 5

Moore distingue a sua visão do ponto de vista deontológico intuicionistas, que declarou que “intuições” poderia determinar perguntas sobre o que as ações estão certas ou exigido pelo dever . Moore, como um consequencialista , argumentou que “deveres” e regras morais poderia ser determinada por investigar os efeitos de ações ou tipos de ações particulares ( PE § 89 ), e assim eram objecto de investigação empírica, em vez de objetos diretos da intuição ( PE § 90 ). Na visão de Moore, “intuições”, revelou não a correção ou incorreção de ações específicas, mas apenas o que as coisas eram boas em si mesmas, como acaba de ser perseguido .

Prova de um mundo externo

Uma das partes mais importantes do desenvolvimento filosófico de Moore era a sua ruptura com o idealismo que dominou a filosofia britânica (como representado nas obras de seus ex-professores FH Bradley e John McTaggart ), e sua defesa do que ele considerava como um “senso comum” forma de realismo . Em seu 1925 ensaio ” A Defesa do senso comum “, argumentou contra o idealismo e ceticismo em relação ao mundo externo, alegando que eles não poderiam dar razões para aceitar as suas premissas metafísicas que eram mais plausível do que as razões que temos para aceitar o senso comum afirma sobre o nosso conhecimento do mundo que os céticos e idealistas deve negar. Ele famosamente colocar o ponto em relevo dramático com seu ensaio 1939 “Prova de um mundo externo”, em que ele deu um argumento bom senso contra o ceticismo, levantando a mão direita e dizer “Aqui está uma mão”, e, em seguida, levantando a esquerda e dizendo “E aqui é outra”, depois de concluir que existem pelo menos dois objetos externos do mundo, e, portanto, que ele sabe (por este argumento) de que um mundo externo existe. Não surpreendentemente, nem todos inclinados a dúvidas céticas encontrado método de argumentação inteiramente convincente de Moore; Moore, no entanto, defende o seu argumento com base em que argumentos céticos parecem invariavelmente a exigir um apelo a “intuições filosóficas” que temos muito menos razão para aceitar que temos para o senso comum afirma que eles supostamente refutar. (Além de abastecer o próprio trabalho de Moore, o “Aqui está uma mão” argumento também profundamente influenciado Wittgenstein , que passou seus últimos anos de trabalho uma nova abordagem ao argumento de Moore nas observações que foram publicados postumamente como Da Certeza ).

Paradoxo de Moore

Moore também é lembrado por chamar a atenção para a inconsistência peculiar envolvido em proferir uma frase como “Está chovendo mas eu não acredito que está chovendo.”, Um quebra-cabeça que agora é comumente chamado de ” paradoxo de Moore “. O quebra-cabeça surge porque parece impossível para qualquer um de forma consistente afirmartal sentença, mas não parece haver qualquer contradição lógica entre “Está chovendo” e “Eu não acredito que está chovendo.” porque o primeiro é uma declaração sobre o tempo eo segundo um comunicado sobre a crença de uma pessoa sobre o tempo, e é perfeitamente possível que, logicamente, pode chover, enquanto uma pessoa não acredita que está chovendo.

Além do trabalho próprio de Moore sobre o paradoxo, o quebra-cabeça também inspirou uma grande quantidade de trabalho por Ludwig Wittgenstein , que descreveu o paradoxo como o insight filosófico mais impressionante que Moore já tinha introduzido. Diz-se que quando Wittgenstein ouvi pela primeira vez este paradoxo uma noite (que Moore já havia afirmado em uma palestra), ele correu em volta de habitações de Moore, saiu para fora da cama e insistiu em que Moore repetir toda a palestra dele.

Todos orgânicos

A descrição de Moore do princípio da unidade orgânica é extremamente simples; no entanto, é um princípio que parece ter escapado geralmente filósofos éticos e ontologists antes de seu tempo:

O valor de um conjunto não deve ser considerada como sendo a mesma que a soma dos valores das suas partes (Principia, § 18 ).

De acordo com Moore, um ator moral não pode examinar a “bondade” inerente as várias partes de uma situação, atribuir um valor a cada um deles, e, em seguida, gerar uma soma, a fim de ter uma idéia de seu valor total. Um cenário moral é um conjunto complexo de peças, e seu valor total é muitas vezes criadas pelas relações entre as partes, e não pelo seu valor individual. A metáfora orgânica é, portanto, muito adequado: organismos biológicos parecem ter propriedades emergentes, que não podem ser encontrados em qualquer lugar nas suas partes individuais. Por exemplo, um cérebro humano parece exibir uma capacidade de pensamento quando nenhum dos seus neurônios apresentam qualquer capacidade. Da mesma forma, um cenário moral pode ter um valor muito maior do que a soma das suas partes componentes.

Para entender a aplicação do princípio orgânico para questões de valor, talvez seja melhor considerar principal exemplo de Moore, que de uma consciência experimentando um objeto bonito. Para ver como funciona o princípio, um pensador se envolve em “isolamento reflexivo”, o ato de isolar um determinado conceito, numa espécie de contexto nulo e determinar o seu valor intrínseco. No nosso exemplo, podemos ver facilmente que por sui , belos objetos e consciências não são coisas particularmente valiosos. Eles podem ter algum valor, mas quando consideramos o valor total de uma consciência experimentando um objeto bonito, parece ultrapassar a simples soma desses valores (Principia 18:02).


1874 – 1945

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Ernst Cassirer ( Alemão: [Kasi ː ʁɐ] ; 28 de julho, 1874 – 13 abril de 1945) foi um prussiano filósofo . Treinado dentro do Neo-kantiana de Marburg escola , ele inicialmente seguiu seu mentor Hermann Cohen , na tentativa de fornecer uma filosofia idealista da ciência; depois da morte de Cohen, ele desenvolveu uma teoria do simbolismo, e é usado para expandir a fenomenologia do conhecimento em uma forma mais geral, filosofia da cultura . Ele é um dos principais defensores da filosofia do século 20 idealismo .

Biografia

Cassirer nasceu em Breslau ( Silésia , sudoeste da Polônia), em uma família judia. Ele estudou literatura e filosofia na Universidade de Berlim . Depois de trabalhar por muitos anos como um Privatdozent na Universidade Friedrich Wilhelms em Berlim , foi eleito em 1919 para a Filosofia cadeira na recém-fundada Universidade de Hamburgo , onde lecionou até 1933, supervisionando, nomeadamente, a tese de doutorado de Leo Strauss . Porque ele era judeu, ele deixou a Alemanha quando os nazistas chegaram ao poder.

Depois de deixar a Alemanha lecionou por um par de anos em Oxford , antes de se tornar um professor na Universidade de Gotemburgo . Quando Cassirer considerado Suécia também inseguro, ele se candidatou para um cargo na Harvard , mas foi rejeitada porque 30 anos antes, ele havia rejeitado uma oferta de trabalho deles. Em 1941 tornou-se professor visitante na Universidade de Yale , antes de se mudar para a Universidade de Columbia , em Nova York , onde lecionou de 1943 até sua morte em 1945.

Seu filho, Heinz Cassirer , foi também um estudioso kantiano.

História da ciência

Primeiras grandes obras publicadas de Cassirer, foram a história do pensamento moderno desde a Renascença até Kant . De acordo com o Marburg neokantismo ele se concentrou sobre epistemologia. Sua leitura da revolução científica, em livros como O Indivíduo eo Cosmos em Filosofia da Renascença (1927), como uma aplicação de “platônico” da matemática à natureza, influenciou historiadores como EA Burtt , EJ Dijksterhuis e Alexandre Koyré .

Filosofia da ciência

Em Substância e Função (1910), ele escreve sobre a evolução final do século XIX em física e os fundamentos da matemática. Na Teoria da Relatividade de Einstein (1921), ele defendeu a tese de que a física moderna apóia uma concepção neo-kantiana de conhecimento. Ele também escreveu um livro sobre a Mecânica Quântica chamado Determinismo e indeterminismo na física moderna (1936).

Filosofia das formas simbólicas

No Hamburgo Cassirer descobriu a Biblioteca das Ciências Culturais fundada por Aby Warburg . Warburg foi um historiador de arte que estava particularmente interessado em ritual e mito como fontes de sobreviver formas de expressão emocional. Em Filosofia das formas simbólicas (1923-1929) Cassirer argumenta que o homem (como ele mesmo disse em seu mais popular do livro de 1944, Ensaio sobre o Homem ) é um “animal simbólico”. Considerando que os animais percebem o seu mundo por instintos e direta percepção sensorial , os humanos criam um universo de simbólicos significados. Cassirer está particularmente interessado em linguagem natural e mito. Ele argumenta que a ciência e a matemática desenvolvidos a partir de linguagem natural, e da religião e da arte do mito.

Debate Heidegger

Em 1929, Cassirer participou de um encontro historicamente significativa com Martin Heidegger em Davos . Cassirer argumenta que, embora de Kant Crítica da Razão Pura enfatiza temporalidade humana e finitude, ele também procurou situar a cognição humana dentro de uma concepção mais ampla da humanidade. Cassirer desafia relativismo de Heidegger, invocando a validade universal de verdades descobertas pelas ciências exatas e morais.

Filosofia do Iluminismo

Cassirer acredita que a auto-realização da razão leva a libertação humana. Mazlish (2000), no entanto observa que Cassirer em seu A Filosofia do Iluminismo (1932) concentra-se exclusivamente em idéias, ignorando o contexto político e social em que foram produzidos.

A Lógica das Ciências Culturais

Em A Lógica das Ciências Culturais (1942) argumenta que Cassirer validade objetiva e universal, não só pode ser alcançado nas ciências, mas também em fenômenos práticos, culturais, morais e estéticos. Apesar de validade objetiva inter-subjetiva nas ciências naturais deriva de leis universais da natureza, Cassirer afirma que um tipo análogo de validade objetiva intersubjetiva ocorre nas ciências culturais.

O Mito do Estado

O último trabalho de Cassirer O Mito do Estado (1946) foi publicado postumamente, em um nível que é uma tentativa de compreender as origens intelectuais da Alemanha nazista . Cassirer vê a Alemanha nazista como uma sociedade em que o poder perigoso do mito não está marcada ou subjugada por forças superiores. O livro discute a oposição de logos emito no pensamento grego, Platão República , a teoria medieval do Estado, Maquiavel , Thomas Carlyle escritos no culto do herói , as teorias raciais de Arthur de Gobineau , e Hegel . Cassirer alegou que na política do século 20, houve um retorno, com a aquiescência passiva de Martin Heidegger , para a irracionalidade do mito, e, em especial, à crença de que não existe tal coisa como destino. Desse aquiescência passiva, Cassirer diz que para se apartar da crença de Husserl em uma base lógica para a filosofia objetiva, Heidegger atenuou a capacidade da filosofia para se opor o ressurgimento do mito na política alemã da década de 1930.


1875 – 1944

Arquivo: Giovanni Gentile.png

Giovanni Gentile ( Italiano:  [dʒovanni dʒenti ː le] ; 30 de maio, 1875 – 15 abril de 1944) foi um italiano neo-hegeliano idealista filósofo, um par de Benedetto Croce . Ele descreveu a si mesmo como “o filósofo do fascismo “, e ghostwrote A Doutrina do Fascismo (1932) por Benito Mussolini . Ele também inventou o seu próprio sistema de filosofia, idealismo real .

Vida e pensei

Giovanni Gentile nasceu em Castelvetrano , Sicília . Ele foi inspirado por intelectuais italianos, como Mazzini , Rosmini , Gioberti e Spaventa de quem ele emprestou a idéia de autoctisi , “auto-construção”, mas também foi fortemente influenciada pelo idealista alemão e escolas materialistas do pensamento – ou seja, Karl Marx , Hegel e Fichte com quem compartilhou o ideal de criar um Wissenschaftslehre , a teoria de uma estrutura de conhecimento que não faz suposições. Friedrich Nietzsche , também, o influenciou, como visto em uma analogia entre Nietzsche Übermensch e do gentio Uomo Fascista . Ele era um ateu. 

Ele ganhou uma competição acirrada para se tornar um dos quatro alunos excepcionais da prestigiosa Scuola Normale Superiore di Pisa , onde se matriculou na Faculdade de Humanidades .

Gentile como Diretor da histórica Scuola Normale Superiore di Pisa (1928-1936 e 1937-1943).

Durante sua carreira acadêmica gentio era um Professor de História da Filosofia na Universidade de Palermo (27 de Março de 1910), Professor de Filosofia Teórica da Universidade de Pisa (09 de agosto de 1914), Professor de História da Filosofia na Universidade de Roma (11 de novembro, 1917), professor de Filosofia Teórica da Universidade de Roma (1926), o Comissário da Scuola Normale Superiore di Pisa (1928-1932), diretor da Scuola Normale Superiore di Pisa (1932-1943) e Vice-presidente da Universidade Bocconi em Milão (1934-1944).

Em 1923 ele foi nomeado Ministro da Educação Pública para o governo de Benito Mussolini . Nesta função, ele instituiu o ” Riforma gentio “-. uma reforma do sistema de ensino secundário que teve uma influência duradoura sobre a educação italiano. Suas obras filosóficas incluído A Teoria da Mente como Ato Puro (1916) e Lógica como Teoria do Conhecimento (1917), com o qual ele definiu idealismo real , um sistema unificado metafísico sistema reforçando os seus sentimentos que a filosofia isolada da vida, e da vida isolada da filosofia, mas são dois modos idênticos de falência cultural para trás. Para Gentile, que a teoria indicada como a filosofia pode influenciar diretamente, mofo e penetrar a vida: a filosofia poderia governar a vida.

Seu sistema filosófico vistos pensado como muito abrangentes:. Ninguém poderia realmente sair de sua esfera de pensamento, nem exceder o seu pensamento Reality era impensável, exceto em relação à atividade por meio da qual se torna pensável, postulando que como uma unidade – realizada no sujeito ativo e discreto abstrato fenômenos que compreende a realidade – em que cada fenômeno, quando realmente percebeu, estava centrada dentro dessa unidade e, portanto, era intrinsecamente espiritual , transcendente e imanente , a todas as coisas possíveis em contato com a unidade. Gentile usado que filosófico quadro para sistematizar cada item de interesse que agora estava sujeito à regra da auto-identificação absoluta – tornando assim como corretas todas as conseqüências da hipótese . A filosofia resultante pode ser interpretado como um idealista fundação para Naturalismo Legal .

Giovanni Gentile foi descrito por Mussolini, e por si mesmo, como “o filósofo do fascismo “, além disso, ele era o ghostwriter do ensaio A Doutrina do Fascismo (1932), por Benito Mussolini . Foi publicado pela primeira vez em 1932, na Enciclopédia Italiana , (dirigido por Gentile, editor-chefe Antonino Pagliaro, editado por Giovanni Treccani), no qual ele descreveu os traços característicos do fascismo italiano no momento: obrigatória estado corporativismo , filósofo Reis , a abolição do parlamentar sistema e autarquia . Ele também escreveu o Manifesto dos Intelectuais fascistas , assinado por muitos escritores e intelectuais , incluindo Luigi Pirandello , Gabriele D’Annunzio , Filippo Tommaso Marinetti e Giuseppe Ungaretti .

Gentile se tornou um membro do Grande Conselho do regime fascista, e permaneceu fiel a Mussolini, mesmo após a queda do governo fascista em 1943. Ele apoiou Mussolini no estabelecimento da ” República de Salò “, um estado fantoche da Alemanha nazista, apesar de ter criticado as suas leis anti-semitas, e ele aceitou o cargo no governo. Gentile foi o último presidente da Real Academia da Itália (1943-1944).

Em 1944, um grupo de anti-fascistas partidários , liderada por Bruno Fanciullacci, tiro ‘o filósofo do fascismo “morto enquanto voltava da Prefeitura em Florença , onde ele defendeu a liberação de intelectuais anti-fascistas. 

Giovanni Gentile assim acreditava firmemente que a concretude filosófico do fascismo possuía uma dialética inteligência que superou exame intelectual, que ele presume que a oposição intelectual só reforçaria, e, assim, dar crédito a, a verdade da superioridade do fascismo como uma forma superior de organização política . 

Fases de seu pensamento

Há uma série que têm desenvolvimentos seu pensamento e de carreira que definiu sua filosofia.

  • A descoberta do idealismo real em sua obra Teoria da Lei Pura (1903).
  • A favor político que sentia para a invasão da Líbia (1911) e a entrada da Itália na I Guerra Mundial (1915).
  • A disputa com Benedetto Croce sobre a inevitabilidade histórica do fascismo. 
  • Seu papel como ministro da Educação (1923).
  • Sua crença de que o fascismo poderia ser feito para ser subserviente ao seu pensamento e coleta de influência através do trabalho desses alunos como Ugo Spirito.

Filosofia

Benedetto Croce escreveu que gentio “… tem a honra de ter sido o mais rigoroso neo-hegeliano em toda a história da filosofia ocidental ea desonra de ter sido o filósofo oficial do fascismo na Itália”.  Sua base filosófica para fascismo estava enraizada em sua compreensão da ontologia e epistemologia , na qual ele encontrou justificativa para a rejeição do individualismo , a aceitação do coletivismo , com o Estado como a posição final de autoridade e lealdade a que o indivíduo encontrado na concepção de individualidade nenhum significado fora do Estado (que por sua vez justifica o totalitarismo ).

A relação conceitual entre o idealismo real do gentio e seu fascismo não é evidente. A suposta relação não parece ser um dos dedutibilidade lógica. Idealismo real não implica uma ideologia fascista, em qualquer sentido rigoroso. Gentio, que gostava de relações intelectuais frutíferos com Croce, de 1899 e, particularmente, durante a sua editoria conjunta de La Critica , 1903-1922, quebrou filosófica e politicamente de Croce no início de 1920. Croce avalia a discordância filosófica em Una discussione tra filosofi amici em conversazioni Critiche , II.

Em última análise, Gentile previu uma ordem social na qual os opostos de todos os tipos não fosse considerado como existindo independentemente um do outro, para que “publicidade” e “caráter privado”, como interpretações amplas eram atualmente falso como imposta por todos os antigos tipos de Governo, incluindo o capitalismo e comunismo , e que só o Estado totalitário recíproca de Corporative sindicalismo, um estado fascista, poderia derrotar estes problemas que são feitas de reificação como uma realidade externa que é, de fato, a Gentile, apenas uma realidade pensar. Considerando que era comum na filosofia do tempo de ver o assunto condicional como abstrata e o objeto tão concreto, Gentile postulou o contrário, que o sujeito é o concreto e o objeto é uma abstração (ou melhor, que o que foi convencionalmente denominada ” sujeito “é na verdade apenas objeto condicional, e que o verdadeiro sujeito é o” ato de “ser ou essência do objeto).

Gentio era um teórico filosófico notável do seu tempo em toda a Europa, uma vez tendo desenvolvido seu sistema de “idealismo real ‘de idealismo , por vezes chamado de “atualismo. Foi especialmente no qual suas idéias colocar sujeito à posição de um transcender a verdade acima de positivismo que chamou a atenção, por forma que todos os sentidos sobre o mundo só pode tomar a forma de idéias dentro de sua mente em qualquer sentido real, para Gentile mesmo a analogia entre a função e localização do cérebro físico com as funções do corpo físico foram uma criação consistente da mente (e não cérebro, o que foi uma criação da mente e não o contrário). Um exemplo de idealismo real em Teologia é a idéia de que, embora o homem pode ter inventado o conceito de Deus, isso não faz de Deus menos real, em qualquer sentido possível na medida em que não é pressuposto de existir como abstração e, exceto em casos de qualidades sobre o que implica a existência de fato (ou seja, sendo inventados para além do pensamento tornando-se) são pressupostos. Benedetto Croce objetou que “ato puro” do gentio não é nada mais do que Schopenhauer é vontade .

Portanto Gentile propôs uma forma de que ele chamou de “absoluta Immanentism “, em que o divino era o presente concepção da realidade na totalidade de seu pensamento individual, como uma evolução, crescimento e processo dinâmico. Muitas vezes acusado de solipsismo , Gentile manteve sua filosofia de ser um humanismo que sentiu a possibilidade de nada além do que era coligar na percepção; pensamento humano a si mesmo, a fim de comunicar a imanência é ser humano como a si mesmo, fez uma empatia coeso de a auto-mesmo, sem uma divisão externa e, portanto, não modelados como objetos para o pensamento próprio. Considerando solipsismo se sentiria preso na realização de sua solidão, atualismo rejeita tal privação e é uma expressão da liberdade que só é possível dentro de contingências objetivas, onde o eu transcendental não existe mesmo como um objeto, e co-comprovação da dialética outros, necessários para entender o eu empírico são sentidos como verdadeiros os outros quando considerada a subjetividade unrelativistic de todo que eu e essencialmente unificado com o espírito de tal auto superior in actu , onde outros possam ser verdadeiramente conhecido, ao invés de pensamento como mônadas sem janelas.

Filosofia imanentista do gentio foi divergente dos outros em que, enquanto ele colocou o centro da existência e toda a espiritualidade no indivíduo, ele percebeu a consequência do que isso significa imersão altruísta completo e rebaixamento para o plano social de ação como sendo a vanguarda mais verdadeiro da vontade de um indivíduo assim entendido, quando expressa corretamente e puramente. Isso ocorre porque a realidade social Gentile não era exterior ao indivíduo, mas foi uma extensão qualificado do indivíduo pelo fato de que era a pessoa que reconheceu a realidade social e todas as suas implicações e qualificações através de nenhum meio para além da mente de si mesmo. Embora ele possa imaginar que ele o faz através de seus sentidos, que são novamente apenas externa na medida em que a mente apreende internamente que eles sejam. Este ato constituindo a extensão do que representa caráter externo, continua a ser para gentios um produto exclusivamente no apreensão que transcende estar exterior. Ao fazê-lo, em virtude de que tal apreensão imanente é o que exclusivamente deve ser mencionado ao manter a base do que parece externos ao indivíduo.

Gentile mantida a necessidade de uma oposição inteligente para a intelectualização de sistemas a ser, divorciada da prática, que ele classifica “abstrata” e por isso de difícil controle, se não impraticável. Embora esta posição é citado por sua terminologia como ” anti-intelectualismo “, ele atribui a ele ainda o fator de inteligência. Significado “inteligência” é como ele penetra, e não como ela é objeto, isto é, não como ele é, quando no “intelectual” tenso da palavra. No sentido comum do termo fora dos gentios interpretação altamente analítica do que a sua filosofia, filosofia gentios, na verdade contém todos os critérios em relação à comportam uma posição favorável em direção a ter atividades “intelectuais”.

Gentile tomou a posição contra a psicologia e psicanálise que não se pode abstrair (ou seja, tornar objeto de) a fonte que cria a sua própria realidade circundante, como se faz por sua própria filosofia, e que todas as observações empíricas da antropologia comportamental parecem verdadeiras porque empiricalismo sempre segue as suas próprias leis, sendo um sistema fechado é verdade dentro de sua própria considerada vácuo. Ao invés de olhar para o externo para a fonte de sua mentalidade, Gentile considerou que qualquer colorações sobre o que o primeiro manifesta externos como são inicialmente criados dentro de si e, portanto, o externo é um produto da própria psicologia e não o contrário.

A teoria de gentio pode ser considerado uma forma extrema de a Navalha de Occam , embora possa parecer senso comum para desafiar a Navalha de Occam outright pelo pensamento complexo envolvido para se relacionar com a sua teoria. Gentile no entanto deduzir que o senso comum em considerar a realidade material era para ele não filosófico, porque não era auto-crítica de seus pressupostos sensoriais. Para Gentile, tornando uma categoria de pensamento de sua própria teoria desafiou-o, transformando-o em objeto, em que essa idéia da filosofia que não foi mantido no assunto ou verdadeiramente “real” não poderia ser idealismo real.

Uma de suas obras mais importantes é Genesi e Struttura della Società no qual ele argumenta que o indivíduo é uma abstração proveniente de análise da sociedade. Uma das conseqüências que ele desenha é que o Estado e o indivíduo são uma e a mesma coisa e que a sua divisão é um exemplo de abstração formal. A obra foi escrita depois de Mussolini foi deposto pelo Grande Conselho Fascista , mas antes do anúncio do armistício entre a Itália e os Aliados em 08 de setembro de 1943 e a República de Salò em 14 de setembro de 1943.

Definição do gentio e visão para o fascismo

Gentio procurou fazer a sua filosofia se tornar a base do fascismo, da mesma forma Marx desenvolveu sua filosofia como base do comunismo. No entanto, com gentios e com o fascismo, o “problema do partido ‘existiu, e existiu pelo fato de que o partido fascista veio a ser organicamente ao invés de um trato ou pré-fabricados doutrina de pensamento. Isso complicou o assunto para Gentile, uma vez que deixou há consenso a qualquer forma de pensar entre os fascistas, mas, ironicamente, este aspecto foi a visão de Gentile de como uma doutrina de Estado ou do partido devem viver a sua existência: com o crescimento orgânico naturais e oposição dialética intacta. O fato de que Mussolini deu crédito a pontos de vista de gentios através de autoria do gentio ajudou com uma consideração oficial, mesmo que o “problema do partido continuou a existir por si mesmo Mussolini também.

Gentile colocou-se na tradição marxista, em muitos aspectos, mas ele acredita que a concepção da dialética de Marx para ser a falha fundamental do seu pedido de tomada de sistema. Para Gentile, Marx fez a dialética em objeto externo e, portanto, abstraído ele, tornando-o parte de algum processo que, teoricamente, existe de matéria e material de fora. A dialética de Gentile só poderia ser algo de preceitos humanos, algo que é uma parte ativa do pensamento humano. Dialética era a Gentile sujeito concreto e não abstrato objeto . Este gentio expôs pela forma como os seres humanos pensam em formas em que um lado de uma dupla oposto não pode ser pensado sem o seu complemento.

“Para cima” não seria conhecido, sem “para baixo” e “calor” não pode ser conhecido sem o “frio”, enquanto cada um são opostos eles são co-dependentes para a realização de um deles: estes eram criações que existiam apenas na dialética humana pensando e não pôde ser confirmada fora da qual, e, especialmente, não se pode dizer que existem em uma condição externa ao pensamento humano como matéria independente e um mundo fora da subjetividade pessoal ou como uma realidade empírica, quando não concebida em unidade e do ponto de vista da mente humana.

Para Gentile, Marx exteriorizando a dialética era essencialmente um misticismo fetichista. Embora quando vistos externamente, assim, seguia-se que Marx poderia, então, fazer reivindicações para o efeito do que estado ou condição dialética objetivamente existiu na história, a posteriori de onde qualquer opinião indivíduos foi enquanto comportam-se ao todo somaram a sociedade. ou seja, as próprias pessoas poderiam por esse ponto de vista ser ideologicamente “para trás” e deixou para trás a partir do estado atual da dialética e não a si mesmos ser parte do que está criando ativamente a dialética como-ela-é.

Gentio achava que isso era um absurdo, e que não havia nenhum objeto dialético “positiva” que existe independentemente. Em vez disso, a dialética era natural para o Estado, como-ela-é. O que significa que os interesses que compõem o estado está compondo a dialética pelo seu viver processo orgânico de sustentar opiniões opostas dentro desse estado, e é aí que unificada. Sendo a condição média desses interesses que já existam. Mesmo a criminalidade, é unificado como uma dialética, necessariamente, a ser incluído no estado e uma criação e saída natural da dialética do Estado positivo, como sempre é.

Esta visão justificou o sistema corporativo, em que os interesses individuais e particulares de todos os grupos divergentes fossem personalidade incorporada no estado, cada um a ser considerada um ramo burocrático do próprio Estado e dado alavancagem oficial. Gentile, ao invés de acreditar que o privado para ser engolido sinteticamente dentro do público, como Marx iria tê-lo em sua dialética objetiva, acredita que público e privado foram a priori identificados uns com os outros em uma dialética ativa e subjetiva: um não poderia ser incluído plenamente em o outro como eles já estão de antemão o mesmo. De tal maneira cada um é o outro à sua maneira e de seu respectivo, parente, e recíproca, posição. No entanto, ambos constituem o estado em si e nem são livres a partir dele, nada nunca ser verdadeiramente livre dele, o estado existente como condição eterna e não um objetivo, coleção abstrata de valores atomística e fatos de os dados sobre o que está governando positivamente as pessoas em qualquer dado momento.


1875 – 1949

Martin Grabmann (05 de janeiro de 1875 – 09 de janeiro de 1949) foi um alemão padre católico, medievalista e historiador de teologia e filosofia . Grabmann foi um pioneiro da história da filosofia medieval e tem sido chamado de “o maior estudioso católico do seu tempo”. 

Cedo Biografia

Grabmann nasceu em Winterzhofen , Alemanha, em 05 de janeiro de 1875 para um pais bávaros profundamente religiosos, Joseph Grabmann (1848-1915), um fazendeiro, e Walburga Bauer (1850-1886). Grabmann tinha dois irmãos. 

Ele participou Gymnasium em Eichstätt. Mais tarde, na Faculdade de Filosofia e Teologia da Bischoefliches Lyzeum, um centro de Scholastic renovação Grabmann foi influenciado por seu professor Franz von Paula Morgott (1829-1900) para estudar a obra de Tomás de Aquino .

Formação

Em agosto 1895 Grabmann entrou no Dominicana novitate no que é hoje Olomouc, na República Checa, mas deixou seis meses depois, para o exercício da priesthhood secular sendo ordenado em 20 de março de 1898. Ele se tornou um terciário da Ordem Dominicana em 1921. Após a ordenação , em 1898 Grabmann foi enviado por seu bispo para estudar em Roma.

Grabmann era um ex-aluno do Colégio Divi Thomae de Urbe , o futuro Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino Angelicum , em Roma ( Itália ). No Angelicum Grabmann obteve um bacharelado, licenciatura e doutorado em Teologia em 1901 e doutorado em teologia em 1902. Durante seu tempo no Angelicum Grabmann estudou paleografia na biblioteca do Vaticano incentivado por dois dos paleógrafos mais ilustres da época, Heinrich Denifle, OP prefeito da biblioteca do Vaticano e o cardeal Franz Ehrle, SJ.

Carreira

Grabmann foi feito professor de teologia e filosofia em Eichstätt em 1906.

A primeira de suas grandes obras, Die Geschichte der scholastischen Método , em dois volumes, 1909 e 1911 fez uso extensivo de textos medievais inéditos. Após a publicação de sua obra em dois volumes, ele foi premiado com um doutoramento honoris causa pelo Instituto Superior de filosofia (Instituto Superior de Filosofia), de Louvain, em 1913.

Grabmann foi chamado para a Universidade de Viena em 1913 para ocupar a cadeira de filosofia cristã na Faculdade de Teologia. Em Viena, ele completou uma pesquisa pioneira sobre a história do aristotelismo no século 13, que foi publicado em 1916 como Forschungen über die lateinischen Aristoteles-Übersetzungen des XIII. Jahrhunderts .

Grabmann retornou à Baviera em 1918 para servir como professor de teologia dogmática na Universidade de Munique . Durante esse tempo, pesquisas e publicações da Grabmann floresceu incluindo 212 livros, artigos e comentários. Entre 1921 e 1938 sua pesquisa o levou a maioria das grandes bibliotecas italianas especializadas em estudos medievais, bem como a bibliotecas em Espanha, França, Bélgica e Suécia. 

Influência

Grabmann foi o primeiro estudioso a trabalhar os contornos do desenvolvimento contínuo de pensamento na escolástica e ver em Tomás de Aquino uma resposta e desenvolvimento do pensamento em vez de uma única, coerente surgiu e todo orgânico.

Pensamento de Grabmann foi fundamental para toda a compreensão moderna da escolástica e o papel central de Aquino. Grabmann foi fundamental na promoção da variedade de interpretações contemporâneas da escolástica e de Aquino.

Obras

2 volumes obra-prima de Grabmann A história do método escolástico (Die Geschichte der scolastischen methode) (1909-1911) é o primeiro trabalho acadêmico a delinear o desenvolvimento contínuo da escolástica.

Seu Tomás de Aquino: sua personalidade e pensamento (Thomas von Aquin, eine Einführung em seine persönlichkeit und gedankenwelt) (1912) enfatiza o desenvolvimento de Aquino de pensamento mais do que do que um único sistema, coerente.

Embora as obras de Grabmann em alemão são numerosos, apenas Tomás de Aquino (1928) está disponível em Inglês .

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1877 – 1964

Reginald Marie Garrigou-Lagrange, O.P. (Auch, França, 21 de fevereiro de 1877, – Roma, Itália, 15 de fevereiro de 1964) foi um monge dominicano e um dos maiores teólogos do Século XX. Entre os tomistas é considerado uma das maiores autoridades devido à sua inteligencia e memoria brilhante. Lecionou no Angélico em Roma entre 1909 e 1960.

Frade Garrigou-Lagrange se tornou conhecido ao escrever contra os modernistas e, posteriormente devido a seus escritos espirituais de profundo pensamento teologico. Propôs uma tese sobre a contemplação infusa resultante da vida mistica como uma via normal de santidade na perfeição Cristã. Seus grandes clássicos estão no “The Three Ages of the Interior Life”. Teve ainda muitos alunos ilustres, entre eles o Papa João Paulo II.

Produziu 28 livros (a maioria sem tradução para o português) a centenas de artigos, entre eles:

  • God, His Existence and Nature: A Thomistic Solution of Certain Agnostic Antinomies (1914)
  • Christian Perfection and Contemplation according to St Thomas Aquinas and St John of the Cross (1923)
  • The Love of God and the Cross of Jesus (1929)
  • Providence (1932)
  • Predestination (1936)
  • The Three Ways of the Spiritual Life (1938)
  • The Three Ages of the Interior Life: Prelude of Eternal Life (1938)
  • Christ the Saviour (1945), commentary on Summa Theologica III.1-26, 31-59
  • Life Everlasting and Immensity of the Soul (1947)
  • Grace (1947), commentary on Summa Theologica I-II.109-114
  • The Mother of the Saviour and our Interior Life (1948)
  • The Priest in Union with Christ (1948)
  • The Theological Virtues – Vol. 1: Faith (1948), commentary on Summa Theologica II-II.1-16
  • Beatitude (1951), commentary on Summa Theologica I-II.1-54
  • The One God, commentary on Summa Theologica I.1-26
  • The Trinity and God the Creator, commentary on Summa Theologica I.27-119
  • Reality: A Synthesis of Thomistic Thought
  • Life Everlasting

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1872 – 1970

Ficheiro:Honourable Bertrand Russell.jpg

Bertrand Arthur William Russell, 3º Conde Russell OM FRS (Ravenscroft, País de Gales, 18 de Maio de 1872 —Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos que viveram no século XX. Político liberal, ativista e um popularizador da filosofia, Russell foi respeitado por inúmeras pessoas como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi controversa.

Russell nasceu em 1872, no auge do poderio econômico e político do Reino Unido, e morreu em 1970, vítima de uma gripe, quando o império se tinha desmoronado e o seu poder drenado em duas guerras vitoriosas mas debilitantes. Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra estadunidense no Vietnã. Era inquieto.

Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, “em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento“.

Biografia

Bertrand Russell pertenceu a uma família aristocrática inglesa. O seu avô paterno, Lord John Russell tinha sido primeiro-ministro nos anos 1840 e era ele próprio o segundo filho do sexto duque de Bedford, de uma família whig (partido liberal, que no século XIX foi muito influente e alternava no poder com os conservadores- “tories”). Os seus pais eram extremamente radicais para o seu tempo. O seu pai, o visconde de Amberley, que faleceu quando Bertrand tinha 4 anos, era um ateísta que se resignou com o romance de sua mulher com o tutor de suas crianças. A sua mãe, viscondessa Amberley (que faleceu quando Bertrand tinha 2 anos de idade) pertencia a uma família aristocrática, era irmã de Rosalinda, condessa de Carlisle. O padrinho de Bertrand foi o filósofo utilitarista John Stuart Mill.

Visconde de Amberley, pai de Bertrand Russell

Apesar dessa origem algo excêntrica, a infância de Russell leva um rumo relativamente convencional. Após a morte de seus pais, Russell e o seu irmão mais velho Frank (o futuro segundo conde) foram educados pelos avós, bem no espírito vitoriano – o conde Lord John Russell e a condessa Russell, sua segunda mulher, Lady Frances Elliott. Com a perspectiva do casamento, Russell despede-se definitivamente das expectativas dos seus avós.

Russell conheceu, inicialmente, a Quaker americana Alys Pearsall Smith quando tinha 17 anos de idade. Apaixonou-se pela sua personalidade puritana e inteligente, ligada a vários ativistas educacionais e religiosos, tendo casado com ela em Dezembro de 1894.

O casamento acabou com a separação em 1911. Russell nunca tinha sido fiel; teve vários casos com, entre outras, Lady Ottoline Morrell (meio-irmã do sexto duque de Portland) e a atriz Lady Constance Malleson.

Russell estudou filosofia na Universidade de Cambridge, tendo iniciado os estudos em 1890. Tornou-se membro (fellow) do Trinity College em 1908. Pacifista, e recusando alistar-se durante a Primeira Guerra Mundial, perdeu a cátedra do Trinity College e esteve preso durante seis meses. Nesse período, escreveu a Introdução à Filosofia da Matemática. Em 1920, Russell viajou até à Rússia, tendo posteriormente sido professor de filosofia em Pequim por um ano.

Em 1921, após a perda do professorado, divorciou-se de Alys e casou com Dora Russell, nascida Dora Black. Os seus filhos foram John Conrad Russell (que sucedeu brevemente ao seu pai como o quarto duque Russell) e Lady Katherine Russell, agora Lady Katherine Tait). Russell financiou-se durante esse tempo com a escrita de livros populares explicando matérias de Física, Ética e Educação para os leigos. Conjuntamente com Dora, fundou a escola experimental de Beacon Hill em 1927.

Com a morte do seu irmão mais velho em 1931, Russell tornou-se o terceiro conde Russell. Foi, no entanto, muito raro que alguém se lhe tenha referido por este nome.

Após o fim do casamento com Dora e o adultério dela com um jornalista americano, em 1936, ele casou pela terceira vez com uma estudante universitária de Oxford chamada Patricia (“Peter”) Spence. Ela tinha sido a governante de suas crianças no verão de 1930. Russell e Peter tiveram um filho, Conrad.

Na primavera de 1939, Russell foi viver nos Estados Unidos, em Santa Barbara, para ensinar na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Foi nomeado professor no City College de Nova Iorque pouco tempo depois, mas depois de controvérsia pública, a sua nomeação foi anulada por tribunal: as suas opiniões secularistas, como as encontradas em seu livro “Marriage and Morals”, tornaram-no “moralmente impróprio” para o ensino no college. Seu livro “Why I Am Not a Christian” que foi uma pronunciação realizada nos anos 20 na seção sul da National Secular Society de Londres e o ensaio “Aquilo em que Creio” foram outros textos que causaram a confusão. (Existe uma pequena história da crise gerada pelo impedimento de Russell de lecionar no City College na introdução da edição brasileira da coletânea ensaios de Russell chamada: “Por que não sou cristão: e outros ensaios sobre religião e assuntos correlatos”). Regressou à Grã-Bretanha em 1944, tendo voltado a integrar a faculdade do Trinity College.

Em 1952, Russell divorciou-se de Patrícia e casou-se, pela quarta vez, com Edith (Finch). Eles conheciam-se desde 1925. Ela tinha ensinado inglês no Bryn Mawr College, perto de Filadélfia, nos Estados Unidos.

Em 1962, já com noventa anos, mediou o conflito dos mísseis de Cuba para evitar que se desencadeasse um ataque militar. Organizou com Albert Einstein o movimento Pugwashque luta contra a proliferação de armas nucleares.

Bertrand Russell escreveu a sua autobiografia em três volumes nos finais dos anos 60 e faleceu em 1970 no País de Gales. As suas cinzas foram dispersas sobre as montanhas galesas.

Foi sucedido nos seus títulos pelo seu filho do segundo casamento com Dora Russell Black, e, posteriormente, pelo seu filho mais novo (do seu casamento com Peter). Seu filho mais novo, Conrad (nome dado em homenagem ao seu amigo, Joseph Conrad), quinto duque Russell, é um membro da Câmara dos Lordes e um respeitado acadêmico britânico.

Ideias filosóficas

Durante sua longa vida, Russell elaborou algumas das mais influentes teses filosóficas do século XX, e, com elas, ajudou a fomentar uma das suas tradições filosóficas, a assim chamada Filosofia Analítica. Dentre essas teses, destacam-se a tese logicista, ou da lógica simbólica, de fundamentação da Matemática. Segundo Russell, todas as verdades matemáticas – e não apenas as da aritmética, como pensava Gottlob Frege – poderiam ser deduzidas a partir de umas poucas verdades lógicas, e todos os conceitos matemáticos reduzidos a uns poucos conceitos lógicos primitivos.

Um dos elementos impulsionadores desse projeto foi a descoberta, em 1901, de um paradoxo no sistema lógico de Frege: o chamado paradoxo de Russell. A solução de Russell – para esse e outros paradoxos – foi a teoria dos tipos (inicialmente, a teoria simples dos tipos; posteriormente, a teoria ramificada dos tipos), um dos pilares do seu logicismo. Trata-se, segundo Russell, de se imporem certas restrições à suposição de que qualquer propriedade que pode ser predicada de uma entidade de um tipo lógico possa ser predicada com significado de qualquer entidade de outro ou do mesmo tipo lógico. O tipo de uma propriedade deve ser de uma ordem superior ao tipo de qualquer entidade da qual a propriedade possa com significado ser predicada.

Como outro pilar desse projeto, Russell concebeu a teoria das descrições definidas, apresentada em franca oposição a algumas de suas antigas ideias – em especial, as contidas em sua teoria do significado e da denotação defendida no seu livro The Principles of Mathematics – e à teoria do sentido e referência de Frege. Para Russell, a análise lógica precisa de frases declarativas contendo descrições definidas – expressões como p.ex. “o número primo par”, “o atual rei da França”, etc. – deve deixar clara que, contrariamente às aparências, essas frases não expressam proposições singulares – algumas vezes denominadas proposições russellianas, mas proposições gerais. p.ex., a frase

(1) O número primo par é maior do que 1,

embora superficialmente tenha a mesma estrutura da frase

(2) Isto é vermelho,

ou seja, aparente como (2) representar uma proposição singular, realmente representa uma proposição geral. Para Russell, (1) analisa-se assim:

(1) Existe pelo menos um número primo par, e existe no máximo um número primo par, e ele é maior do que 1.

Assim, tal análise deixaria transparente que descrições definidas funcionam logicamente como quantificadores. Contrariamente à sua antiga teoria do significado e da denotação — e à teoria do sentido e referência de Frege–, a teoria das descrições definidas de Russell não associa às descrições definidas significado e denotação — sentido e referência. Segundo Russell, tais expressões desempenham um papel semântico bastante diferente, qual seja, o de denotar ( quando existe o objeto descrito pela descrição definida). Por outro lado, as expressões que desempenhariam o papel de referirem-se diretamente aos objetos seriam “nomes em sentido lógico” (nomes logicamente próprios), como chamou Russell. Um dos seus exemplos preferidos de nomes logicamente próprios são os pronomes demonstrativos: “isto”, “este”, etc.

Russell também estendeu a sua análise de frases contendo descrições definidas para frases contendo nomes próprios ordinários. Segundo ele, nomes próprios ordinários seriam, de fato, abreviações de descrições definidas que porventura se têm em mente quando se usam tais nomes. P.ex., “Aristóteles” poderia ser uma abreviação de uma descrição como “o maior discípulo de Platão”. (Tal concepção a respeito de nomes próprios ordinários — uma forma de descritivismo — foi um dos alvos de Saul Kripke em Naming and Necessity, que ali defendeu uma forma de millianismo.)

Em estreita harmonia com essas teses lógico-semânticas, Russell desenvolveu algumas teses de teoria do conhecimento, em particular, a distinção entre conhecimento direto (by acquaintance) e conhecimento por descrição. Assim, o conhecimento que se tem de uma mancha vermelha numa parede, para Russell, poderia ser expresso numa frase como (2); por outro lado, o conhecimento que se tem dos números e de suas relações, p.ex., que 2 é maior do que 1, envolveria conceitos lógicos, e não o conhecimento direto dos números. Russell formulou a relação entre essas duas formas de conhecimento no seguinte princípio: todo o conhecimento envolve a relação direta do sujeito cognoscente com algum objeto (a relação de conhecer diretamente ou, conversamente, de apresentação de um objeto a um sujeito cognoscente), mesmo que esse conhecimento seja conhecimento por descrição de outro objeto.

Da volumosa obra de Russell, destacam-se o seu livro de 1903, The Principles of Mathematics (que consiste numa apresentação informal do projeto logicista de Russell); o clássico artigo de 1905, “On Denoting” (em que Russell apresenta pela primeira vez ao público sua teoria das descrições definidas); o livro em três volumes, em co-autoria com o A.N.Whitehead, publicados entre 1910 e 1913, intitulado Principia Mathematica (a segunda edição, de 1925, contem importantes modificações no projeto logicista de Russell-Whitehead); o seu artigo de 1910-11,”Knowledge by Acquaintance and Knowledge by Description”; e as conferências proferidas no inverno de 1917-18, reunidas sob o título The Philosophy of Logical Atomism.

“Man is part of Nature, not something contrasted with Nature” (Bertrand Russel, 1925. What I Believe)

A ética ecocêntrica coloca a natureza como tema central do planeta e o homem como parte dela. Esta concepção se contrapõe à ética antropocêntrica, adotada pela cultura tradicional europeia, que considera o homem como o centro e senhor do universo e a natureza como subordinada aos seus interesses. A visão ecocêntrica parte de dois princípios: em primeiro lugar, considera que todos os seres que compõem a natureza, da mesma forma que o homem tem direito à vida; segundo, que é impossível preservar o homem se a natureza for destruída. Quer dizer: estamos todos em um mesmo barco. Ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém. Além disso, a ética ecocêntrica responsabiliza o homem pela salvação de todos, pois ele é o único que tem consciência do que está acontecendo e é o que mais destrói.

Causas políticas

Russell passou os anos 1950 e 1960 envolvido em várias causas políticas, principalmente relacionadas com o desarmamento nuclear e a oposição à Guerra do Vietnã. O Manifesto Russell-Einstein de 1955 foi um documento pedindo o desarmamento nuclear assinado por 11 dos físicos nucleares mais proeminentes e intelectuais da época. Ele escreveu muitas cartas aos líderes mundiais durante este período, e esteve em contato com Lionel Rogosin enquanto o último estava filmando seu filme anti-guerra Good Times, Wonderful Times, em 1960. Tornou-se um herói para muitos dos membros da juventude da New Left. No início de 1963, em particular, Russell tornou-se cada vez mais crítico quanto à desaprovação do que ele sentia serem políticas quase genocidas do governo dos EUA no Vietnã do Sul. Em 1963, Russell tornou-se o destinatário inaugural do Jerusalem Prize, um prêmio para os escritores preocupados com a liberdade do indivíduo na sociedade. Em outubro de 1965, ele rasgou o cartão do Partido Trabalhista Inglês Labour Party, porque suspeitava que o partido iria enviar soldados para apoiar os EUA na Guerra do Vietnã. Ao longo de sua vida Russell escreveu diversos livros e ensaios criticando e propondo novas soluções para a sociedade em diferentes momentos, desde a virada do século XIX até boa parte do século XX. Em Roads to Freedom: Socialism, Anarchism, and Syndicalism, o autor sugere um modelo de Socialismo de Guilda, alternativo ao das principais correntes da época, como Socialismo Soviético, Capitalismo Industrial, Imperialismo, Neocolonialismo, baseando-se em críticas ao próprio Socialismo, bem como ao Anarquismo e ao Sindicalismo.

Visão sobre a sociedade

A visão de Bertrand Russell sobre a sociedade tratou de diversos aspectos ligados a política, economia, direitos humanos, ética, pacifismo e moral. Seus pontos de vista foram se modificando ao longo de sua vida (morreu aos 98 anos). O artigo Visão de Bertrand Russell sobre a sociedade cobre algumas destas etapas e pontos de vista do filósofo, matemático e ativista social, a partir de seus primeiros escritos em 1896 bem como seu ativismo político e social em longo prazo até sua morte em fevereiro de 1970. Em sua obra “Caminhos para a liberdade”, Russell propõe um novo modelo de sociedade baseado em valores como justiça social, máxima liberdade individual e mínimo de controle e opressão de poderes centrais sobre os indivíduos, porém com grande papel do estado para assuntos econômicos e financeiros. Seus pensamentos são baseados no socialismo de guilda e no anarquismo.

Cquote1.png O sistema que preconizamos é uma forma de socialismo de guilda, tendendo mais talvez para o anarquismo do que o aprovariam inteiramente seus defensores oficiais. É nas questões que os políticos habitualmente ignoram – ciência, arte, relações humanas e alegria de viver – que o anarquismo se mostra mais forte, e é principalmente por causa delas que incluímos em nossa discussão certas propostas mais ou menos anarquistas, como por exemplo, o ‘salário do ócio’. É por seus efeitos fora da economia e da política, ao menos tanto quanto por seus efeitos nelas, que um sistema social deve ser julgado. E, se o socialismo um dia vier, é provável que só se revele benéfico se os bens de natureza não econômica forem valorizados e conscientemente procuradosCquote2.png
— Bertrand Russell

Ativismo

Política e ativismo social ocuparam grande parte do tempo de Russell durante maior parte de sua longa vida, o que torna sua escrita prodigiosa e seminal em uma ampla gama de assuntos, técnicos e não-técnicos, todos bastante notáveis.

Russell manteve-se politicamente ativo até o fim de sua vida, escrevendo para os líderes mundiais exortando-os a respeito de causas que defendia emprestando seu nome a elas. Alguns sustentam que durante seus últimos anos ele deu a seus jovens seguidores licença demais e que usaram seu nome para propósitos estranhos que não teriam sido aprovadas por um Russell mais atento. Há evidências que mostram que ele se tornou ciente disso quando demitiu seu secretário particular, Ralph Schoenman, então um jovem agitador de esquerda radical.

Pacifismo, guerra e armas nucleares

Russell nunca foi um completo pacifista. Ele resistiu a guerras específicas cujas motivações eram contrárias aos interesses da civilização e, portanto, imorais. Embora em seu artigo de 1915 intitulado “The Ethics of War”, Russell tenha defendido guerras da colonização, por motivos utilitários, em 1918 já havia mudado de posição abandonando o nacionalismo moderado de anos anteriores em favor do pacifismo. Seu novo posicionamento foi mal recebido pelas autoridades britânicas que o fizeram passar por uma temporada na prisão, conforme narra em seu livro “Portraits from memory” de 1958. Na ocasião em que esteve encarcerado escreveu “Introduction to mathematical philosophy”.

O ativismo de Russell contra a participação britânica na Primeira Guerra Mundial levaram-no a multas, perda de liberdade de circulação no Reino Unido e à não renovação de sua bolsa de estudos na Trinity College, Cambridge.. Ele acabou sendo condenado à prisão em 1918 por interferir na política externa britânica – argumentou que os trabalhadores britânicos devem ser cautelosos com o Exército dos Estados Unidos, pois eles tinham experiência em furar greves. Russell foi libertado depois de cumprir seis meses, mas foi ainda supervisionado de perto até o fim da guerra conforme escreve em “Bertrand Russell e os pacifistas na Primeira Guerra Mundial”

Em 1943, Russell marcou sua posição em relação à guerra com o ensaio: “Relative political pacifism”. Ele afirmou que a guerra sempre foi um grande mal, mas em algumas circunstâncias particularmente extremas (como quando Adolf Hitler ameaçou assumir a Europa), afirmou que a guerra – por exemplo, contra o nazismo – poderia ser um mal menor. Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, ele apoiou a política de apaziguamento, mas em 1940 reconheceu que, a fim de preservar a democracia, Hitler tinha de ser derrotado. Este mesmo compromisso, relutante, de valor foi compartilhado por seu conhecido AA Milne em “Os Dilemas da pacifistas britânicos durante a Segunda Guerra Mundial” publicado na JSTOR: A Revista de História Moderna volume 50, 4ª edição, 1978.

Russell opôs-se constantemente à existência de armas nucleares desde a sua primeira utilização. No entanto, houve uma controversa discussão entre diferentes personalidades da época (décadas de 40 a 60) que ventilaram uma notícia, posteriormente negada por Russell, de que deveria haver um ataque preventivo do ocidente a países comunistas que tentavam obter a tecnologia de armas nucleares, dentre eles o ex-Chancellor of the Exchequer britânico Nigel Lawson. Nicholas Griffin, da Universidade McMaster, em seu livro The Selected Letters of Bertrand Russell: The Public Years, 1914–1970, (depois de obter uma transcrição do discurso), afirmou que uma vez que os Estados Unidos e a União Soviética estavam caminhando para um conflito nuclear aberto; neste contexto, Russell teria defendido não o real o uso da bomba atômica, mas o seu uso diplomático como uma fonte enorme de influência para desencorajar a proliferação de novas armas nucleares. Russell teve a oportunidade de esclarecer o caso alegando que defendia o desarmamento mútuo, tanto pelos EUA quanto pela URSS, potências nucleares, de modo que cedessem seus arsenais a alguma forma de governo mundial.

Em 1955, Russell lançou o Manifesto Russell-Einstein, co-assinado por Albert Einstein e outros nove cientistas e intelectuais principais, um documento que levou à primeira das Conferências Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais em 1957. Em 1958, Russell tornou-se o primeiro presidente da Campanha para o Desarmamento Nuclear. Demitiu-se dois anos mais tarde, quando o CDN não o apoiou em um ato de desobediência civil, e formou o Comitê dos 100. Com quase noventa anos, em setembro de 1961 ele foi preso por uma semana por incitar a desobediência civil, por ter participado de uma grande manifestação chamada ban-the-bomb no Ministério da Defesa, mas a sentença foi anulada por conta de sua idade.

Durante a Crise dos mísseis de Cuba, Russell enviou telegramas tanto para o Presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, quanto para Nikita Khrushchev da URSS. Foram contactados também o Secretário-Geral U Thant e primeiro-ministro britânico Harold Macmillan. Seus telegramas eram bastante críticos em relação a Kennedy, que ele já havia apontado anteriormente como “mais perigoso do que Hitler”; e tolerantes com Khrushchev. Khrushchev respondeu com uma longa carta, publicada pela agência de notícias russa ITAR-TASS, que foi dirigida principalmente aos Kennedy e ao mundo ocidental.

Cada vez mais preocupados com o perigo potencial para a humanidade decorrente de armas nucleares e outras descobertas científicas, Russell também se juntou a Einstein, Robert Oppenheimer, Joseph Rotblat e outros cientistas eminentes da época para estabelecer a Academia Mundial de Arte e Ciência, que foi formalmente constituída em 1960.

A Fundação Bertrand Russell para a paz e sua editora Spokesman Books começaram em 1963 começaram seus trabalhos para levar adiante as propostas de Russell pela paz, direitos humanos e justiça social. Ele começou a oposição pública à política dos EUA no Vietnã com uma carta ao The New York Times, de 28 de Março de 1963. No outono de 1966, ele havia terminado o manuscrito Crimes de Guerra no Vietnã. Em seguida, usando as justificativas americanas para o Tribunal de Nuremberg, Russell e Jean-Paul Sartre, organizaram o que ele chamou de uma tribunal internacional de crimes de guerra, o Tribunal Russell.

Russell criticou as declarações oficiais sobre o assassinato de John F. Kennedy em “16 Perguntas sobre o assassinato”, de 1964.

Comunismo e socialismo

Russell inicialmente manifestou grande esperança na “experiência comunista.” No entanto, quando visitou a União Soviética e conheceu Vladimir Lenin em 1920, ele ficou impressionado com o sistema em vigor. Em seu retorno, escreveu um tratado crítico, A prática e a teoria do bolchevismo. Ele era “infinitamente infeliz nesta atmosfera sufocada por seu utilitarismo, a sua indiferença ao amor, à beleza e ao impulso de vida”. Russell acreditava que Lenin era como um tipo de religioso fanático, frio e sem “nenhum amor pela liberdade”.

Ele foi um forte crítico do regime de Joseph Stalin e referia-se ao marxismo como um “sistema de dogmas”. Entre 1945 e 1947, juntamente com a A. J. Ayer e George Orwell, ele contribuiu com uma série de artigos para a Polemic, uma revista de filosofia, psicologia e estética – que teve curta duração – editada pelos ex-comunistas Humphrey Slater.

Russell era um consistente entusiasta da democracia e do governo mundial, e defendeu a criação de um governo democrático internacional em alguns dos ensaios reunidos em Elogio ao ócio (1935), bem como em Has Man a Future? (1961). Também discutiu a questão de um governo mundial em uma série de palestras intituladas “Why Men Fight” (1916).

Aquele que acredita como eu, que o intelecto livre é o principal motor do progresso humano, não pode deixar de ser fundamentalmente contra tanto ao bolchevismo, quanto à Igreja de Roma. As esperanças que inspiram comunismo são, em geral, tão admiráveis quanto aquelas instiladas pelo Sermão da Montanha, mas eles são postos em prática com fanatismo e tendem portanto a fazer muito mal.
 Bertrand Russell
De minha parte, enquanto eu estiver convencido de ser um socialista assim como o mais ardente marxista, eu não considero o socialismo como um evangelho de vingança do proletariado, nem mesmo, “principalmente”, como um meio de assegurar a justiça econômica. Considero o socialismo como sendo principalmente um ajuste da produção das máquinas com base em considerações de bom senso, e calculado para aumentar a felicidade, não só de proletários, mas de todos, exceto uma pequena minoria da raça humana que insistirá em combater este novo modelo de maneira tão radical que não será possível estabelecer um novo mundo sem que tal grupo seja derrotado. – Bertrand Russell
“The Case for Socialism” (In Praise of Idleness, 1935, pg. 81)
Os métodos modernos de produção nos deram a possibilidade de facilidade e segurança para todos: temos escolhido, em vez disso, ter excesso de trabalho para alguns e fome para os outros. Até agora, nós continuamos a ser tão ativos quanto como éramos antes de haverem as máquinas, nisso fomos tolos, mas não há nenhuma razão para continuarmos sendo tolos para sempre.
— Bertrand Russell

Sufrágio feminino

Quando jovem, Russell era um membro da Partido Liberal Britânico e escreveu em favor do sufrágio feminino. Em seu panfleto de 1910, ansiedades Anti-Suffragist, Russell escreveu que alguns homens que se opunham ao sufrágio o faziam porque “…têm medo de que a liberdade deles para agir de maneiras tão prejudiciais para as mulheres fosse reduzida.” Em maio de 1907, Russell concorreu para o Parlamento Britãnico levantando a bandeira do sufrágio feminino, mas não foi eleito.

Sexualidade

Russell escreveu contra a noção de moralidade vitoriana. O livro O casamento e a moral (1929) expressou sua opinião de que o sexo entre um homem e uma mulher que não são casados ​​entre si não é necessariamente imoral se eles realmente se amam, e defendeu “casamentos experimentais” ou ” casamentos de companheirismo” – as relações em que os jovens poderiam legitimamente ter relações sexuais sem serem, a longo prazo, obrigados a manterem-se casados ou a terem filhos – ante uma ideia proposta pela primeira vez pelo juiz Ben Lindsey) formalizada na época. Russell também foi um dos primeiros intelectuais a defender abertamente a educação sexual e amplo acesso a métodos contraceptivos. Defendia ainda a facilitação do divórcio, mas somente no caso de caso de casamentos sem filhos – a visão de Russell era de que os pais deveriam permanecer casados mas tolerantes à infidelidade sexual caso tivessem filhos. Russell também foi um ativo defensor dos direitos dos homossexuais, sendo um dos signatários da carta de A.E. Dyson de 1958 para o The Times pedindo uma mudança na lei sobre práticas homossexuais, que foram parcialmente legalizados em 1967, quando Russell ainda estava vivo.

Decálogo

Bertrand Russell em 1907

Russell propôs, em sua autobiografia, um “código de conduta” liberal baseado em dez princípios, à maneira do decálogo cristão. “Não para substituir o antigo”, diz Russell, “mas para complementá-lo”. Os dez princípios são:

  1. Não tenhas certeza absoluta de nada.
  2. Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
  3. Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
  4. Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória que dependente da autoridade é irreal e ilusória.
  5. Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
  6. Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
  7. Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
  8. Encontra mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
  9. Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
  10. Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.

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1882 – 1950

Nicolai Hartmann (em letão: Nikolajs Hartmanis; Riga, Letónia, 20 de fevereiro de 1882 – Göttingen, 9 de outubro de 1950)) foi um filósofo alemão.

Vida e Obra

Foi professor em Marburgo, Berlim e em Göttingen. Seus primeiros trabalhos orientam-se segundo o neokantismo da Escola de Marburgo. Posteriormente, altera sua posição teórica, sob a influência da fenomenologia de Edmund Husserl e das filosofias de Hegel, Max Scheler e Wilhelm Dilthey, embora não se prendesse a qualquer uma delas.

Caracteriza-se pelo esforço constante de repensar problemas filosóficos fundamentais, utilizando outras influências apenas para lançar luz sobre a natureza dos problemas tratados e sobre suas possíveis soluções. Sua filosofia é sistemática, no sentido de que se propõe a examinar os problemas básicos da filosofia em toda sua extensão, mas não no sentido de forçar esses problemas a entrar numa prévia construção metafísica. Trata-se de uma filosofia dos problemas e não um filosofia do sistema. Por isso, Hartmann pôde aproveitar também elementos do pensamento clássico, aliando pensadores que parecem tão distintos como Aristóteles e Hegel.

Foi um dos poucos pensadores do século XX que se preocupou com todas as disciplinas filosóficas, desenvolvendo não apenas um teoria do conhecimento e uma ontologia, mas também uma estética, uma ética, uma filosofia do espírito e uma doutrina de categorias na qual se insere a maior parte de suas investigações. Conclui que em toda teoria do conhecimento há elementos metafísicos e em toda metafísica há elementos gnosiológicos.

No campo da ontologia, dedicou-se ao exame de diferentes tipos de categorias, tanto as que estruturam o mundo real quanto as que estruturam o mundo do espírito. Entre suas obras destacam-se:

  • Metafísica do conhecimento;
  • O problema do ser espiritual;
  • A filosofia do idealismo alemão;
  • Ontologia.

Discípulos

O filósofo português Delfim Santos foi aluno de Nicolai Hartmann na Universidade de Berlim. Entre 1936 e 1940 Hartmann orientou a preparação da sua tese de doutoradoConhecimento e Realidade, apresentada à Universidade de Coimbra.

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1882 – 1973

Jacques Maritain (* 18 de novembro de 1882 em Paris – † 28 de abril de 1973 em Tolosa) foi um filósofo francês de orientação católica (tomista). As obras deste filósofo influenciaram a ideologia da Democracia cristã.

Escreveu mais de sessenta obras e é um considerado por alguns como um dos pilares da renovação do pensamento tomista no século XX; por outros como inspirador ideológico das democracias-cristãs em latino-américa. Em 1970 pediu admissão na Ordem dos Pequenos Irmãos de Jesus (Petits Frères de Jésus) em Toulouse. Foi enterrado com sua esposa Raissa em Kolbsheim.

Biografia e influencia de seu pensameneto

Nasceu em París em 1882, num ambiente familiar republicano e antiliberal, seus pais se chamavam Paul Maritain e a Mãe Geneviève Favre, que não o quiseram batizar. Fez o estudo secundário no famoso Liceu Henri IV, e mais tarde Filosofia na Sobornne (1905) onde prevalecia um sentido de estudo positivista ateu. Faz dos anos de estudos de biologia (1906 – 1908) em Heidelberg com Hans Driesch, onde conhece a Charles Peguy, e também a Raisa Oumansoff, uma imigrante judia cheia de intensa inquietude pela verdade, com a qual contrai matrimonio civil em 1904. Maritain não encontrou no cientificismo da Sobornne as respostas para as suas inquietudes existenciais, o que o fez sintonizar com Raissa. Porém ambos decidem se suicidar. Porém, seguindo o conselho do seu comum amigo Peguy, ambos seguem cursos com Henri Berson, e apreendem dele o “sentido do absoluto”, que Maritain incorporará no seu peculiar metafísica “maritainiana”. Mas tarde conhece a Leon Bloy, que o aproxima da Igreja Católica, ao ponto de converter o casal ao catolicismo e se tornar padrinho de batismo. Posteriormente Raissa adoece e seu conselheiro espiritual, o monge dominicano Humbert Clérissac, entusiasma a ela pela obra de Santo Tomás, que também comunica a seu marido Jaques Maritain (como antes tinha feito pelo pensamento de Leon Bloy. Ao estudar Santo Tomas ambos creram encontrar confirmação de suas ideias. Graças a este encontro com o tomismo Maritain se afasta de Bergson e começa a criticá-lo e considerar-lo como um “veneno” incompatível com o catolicismo. Isso no seu La Philosophie bergsonienne,de 1914. Depois de estudar a Santo Tomas ele passa para Aristóteles. Em 1912 ele começou a ensinar no Colégio Stanislas, do Institute Catholic de París. Em 1917 ele é convidado por alguns bispos franceses a escrever para universidades católicas e seminários (Elementos de Filosofia, 1920).

Em 1933 ele se torna o professor do Instituto Pontifício de Estudos Medievais da universidade de Toronto. Ele também ensina nas Universidades de Columbia, Princeton, e Chicago. Graças a sua influencia ele teve contato com os círculos internos da Ação francesa. Participou na fundação da Revista Universal. Mas Maritain termina rejeitando as teorias modernistas e a democracia-liberal, no seu livro, Antimoderne, 1922. Ele tenta defender a ação francesa, está em contato com Emmanuel Munier e o seu personalismo. Vê-se forçado a aprofundar os seus conhecimentos no pensamento político e social que manifesta no “Humanisme intégral. Problèmes temporels et spirituels d’une nouvelle chrétienté”, Paris (Fernand Aubier), 1936. Continua porém muito crítico ao partido Democrata Cristão, preferindo a criação do movimento democrata-cristão que transcendendo os três partido católicos. Seu pensamento tem tido certa repercussão na America Latina, o seu “maritanismo” foi importante para as democracias-cristãs. Entre este autores que dele seguem as ideias estão Gabriela Mistral, Victor Ocampo, Esther de Cárceres, Alceu Amoroso Lima Durante a 2ª Guerra ele ficou retirado nos EUA, e tomou uma atitude oposta ao regime de Vichy. De 1945 a 1948, foi embaixador da França ante do Vaticano. A partir de 1961, Jaques Maritain viveu junto com os “Pequenos Irmãos de Jesus” em Toulouse, e morreu em 1973, sendo enterrado com a sua esposa Raissa em Kolbsheim.

Origem do pensamento dele: escola historia do pensamento do autor O seu pensamento provem de espírito positivista da La Sorbonne, após seu encontro com a filosofia de Bergson ele recupera suas esperanças na metafísica. Graças a sua esposa (judia) e a Charles Peguy conhece a Leon Bloy, e se converte ao cristianismo. Um dominicano (Pe. Clérissac) o aproxima da obra de Santo Tomas, e posteriormente de Aristóteles. No seu ambiente encontra varias heresias: o modernismo, a teologia liberal, a ação francesa, o personalismo, o pensamento social… além da iminência da guerra. O período entre guerras é muito carregado com este questionamento da realidade e de procura existencial. Recordemos a Miguel de Unamuno. Tendo enfim se aprofundado na filosofia ele influenciará a ideologia da democracia-cristã.

Obras publicadas

  • A filosofia bergsoniana (La philosophie bergsonienne, 1913).
  • Arte e escolástica (Art et scholastique, 1920).
  • Elementos de filosofia (Eléments de philosophie). I – Introdução geral à filosofia (Introduction génerale a la philosophie, 1921). II – A ordem dos conceitos, pequena lógica (L’ordre des concepts, Petite logique, 1923).
  • Antimoderne, 1922.
  • Reflexões sobre a inteligência e a vida própria (Réflexions sur l’intelligence et sur sa vie propre, 1924).
  • Da vida de oração (De la vie d’oraison, 1914).
  • Três reformadores (Trois reformateurs, 1925).
  • Prioridade do espiritual (Primauté du spirituel, 1927).
  • O Doutor Angélico (Le docteur Angélique, 1929).
  • Religião e cultura (Religion et culture, 1930).
  • Distinguir para unir, ou os graus do saber (Distinguer pour unir ou Les degrés du savoir, 1932).
  • Da filosofia cristã (De la philosophie chrétienne, 1933).
  • Sete lições sobre o ser (Sept leçons sur l’être, 1934).
  • Fronteiras da poesia (Frontières de la poésie, 1935).
  • A filosofia da natureza (La philosophie de la nature, essai critique sur ses frontières et son objet, 1935.
  • Humanismo integral (Humanisme intégral, 1936).
  • Situação da poesia (Situation de la poésie, 1938), com Raissa.
  • Questões de consciência (Questions de conscience, 1938).
  • Quatro ensaios sobre o espírito na sua condição carnal (Quatre essais sur l’esprit dans sa condition charnelle, 1939).
  • Através do desastre (Atravers du désastre, 1941).
  • O crepúsculo da civilização (Le crépuscule de la civilization, 1941).
  • Confissão de fé (Confession du foi, 1941).
  • Os direitos do homem e a lei natural (Les droits de l’homme et la loi naturelle, 1942).
  • A filosofia moral – Exame histórico e crítico dos grandes sistemas.

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1883 – 1969

Ficheiro:Karl Jaspers-BA.jpg

Karl Theodor Jaspers (Oldemburgo, 23 de fevereiro de 1883 — Basileia, 26 de fevereiro de 1969) foi um filósofo e psiquiatra alemão.

Estudou medicina e, depois de trabalhar no hospital psiquiátrico da Universidade de Heidelberg, tornou-se professor de psicologia da Faculdade de Letras dessa instituição. Desligado de seu cargo pelo regime nazista em 1937, foi readmitido em 1945 e, três anos depois, passou a lecionar filosofia na Universidade de Basel.

O pensamento de Jaspers foi influenciado pelo seu conhecimento em psicopatologia e, em parte, pelo pensamento de Kierkegaard, Nietzsche e Max Weber. Sempre teve interesse em integrar a ciência ao pensamento filosófico na medida em que, para Jaspers, as ciências são por si só insuficientes e necessitam do exame crítico que só pode ser dado pela filosofia. Esta, por sua vez, deve basear-se numa elucidação, a mais completa possível, da existência do homem real, e não da humanidade abstrata. O resultado das reflexões de Jaspers sobre o tema foi a primeira formulação de sua filosofia existencial. Autor do livro de dois volumes: “Psicopatologia Geral”, grande marco em sua carreira e na evolução da psicopatologia.

O existencialismo (ou filosofia da existência) constitui, segundo Jaspers, o âmbito no qual se dá todo o saber e todo o descobrimento possível. Por isso a filosofia da existência vem a constituir-se numa metafísica. A existência, em qualquer de seus aspectos, é precisamente o contrário de um “objeto”, pois pode ser definida como “o que é para si encaminhada”. O problema central é como pensar a existência sem torná-la objeto.

A existência humana é entendida como intimamente vinculada à historicidade e à noção de situação: o existir é um transcender na liberdade, que abre o caminho em meio a um conjunto de situações históricas concretas.

Jaspers preocupou-se em estabelecer as relações entre existência e razão, o que levou-o a investigar em profundidade o conceito de verdade. Para ele, a verdade não é entendida como característica de nenhum enunciado particular: é antes uma espécie de ambiente que envolve todo o conhecimento.

Dentre suas obras, pode-se destacar:

  • 1931 Situação espiritual da nossa época;
  • 1932 Filosofia;
  • 1953 Introdução à filosofia.

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1889 – 1976

Martin Heidegger (Meßkirch, 26 de Setembro de 1889 — Friburgo em Brisgóvia, 26 de Maio de 1976) foi um filósofo alemão.

É um dos pensadores fundamentais do século XX – ao lado de Russell, Wittgenstein, Adorno, Popper e Foucault – quer pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros filósofos, dentre os quais Jean-Paul Sartre.

Biografia

A cabana onde Heiddeger escreveu a maior parte de Ser e Tempo

Nascido na pequena cidade de Meßkirch, distrito de Kaden, no interior da Alemanha. Inicialmente quis ser padre e chegou mesmo a estudar teologia na Universidade de Freiburg. Depois, estudou filosofia na mesma Universidade, com Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia.

Em 1916, como tese de habilitação ao ensino universitário, publicou A Doutrina das Categorias e do Significado em Duns Escoto. Mais tarde descobrir-se-ia que a obra de Escoto considerada por Heidegger, isto é, a Gramática Especulativa não era de Duns Escoto. Mas isso não tinha muita relevância no pensamento de Heidegger, já que o seu trabalho, com os interesses metafísicos e teológicos que dominam, é mais teórico do que histórico.

Nesse meio tempo Husserl foi chamado a ensinar em Friburgo e Heidegger o seguiu como assistente. Professor por alguns anos na Universidade de Harburgo, em 1929 Heidegger sucedeu Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo, dando sua aula inaugural sobre O que é a Metafísica?. Desse mesmo ano é o ensaio Sobre a Essência do Fundamento, bem como o livro Kant e o Problema da Metafísica.

Em 1927, porém, saíra o trabalho fundamental de Heidegger, Ser e Tempo. A obra seria seguida de uma segunda parte, que, no entanto, não apareceu, já que os resultados alcançados na primeira parte impediam o seu desenvolvimento. Ser e Tempo é dedicado a Husserl, que posteriormente não aprovou a obra, o que ocasionou o rompimento entre ambos. Heidegger, no entanto, afirmava trabalhar com o método fenomenológico.

Heidegger inscreveu-se no partido Nazi (NSDAP) em 1 de Maio de 1933 (ano da chegada ao poder de Adolf Hitler), tendo posteriormente sido nomeado reitor da Universidade de Friburgo, pronunciando o discurso A Auto-afirmação da Universidade Alemã. Porém, pouco depois se demitiu do cargo de reitor, sendo pressionado por outros professores da universidade, que tentavam boicotar o Partido Nazista para o qual Heidegger emprestou sua credibilidade.

Martin Heidegger teve como aluna a judia Hannah Arendt, que se tornou também uma importante filósofa do século XX, com quem se envolveu amorosamente.

Filosofia

A Universidade de Friburgo, da qual Heidegger foi reitor, entre 1933 e 1934.

Heidegger considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.

O método vai diretamente ao fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação. Heidegger afirma que esta metodologia corresponde a um modelo kantiano, ou coperniciano da colocação ou projeção da perspectiva. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein para o ser. Esta inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional.

Além da sua relação com a fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para o existencialismo e desconstrucionismo.

Conceitos fundamentais

É habitual dividir a produção filosófica de Heidegger em duas partes, uma até ao final da década de vinte, outra a partir daí. Por vezes considera-se também uma terceira anterior à produção de O Conceito de Tempo (conferência proferida em 1924, mas publicada apenas em 1983, em Francês). Assim é comum falar-se do primeiro ou do segundo Heidegger, conforme se faz referência às suas produções anteriores ou posteriores ao seu livro Da essência da Verdade, escrito em 1930, embora a publicação seja de 1943. Gianni Vattimo fala de três momentos da filosofia de Heidegger (ver Introdução a Heidegger, Tradução João Gama, Instituto Piaget, 10ed., 1996).

A divisão da filosofia de Heidegger em momentos não é pacífica. Há quem recuse a divisão, defendendo a continuidade do seu pensamento.

O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão da filosofia existencial, é o problema do sentido do ser. Heidegger aborda a questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a esse respeito. O homem está especialmente mediado por seu passado: o ser do homem é um “ser que caminha para a morte” e sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa. O homem deve tentar “saltar”, fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu verdadeiro “eu”.

As bases de sua filosofia existencial foram expostas em 1928, na obra inacabada Ser e Tempo, 1927, publicada em Marburgo, que o tornou célebre fora dos meios universitários. Oriundo de uma família humilde, Heidegger pôde completar sua formação primária graças a uma bolsa eclesiástica, que lhe permitiu também iniciar estudos de teologia e de filosofia. Profundamente influenciado pelo estudioso de fenomenologia Edmund Husserl, de quem foi assistente após a Primeira Guerra Mundial (até 1923), começou então seus estudos no seio da corrente existencialista.

Embora sempre tenha vivido em Friburgo, exceto nos cinco anos em que foi professor em Marburgo (recusou uma proposta para Berlim), cedo se tornou um dos filósofos mais conhecidos e influentes, influência essa que se estendeu mesmo à moderna teologia de Karl Rahner ou Rudolf K. Bultman. Sua disponibilidade para colaborar com o regime nazista, após a tomada de poder por Hitler, em 1933, aceitando o lugar de reitor em substituição a outro vetado pelos nazistas, abalou seu prestígio. Também contribuiu para isso o fato de equiparar o “serviço do saber” na escola superior ao serviço militar e funcional. Em 1946, as autoridades francesas de ocupação retiraram-lhe a docência, que lhe foi restituída em 1951. Outras importantes obras suas são Introdução à Metafísica, 1953, Que Significa Pensar?, 1964, e Fenomenologia e Teologia, 1970. A obra completa de Heidegger foi editada na Alemanha em 70 volumes.

Dasein

Ainda assim, até ao final da década de trinta, a leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos como Dasein (o ser-aí ou o ser-no-mundo), morte, angústia ou decisão. Como entroncamento central de toda a sua fenomenologia encontra-se o conceito de Jeweiligkeit: ser-a-cada-momento ou de-cada-vez (Respectividade). Esta noção é fundamental para se compreender a de Dasein, que não deve ser sem mais vertida para Ser humano, homem, nem mesmo para Realidade Humana (ver, a este respeito, A Carta sobre o Humanismo– para mais pormenores sobre a difícil tarefa da tradução do termo veja-se o artigo correspondente, Dasein).

O horizonte de fundo de toda a sua investigação é o do sentido de Ser, os modos e as maneiras de enunciação e expressão de ser. Nesta medida o importante está em alcançar a colocação correta da questão pelo sentido de ser. Assim, ele põe a claro a desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se prendeu a uma compreensão ôntica, dominada pelo ente, em vez de se dedicar adequadamente ao estudo do ser. Esta notificação deve indicar-nos que não apenas o ente é, mas que o ser tem modos: há modos de ser. E cada ente deve ser abordado a partir do modo adequado de o abordar, o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser próprio do ente que em cada caso está em estudo.

O Dasein, pela sua especificidade, inicia qualquer interrogação. O Dasein é o ente que em cada caso propriamente questiona e investiga. É também o Dasein que detém a possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder da proposição em geral. Daí que na questão acerca do sentido de ser seja fundamental começar por abordar o ser deste ente particular. E tem que ser o próprio Dasein a fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma análise fenomenológica esclarecida (hermenêutica).

Neokantismo

Algumas obras de Heidegger revestem-se de inspiração kantiana, quer pelo método crítico que os rege, quer pelos seus resultados, quer pela escolha dos temas. Regra geral considera-se que as obras anteriores a Ser e Tempo são de teor kantiano. Esta fase do seu pensamento constitui para alguns estudiosos o primeiro momento da sua filosofia, marcado pela influência de Kant e pela pujança fenomenológica. Apesar das reservas dos seguidores da sua metodologia, Heidegger tende a ser aproximado ao movimento existencialista. Esta fase é aquela que mais facilmente se relaciona com este movimento.

A tese de doutoramento sobre A teoria do juízo no psicologismo (1913), a tese de docência acerca d’A doutrina das categorias e do significado em Duns Escoto (1916) e o tratado A História do Conceito de Tempo, também conhecido como Conceito de Tempo em Historiografia (1914), são consensualmente aceites como (neo)kantianas. Estas obras, dentro de uma terminologia e temática próprias do Neokantismo, abordam problemas que o extravasam  e já não podem ser resolvidas nas estritas fronteiras kantianas.

A facticidade da existência, que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo, torna impraticável a posição de um sujeito do conhecimento como sujeito puro que se supõe na reflexão de tipo transcendental. A consciência implica uma temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico. Esta temática torna-se o cerne da sua lição inaugural, na Faculdade de Teologia da Universidade de Marburgo, A História do Conceito de Tempo.

Husserl

Nos escritos de Husserl, na formulação conhecida até 1920, Heidegger podia encontrar já uma novidade radical relativamente ao Neokantismo. Este privilegiava a ciência e aspirava para a Filosofia uma linguagem igualmente rígida e estrita. Para Husserl, o ato de cognição resolvia-se na intuição eidética (Anschauung). O ato cognitivo não podia assim ser limitado ao conhecimento científico, pois trata-se dum encontrar as coisas.

ir às coisas elas mesmas husserliano ficou conhecido para sempre: trata-se dum encontro com as coisas em carne e osso. Esta concepção já não entende o fenômeno em oposição à coisa em si ou ao númeno, mas como manifestação positiva da própria essência da coisa, por assim dizer (veja-se a este respeito H. G. Gadamer, Die phänomenologische Bewegung em Philosophisce Rundschau 1963, pp. 19-20). Esta posição saía da matriz neokantiana e dos limites do transcendentalismo.

Fenomenologia

Heidegger encontra na fenomenologia, na forma que tinha à época, nas obras de Husserl até então publicadas, um mundo em pleno desenvolvimento. Husserl afirmava que “a Fenomenologia somos eu e Heidegger“.

A Fenomenologia recebe assim influência de Heidegger que lhe inculca alguns dos seus problemas e temas centrais, tais como a Lebenswelt. A influência é, portanto, mútua. Nesta altura Heidegger recebe também vigorosas influências provenientes da segunda edição de Kierkegaard e de Dostoievski, ao mesmo tempo que vê surgir o interesse por Hegel e Schelling por todo o meio acadêmico alemão. As poesias de Rilke e de Trakl são outras fontes de inspiração. Nietzsche, influência e preocupação maior dos anos que vão de 1935 a 1943, está ainda, entre 1910 e 1916, longe do seu pensamento.

A esta altura Heidegger encontra-se principalmente ocupado na interpretação de Dilthey e Kierkegaard.

Dilthey

Dilthey ocupará um lugar central em Ser e Tempo. O pensamento dele e o do conde de Yorck têm o sentido de mostrar que a historicidade só se pode fundamentar se fundeada numa recolocação do problema do ser. Em permanente diálogo com Duns Escoto começam-se a delinear em Heidegger as linhas mestras que haveriam de produzir Ser e Tempo: o problema da historicidade é um problema da filosofia da vida. São precisamente os fenômenos da historicidade e da vida que instam à recolocação do problema do ser.

Nesta envolvência instala-se essa preocupação fundamental com a dinâmica existencial. É nesta perspectiva que Kierkegaard adquire uma relevância importante.

Kierkegaard

Para Heidegger, para os heideggereanos e, de facto, para a maior parte dos existencialistas, Kierkegaard é um pensador que enunciou explicitamente o problema da existência. Contudo, Heidegger considera que a colocação do problema não remanesceu existencialmente, mas que, pelo contrário, permaneceu geralmente a um nível existenciário ou ôntico.

A formação do pensamento que levaria ao Ser e Tempo encontraria ainda contributos de São Paulo, de Lutero e de Calvino. No semestre de Inverno do ano escolar de 1919-1920, Heidegger profere um dissertação em jeito de discurso sobre os Fundamentos da mística medieval e, no ano seguinte, um de Introdução à fenomenologia da religião.

No semestre de verão de 1921 surge um discurso intitulado S. Agostinho e o neoplatonismo. Isto numa época em que as suas preocupações estão centradas na problemática da temporalidade com o estudo de Kierkegaard a fornecer-lhe novos horizontes, e Heidegger traçava novos planos teóricos rasgando com o esquema da ontologia clássica que o próprio Kierkegaard havia deixado intacto, bem como com a estrutura metafísica helénica preservada pelo neoplatonismo e adaptada por Aurélio Agostinho.

Estudiosos lusófonos da obra de Heidegger

  • António Caeiro
  • Mário Jorge de Carvalho
  • Benedito Nunes
  • Ernildo Stein
  • Emmanuel Carneiro Leão
  • Jeannette Antonios Maman
  • Zeljko Loparic

O pensamento de Heidegger e a psicoterapia

Em 1947, Heidegger respondeu pessoalmente a uma carta enviada pelo psiquiatra suíço Medard Boss pedindo esclarecimentos sobre suas ideias filosóficas.

Iniciaram um processo de troca de correspondência e visitas que se prolongou por doze anos e frutificou na iniciativa de Boss em promover a realização de uma série de encontros com a participação aberta para alunos e colegas psiquiatras, os Seminários de Zollikon, realizados entre 1959 e 1969.

Considerados fundamentais na concepção e conceituação da Daseinsanalyse, nestes seminários discutiram as possibilidades de integração da ontologia e da fenomenologia de Heidegger à teoria e práxis da medicina, psicologia, psiquiatria e psicoterapia.

Os protocolos destes seminários e as correspondências trocadas por Heidegger e Boss foram publicados na Alemanha em 1987.

Heidegger também contribuiu e participou da edição da obra de Boss “Existential Foundations of Medicine and Psychology”, publicada em 1979, texto que advoga uma fundamentação existencial para a medicina e para a psicologia.

Publicações

  • Novas Indagações sobre Lógica (1912);
  • O Problema da Realidade na Filosofia Moderna (1912);
  • A Doutrina do Juízo no Psicologismo(1914);
  • A Doutrina das Categorias e da Significação em Duns Scoto (1916);
  • O Conceito de Tempo na Ciência da História (1916);
  • Ser e Tempo (1927);
  • Que é Metafísica? (1929);
  • Da Essência do Fundamento (1929);
  • Kant e o Problema da Metafísica (1929);
  • Hölderlin e a Essência da Poesia (1936);
  • A Doutrina de Platão sobre a Verdade (1942);
  • Da Essência da Verdade (1943);
  • A Carta sobre o Humanismo (1949);
  • Caminhos Interrompidos ou Caminhos de Floresta (1950);
  • Introdução à Metafísica (1953);
  • Da Experiência de Pensar (1954);
  • O Que é Isto, a Filosofia? (1956);
  • Da Pergunta sobre o Ser (1956);
  • O Princípio da Razão (1956);
  • Identidade e Diferença (1957);
  • A Caminho da Linguagem (1959);
  • Língua e Pátria (1960);
  • Nietzsche (1961);
  • A Pergunta sobre a Coisa (1962);
  • Tese de Kant sobre o Ser (1962);
  • Marcas do Caminho (1967);
  • Sobre o Assunto Pensamento (1969);
  • Fenomenologia e Teologia (1970);
  • Heráclito (1970).

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1891 – 1970

Rudolf Carnap (Ronsdorf, 18 de maio de 1891 — Santa Mônica, 14 de setembro de 1970) foi um influente filósofo alemão que trabalhou na Europa central antes de 1935 e nos Estados Unidos posteriormente. Ele foi um dos principais membros do Círculo de Viena e um eminente defensor do positivismo lógico.

Vida

Carnap nasceu em uma família do norte da Alemanha que foi humilde até a geração dos seus pais. Ele iniciou sua educação formal no ginásio de Barmen. De 1910 a 1914, ele estudou na Universidade de Jena, pretendendo escrever uma tese em física. Mas ele também estudou cuidadosamente a Crítica da razão pura de Kant em um curso de Bruno Bauch, e foi um dos poucos alunos dos cursos de lógica matemática de Frege. Após servir no exército alemão na Primeira Guerra Mundial por três anos ele recebeu a permissão de estudar física na Universidade de Berlin, em 1917-18, período no qual Albert Einstein foi nomeado professor. A seguir Carnap foi para a Universidade de Freiburg, onde escreveu uma tese estabelecendo uma teoria axiomática do espaço e do tempo. O departamento de física disse que ela era muito filosófica, e Bruno Bauch, do departamento de filosofia, disse que ela era pura física. Daí Carnap escreveu outra tese, sob a supervisão de Bauch, de um ponto de vista kantiano, mais ortodoxo, sobre a teoria do espaço. A tese foi publicada em 1922.

Em 1921 Carnap escreveu uma carta cheia de conseqüências a Bertrand Russell, que respondeu copiando a mão longas passagens do seu (em coautoria com Alfred N. Whitehead) Principia mathematica para uso de Carnap, pois nem Carnap nem a Universidade de Freiburg tinham recursos para adquirir uma cópia dessa obra importante. Em 1924 e 1925 ele participou de seminários de Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia, e continuou a escrever sobre física da perspectiva do positivismo lógico.

Carnap encontrou um espírito próximo ao seu quando encontrou Hans Reichenbach em uma conferência em 1923. Reichenbach o apresentou a Moritz Schlick. Schlick ofereceu a Carnap um cargo no seu departamento na Universidade de Viena. Carnap tomou posse em 1926. A partir desse momento Carnap reuniu-se ao grupo informal de intelectuais de Viena que veio a ser chamado de Círculo de Viena. Liderado por Schlick, o grupo incluía Hans Hahn, Friedrich Waismann, Otho Neurath e Herbert Feigl, com aparições ocasionais de Kurt Gödel, aluno de Hahn. Carnap encontrou-se com Wittgenstein quando ele visitou Viena. Com Hahn e Neurath, Carnap escreveu em 1929 o manifesto do Círculo de Viena. Com Hans Reichenbach fundou a revista Erkenntnis, até hoje um dos principais periódicos filosóficos.

Em 1928 Carnap publicou dois livros importantes:

  • Aufbau, ou A estrutura lógica do mundo, no qual ele desenvolveu uma versão formal rigorosa do empirismo, definindo todos os termos científicos em termos fenomenalistas. O sistema formal do Aufbau estava fundado em um único predicado diádico primitivo, o qual é satisfeito se dois indivíduos “assemelham-se” um ao outro. O Aufbau foi grandemente influenciado por Principia mathematica, e autoriza comparações com a metafísica mereotopológica que Whitehead desenvolveu entre 1916 e 1929. Parece, contudo, que logo Carnap desencantou-se com seu livro. Em particular, ele não autorizou uma tradução para o inglês até 1967.
  • Pseudoproblemas em filosofia defendeu que muitas questões filosóficas não têm significado, isto é, o modo como elas são postas depende de um abuso da linguagem. Uma implicação operacional dessa posição radical foi a defesa da eliminação da metafísica do discurso humano responsável. Foi por essa posição que Carnap tornou-se mais conhecido por muitos anos.

Em fevereiro de 1930 Tarski conferenciou em Viena, e em novembro do mesmo ano Carnap visitou Varsóvia. Nessas ocasiões Carnap aprendeu muito sobre a abordagem da semântica a partir da teoria dos modelos de Tarski.

Em 1931 Carnap foi nomeado professor na Universidade de Praga, onde se falava alemão. Aí ele escreveu sua Sintaxe lógica da linguagem, obra de 1934 que o tornou o mais famoso positivista lógico. Em 1933 Quine o encontrou em Praga, e os dois discutiram a obra profundamente. Nesse momento começou um respeito mútuo entre os dois filósofos que perdurou por todas suas vidas e sobreviveu às discordâncias de Quine em relação às conclusões filosóficas de Carnap.

Carnap, sem ilusões sobre o que o Terceiro Reich estava planejando para a Europa, e cujas convicções socialistas e pacifistas faziam dele um homem marcado, emigrou para os Estados Unidos em 1935 e tornou-se um cidadão naturalizado em 1941. Enquanto isso, em Viena, Schlick foi assassinado em 1936. De 1936 a 1952 Carnap foi professor de filosofia na Universidade de Chicago. Graças a Quine, Carnap passou os anos 1939-41 em Harvard, onde se reuniu a Tarski. Na sua autobiografia, Carnap expressou certa irritação com seu período em Chicago, onde ele e Charles W. Morris eram os únicos membros do departamento comprometidos com a primazia da ciência e da lógica. (Entre seus colegas de Chicago estavam Richard McKeon, Mortimer Adler, Charles Hartshorne e Manley Thompson.) Todavia, os anos de Carnap em Chicago foram muito produtivos. Ele escreveu livros sobre semântica e lógica modal, tendo chegado muito perto da atual abordagem da semântica dos mundos possíveis e das fundações da probabilidade e da indução.

Após uma breve passagem no Instituto para o Estudo Avançado de Princeton, ele juntou-se ao departamento de filosofia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) em 1954, após a morte de Reichenbach no ano anterior. Ele havia anteriormente rejeitado uma proposta similar, pois aceitá-la exigia que ele assinasse um juramento mccarthysta de lealdade, uma prática à qual ele se opôs por causa dos seus princípios. Na UCLA ele escreveu sobre o conhecimento científico, a dicotomia analítico-sintético e o princípio de verificação. Seus escritos da época sobre termodinâmica e as fundações da probabilidade e da indução foram publicados posteriormente.

Carnap aprendeu esperanto como autodidata aos 14 anos de idade. Pela sua autobiografia vemos que ele permaneceu simpático à língua durante toda a vida. Ele participou de um Congresso Mundial de Esperanto e utilizou a língua em viagens.

Carnap teve quatro filhos do seu primeiro casamento, o qual terminou em divórcio em 1929. Sua segunda esposa suicidou-se em 1964.

Lógica

Sua Introdução à lógica simbólica com aplicações é uma boa introdução à sua lógica. Na obra encontramos bastante atenção a vários pontos filosóficos normalmente negligenciados por textos de lógica, indiferença à metateoria, fascinação com a semântica formalizada, atitude casual sobre a prova, nenhuma menção à dedução natural, atenção à lógica das relações, vários exemplos interessantes de teorias axiomáticas, muitos formulados em lógica de segunda ordem, e uma grande dívida com Principia mathematica.

Filosofia

Carnap rejeitou a metafísica através do emprego da dicotomia entre juízos analíticos e sintéticos e do princípio de verificação. Sua crítica aos pseudoproblemas filosóficos é influenciada por Wittgenstein. Carnap vê a metafísica como inútil e sem sentido.

Carnap funda a matemática no logicismo e no formalismo. Seu logicismo deriva de Frege.

Carnap vê as diferentes ciências como redutíveis à física.

Carnap tem uma teoria puramente analítica das estruturas lingüísticas.

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1902 – 1994

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Karl Raimund Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 — Londres, 17 de Setembro de 1994) foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo.

Ele é talvez mais bem conhecido pela sua defesa do falsificacionismo como um critério da demarcação entre a ciência e a não-ciência, e pela sua defesa da sociedade aberta.

Biografia

Nascido numa família de classe alta de origem judaica secularizada, foi educado na Universidade de Viena. Concluiu o doutoramento em filosofia em 1928 e ensinou numa escola secundária entre 1930 e 1936. Em 1937, a ascensão do Nazismo levou-o a emigrar para a Nova Zelândia, onde foi professor de filosofia em Canterbury University College, Christchurch. Em 1946, foi viver na Inglaterra, tornando-se assistente (reader) de lógica e de método científico na London School of Economics, onde foi nomeado professor em 1949. Foi nomeado cavaleiro da Rainha Isabel II em 1965, e eleito para a Royal Society em 1976. Reformou-se da vida acadêmica em 1969, apesar de ter permanecido ativo intelectualmente até à sua morte, em 1994. Recebeu a insígnia de Companheiro de Honra (Companion of Honour) em 1982.

Popper recebeu vários prêmios e honras no seu campo, incluindo o prêmio Lippincott da associação americana de ciência política, o prêmio Sonning, e o estatuto de membro na sociedade real, na academia britânica, London School of Economics,Kings College de Londres e o Darwin College de Cambridge.

A filosofia de Popper

Popper cunhou o termo “Racionalismo Crítico” para descrever a sua filosofia. Esta designação é significante e é um indício da sua rejeição do empirismo clássico e do observacionalismo-indutivista da ciência, que disso resulta. Apesar disso, alguns acadêmicos, incluindo Ernest Gellner, defendem que Popper, não obstante não se ter visto como um positivista, se encontra claramente mais próximo desta via do que da tradição metafísica ou dedutiva.

Popper argumentou que a teoria científica será sempre conjectural e provisória. Não é possível confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatação de que os resultados de uma previsão efetuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria deverá gozar apenas do estatuto de uma teoria não (ou ainda não) contrariada pelos factos.

O que a experiência e as observações do mundo real podem e devem tentar fazer é encontrar provas da falsidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com as observações poderá provar a falsidade da teoria em análise. Nesse caso há que eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra teoria para explicar o fenômeno em análise. (Ver Falseabilidade). Em outras palavras, uma teoria científica pode ser falsificada por uma única observação negativa, mas nenhuma quantidade de observações positivas poderá garantir que a veracidade de uma teoria científica seja eterna e imutável.

Alguns consideram este aspecto fulcral para a definição da ciência, chegando a afirmar que “científico” é apenas aquilo que se sujeita a este confronto com os factos. Ou seja: afirmam que só é científica aquela teoria que possa ser falseável (refutável). Existem críticas contundentes quanto a esse aspecto. Essas remanescem no bojo da própria Filosofia que Popper propõe. E por quê? Ao afirmar que toda e qualquer teoria deve ser falseável, isso se aplica à própria teoria da falseabilidade popperiana. Portanto, a falseabilidade deve ser falseável em si mesma. Diante dessa evidente necessidade – sob a pena de sua teoria ser não-universal e portanto derrogada pela sua imprecisão – poderá existir proposições em que a falseabilidade não é aplicável (vide teorema da incompletude de Kurt Gödel). Nos dias de hoje, verifica-se que o falsificacionismo popperiano não é princípio de exclusão, mas tão somente de atribuição de graus de confiança ao objecto passível do crivo científico. Outros argumentam que estas críticas não fazem sentido devido a teoria de Popper não ser científica, por não se ocupar de fatos contingentes.

Para Popper a verdade é inalcançável, todavia devemos nos aproximar dela por tentativas. O estado atual da ciência é sempre provisório. Ao encontrarmos uma teoria ainda não refutada pelos factos e pelas observações, devemos nos perguntar, será que é mesmo assim ? Ou será que posso demonstrar que ela é falsa ? Einstein é o melhor exemplo de um cientista que rompeu com as teorias da física estabelecidas.

Popper debruçou-se intensamente com a teoria Marxista e com a filosofia que lhe é subjacente, de Hegel, retirando-lhes qualquer estatuto científico. O mesmo em relação à psicanálise, cujas teorias subjacentes não são falseáveis (refutáveis).

O seu trabalho científico foi influenciado pelo seu estudo da teoria da relatividade de Albert Einstein.

O paradoxo da tolerância

Embora Popper foi um defensor da tolerância, ele disse que a intolerância não deve ser tolerada, pois se a tolerância permitir que a intolerância tenha sucesso completamente, a própria tolerância estaria ameaçada. Em seu livro A sociedade aberta e seus inimigos, ele argumentou:

“A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada, mesmo para aqueles que são intolerantes, e se não estamos preparados para defender uma sociedade tolerante contra o ataque dos intolerantes, então os tolerante serão destruídos e tolerância com eles. – Esta formulação, não implica que devemos sempre suprimir as filosofias intolerantes, contanto que possamos combatê-las por argumentos racionais e mantê-las sob controle pela opinião pública.Mas devemos reivindicar o direito de suprimi-las, se necessário até mesmo pela força, e isso pode facilmente acontecer se elas não estiverem preparadas em debater no nível de argumentação racional, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, devido ela ser uma filosofia enganosa, ensinando-os a responder a argumentos com uso de punhos ou pistolas.Devemos, portanto, reivindicar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar os intolerantes. Devemos enfatizar que qualquer movimento que pregue a intolerância deva ser colocado fora da lei, e devemos considerar a incitação à intolerância e perseguição devido a ela, como criminal, da mesma forma como devemos considerar a incitação ao assassinato, ou sequestro, ou para a revitalização do comércio de escravos como criminoso.

De comunista a liberal

Popper foi membro ativo do partido comunista da Áustria, mas, quando questionou os líderes do partido sobre a morte de vários colegas em uma manifestação, ele obteve a resposta de que foram necessárias para se realizar a revolução, o que o marcou profundamente e, a partir daí, começou a questionar a ideologia marxista. Com o tempo, Popper refutou completamente o Marxismo e tornou-se um liberal. Em 1947, Popper fundava com Friedrich Hayek, Milton Friedman, Ludwig von Mises e outros a Mont Pelerin Society para defender o liberalismo clássico, no espírito do Open Society.

Diferenças entre Popper e Francis Bacon

Comparando o método científico de Karl Popper com a visão baconiana da ciência, Ernest Gellner afirma em “Relativism and the social sciences” (“Relativismo e as ciências sociais”):

“a definição do método científico de Popper difere da versão baconiana de empirismo por sua ênfase na eliminação em vez da ênfase na verificação. No entanto eles têm em comum um determinado ponto: quer nós verifiquemos ou refutemos, de qualquer forma fazemo-lo com a ajuda de duas ferramentas e apenas duas: a lógica e a confrontação com os factos. As teorias são julgadas por dois juízes: consistência lógica e conformidade com os factos. A diferença entre os dois modelos situa-se apenas em saber se os factos condenam os pecadores ou canonizam os santos. Para o jovem Popper havia alguns pecadores apropriadamente certificados, mas nunca santos definitivamente canonizados”.

Livros traduzidos para o português

  • A sociedade aberta e seus inimigos (2 volumes). São Paulo, EDUSP, 1974.
  • Conhecimento objetivo: uma abordagem evolucionária. São Paulo, ed. da Universidade de São Paulo, 1975.
  • A lógica da pesquisa científica. São Paulo, Cultrix, 1993.
  • O realismo e o objectivo da Ciência (1o volume do pós-escrito à Lógica da descoberta científica). Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1987.
  • O universo aberto – argumentos a favor do indeterminismo (2o volume à Lógica da descoberta científica). Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1988.
  • A Teoria dos Quanta e o cisma na física (3o volume do pós-escrito à Lógica da descoberta científica). Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1989.
  • Conjecturas e refutações (O progresso do conhecimento científico). Brasília, Editora da UNB, 1994.
  • Em busca de um mundo melhor. Lisboa, Fragmentos, 1989.
  • Um mundo de propensões. Lisboa, Fragmentos, 1991.
  • O racionalismo crítico na política. Brasília, Editora UNB, 1994.
  • Televisão: um perigo para a democracia. Lisboa, Gradiva, 1995.
  • Autobiografia intelectual. Brasília: UnB, 1977. 263p. (B)
  • La miséria del historicismo. Madrid: Taurus Ediciones; Alianza Editorial, c1984. 181p. (B)
  • O eu e seu cérebro. Campinas: Papirus; Brasília: UnB, 1991. 513p. (B)
  • Sociedade aberta, universo aberto. Lisboa: Dom Quixote, 1987. 112p. (B)
  • A miséria do Historicismo. Tradução de Octany S. Mota e Leônidas Hegenberg. – São Paulo: Cultrix: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.

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1925 – 1995

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Ernest André Gellner (Paris, 9 de Dezembro de 1925 — Praga, 5 de Novembro de 1995) foi um filósofo e antropólogo social judeu-checo nascido na França e mais tarde naturalizado britânico. Foi um importante teórico da sociedade moderna e das diferenças que a distinguem das sociedades precursoras. Sua esfera de influência é pouco comum e abrange os campos da Filosofia, Sociologia, Ciência Política, História e Antropologia Social.

O jornal britânico The Independent na sua edição de 8 de Novembro de 1995 referiu-se a Gellner como “uma cruzada de um homem pelo racionalismo crítico, em defesa do universalismo do esclarecimento contra as marés ascendentes do idealismo e relativismo”.

Foi professor de filosofia, lógica e método científico na London School of Economics durante 35 anos. Foi depois o professor William Wyse de Antropologia Social na Universidade de Cambridge por 10 anos e finalmente foi o líder fundador do centro para o estudo do nacionalismo, em Praga. Foi colega de Karl Popper na London School of Economics. Popper é, como o próprio Gellner o diz, a sua maior influência. E a segunda será provavelmente Max Weber: Perry Anderson escreveu que de todos os pensadores sociológicos pós-Weber, Gellner foi quem “permaneceu mais próximo dos problemas intelectuais centrais de Weber”. O sociólogo David Glass disse uma vez que não tinha a certeza se a próxima revolução viria da direita ou da esquerda, mas ele tinha a certeza de que, viesse ela de onde ela viesse, a primeira pessoa a ser abatida seria Ernest Gellner.

Biografia

De Paris para Praga

Praga

Ernest André Gellner nasceu em Paris em 1925,1 filho de Rudolf e Anna Gellner (nome de solteira Anna Fantl), uma família checa de língua alemã de origem judaica secularizada. Quando Ernest nasceu, o seu pai, Rudolf Gellner, interessado em sociologia e em Max Weber, fazia estudos em Paris sobre o teórico político francês conservador e anti-modernista Joseph de Maistre. Rudolf Gellner trabalhou como jornalista para jornais alemães, antes de se tornar um homem de negócios, relativamente modestos. Rudolf teve de aprender a língua checa, como muitos naturais da Boêmia de língua alemã, quando da criação da Checoslováquia, após a Primeira Guerra Mundial, na qual Rudolf tinha combatido, tendo estado destacado na Sibéria. Rudolf estudava em Paris, mas pouco depois do nascimento de Ernest, muda-se para Praga, onde Ernest Gellner cresceu e onde frequentou um liceu inglês (grammar school). Segundo J. Musil, neste liceu inglês, recentemente fundado, as aulas eram dadas por jovens professores ingleses por forma a fornecer um exemplo perfeito do domínio da língua. O currículo do liceu combinava o modelo inglês com os currículos europeus. O jovem Gellner falava em checo com os amigos, em inglês com os professores e colegas da escola, em alemão em casa com a família. Gellner cresceu pois num ambiente multicultural, na Checoslováquia de Masaryk. A Praga em que Gellner cresceu era a cidade das três culturas (checa, judaica, alemã) de Kafka. Uma cidade com duas Universidades: uma checa e outra alemã (Einstein deu aulas nesta última, no ano 1911/1912). Uma cidade anti-semita mas de uma beleza impressionante de que ele mais tarde se recorda com saudade.

Como nos diz André Czeglédy, que foi orientado no seu doutoramento por Gellner, Ernest Gellner leu na sua juventude as obras de escritores como Jaroslav Zák, Jaroslav Hasek e Vitezslav Nezval, e foi influenciado por dramaturgos como Jiri Voskovec e Jan Werich, todos eles autores a quem Czeglédy atesta um especial sentido de humor.

Segunda Guerra Mundial e a fuga para Inglaterra

Em 1939, com a ascensão do Nazismo na Europa a família vê-se obrigada a fugir para Inglaterra. A decisão tinha sido preparada desde há algum tempo, dada a evolução dos acontecimentos. Uma das irmãs de Rudolf vivia em Inglaterra e era casada com um inglês, o que foi providencial. A 10 de Março de 1939, Adolf Hitler ordenou a entrada do exército alemão em Praga, na sequência do acordo de Munique. Nesse mesmo ano, tendo apenas 13 anos, Ernest Gellner foi autorizado a viajar com a mãe e irmã para Inglaterra, atravessando a Alemanha de comboio (homens adultos não estavam autorizados a o fazer). O pai seguiu ilegalmente para a Inglaterra via Polônia, onde por duas vezes o enviaram para trás. A terceira tentativa foi bem sucedida. Graças à ajuda de velhos amigos russos dos tempos da Primeira Guerra Mundial, Rudolf Gellner conseguiu obter em Varsóvia os vistos que lhe salvaram a vida (e ao seu colega de viagem, que viria a ser um sócio nos seus futuros negócios em Inglaterra). Seguiu viagem para a Suécia e depois para Inglaterra. Juntou-se à família em Londres, para a felicidade do pequeno Ernest. Um irmão de Rudolf Gellner, Otto Gellner, teve menos sorte: Pereceu no Holocausto. A maioria da família de Rudolf conseguiu escapar para Inglaterra. Vários familiares da mãe, talvez com menos predisposição ou capacidade para fugir para o estrangeiro, ficaram na Checoslováquia e foram assassinados no Holocausto.

Ernest e a sua família viveram inicialmente em Highgate, no norte de Londres, e mudaram-se depois para St. Albans. Ernest estudou na St. Albans County Grammar School, um liceu fundado nos anos 30, onde ele obteve uma bolsa de estudos para estudar no Balliol College, em Oxford. Nas palavras de Gellner, a sua bolsa de estudos para Oxford obtida quando tinha 17 anos de idade deve-se à “política colonial à portuguesa” praticada pelo diretor do Balliol College de Oxford, que “mantinha os nativos em paz dando permissão a aptos de baixo a entrar para Balliol”.

Em Oxford, Gellner estudou Filosofia, Política e Economia (Philosophy, Politics and Economics -PPE). Interrompeu os estudos após um ano para combater na guerra, incorporando a brigada Checa. O jovem Ernest, nos seus 19 e 20 anos participou na Segunda Guerra Mundial, tendo estado envolvido no bloqueio da cidade de Dunquerque, pouco depois do desembarque da Normandia. Já com o armistício, foi participar às comemorações e paradas militares da vitória em Praga. Não permaneceria em Praga muito tempo. O exército vermelho, agora já num contexto de conflito leste-oeste logo pediu aos militares checos que retornassem ao sector americano após as comemorações.

Carreira universitária

O Balliol College em Oxford, onde Gellner estudou

Regressou à Inglaterra em 1945 e completou os seus estudos com distinção (first class honours) em 1947, ganhando o prêmio John Locke. Nesse mesmo ano iniciou a sua carreira acadêmica como assistente do professor John MacMurray, na faculdade de filosofia moral da Universidade de Edimburgo. Dois anos depois, em 1949, foi ensinar Sociologia na London School of Economics, ganhando o título de professor em 1962. Aqui passaria a maior parte da sua carreira acadêmica. Teria também a cadeira de Filosofia. A partir de 1954, Gellner fez uma série de viagens ao norte de África, envolvido em trabalho de campo antropológico, que culminaria no seu doutoramento em Antropologia Social sob a orientação dos professores Raymond Firth e Paul Sterling. Trabalhando entre os berberes, nas montanhas do Atlas, Gellner teve a oportunidade de satisfazer a sua paixão pelas montanhas. Ao mesmo tempo, tomou contacto com a religião muçulmana, um tema de vários de seus livros, incluindo o seu Saints of the Atlas, de 1969. Em 1979, ainda na LSE, tornou-se professor de Filosofia. Em 1984 foi nomeado professor William Wyse de Antropologia Social na Universidade de Cambridge. A evolução temática de Gellner é fora do vulgar. Tendo começado na Filosofia, passou para a Sociologia e depois para a Antropologia Social. Como ele disse numa entrevista de 1991, esta mudança de temas foi antes de mais uma fuga à filosofia linguística:

E o paradoxo, a anedota é que tendo escapado da filosofia para a antropologia, em parte, sem dúvida não apenas por isso, mas em parte, para escapar à filosofia linguística, eu encontro na minha idade avançada que a coisa de que eu fugia é agora dominante na antropologia: a praga hermenêutica, como eu lhe chamo, que é em parte inspirada em Wittgenstein, tornou-se recentemente muito influente na antropologia. Eu penso que ela é tão despropositada na antropologia como era na filosofia. É irônico que ela parece estar a seguir-me (Davis, 1991).

Gellner passou um ano na União Soviética em 1989/90, a convite da Academia de Ciências soviética. Em 1992, Gellner reformou-se da sua carreira acadêmica britânica e “voltou às raízes”, tornando-se diretor do Centro Para o Estudo do Nacionalismo, na nova Universidade Central Europeia de Praga, onde passou a centrar o seu pensamento aos desenvolvimentos políticos na Europa de Leste, que ele conheceu bem e na qual tinha um grande interesse.

Ernest Gellner sofreu um ataque cardíaco no dia 5 de Novembro, no aeroporto de Praga, quando regressava de uma conferência em Budapeste. Faleceu poucas horas depois, a um mês do seu septuagésimo aniversário.

Ideias

Filosofia

(Principais livros: “Words and Things, The Legitimation of Belief, Reason and Culture”)

Os livros de Gellner oferecem uma excelente base para o estudo da filosofia. Gellner sistematizou como poucos a filosofia, a sociologia, antropologia e a história. Trata-se de um caso raro de proficuidade multidisciplinar e cosmopolita nos tempos modernos, acompanhado de um inevitável sentido de humor, sempre esclarecedor.

Gellner ordena a filosofia com a seguinte frase:

“Todo o bebê filosófico nascido com vida se tornará inevitavelmente ou num pequeno positivista ou num pequeno hegeliano.”

Gellner está claramente do lado racionalista da filosofia. Esse lado positivista, como ele lhe chama, tem um sentido diferente do de Augusto Comte, que segundo Gellner, “combinou as duas respostas”. Gellner interessa-se pela razão, pelo racionalismo. O racionalismo parece ter-lhe saído fumegando pelas orelhas (o próprio Gellner usou esta expressão para descrever Leonard Trelawny Hobhouse).

Os seus heróis são David Hume, René Descartes, Immanuel Kant, Bertrand Russell, Karl Popper. Os seus vilões Hegel, Wittgenstein, Nietzsche, Heidegger.

Gellner diz-se um “fundamentalista do esclarecimento” (ou do iluminismo), ironicamente, em contraponto com o fundamentalismo islâmico, uma outra corrente muito em voga nos dias de hoje.

Modernidade

(Livro principal: Plough, Sword and Book)

De uma forma geral, Gellner pode ser visto, como, nas palavras de Michael Lessnoff, um “profeta da modernidade”. Este papel de Gellner é tanto mais importante quanto esta é atacada nos nossos dias, principalmente em meios académicos. Como Lessnoff diz no seu livro, Gellner and Modernity, : “ele foi um dos defensores mais apaixonados e convincentes dos principais elementos da modernidade – a racionalidade científica, a política liberal, a economia industrial e mesmo daquele fantasma demoníaco moderno, o consumismo. A modernidade necessita de um tal defensor e a voz de Gellner faz um contraste refrescante com o tom anti-moderno que é tão frequente na literatura contemporânea, não apenas na cultura geral do nosso tempo, mas mais especificamente dentro da comunidade acadêmica, recentemente influenciada pelo movimento intelectual em moda chamado pós-modernismo (na verdade uma forma de anti-modernismo)”.

A teoria da história de Gellner

Lessnof faz uma boa análise da especificidade da teoria da história de Gellner. Comparando a visão de Gellner com a de Marx, Lessnof resume: “De acordo com o Marxismo, as forças econômicas dominam a história: elas evoluem de acordo com a sua própria dinâmica intrínseca, e o resto da estrutura social acomoda-se necessariamente a elas e suas necessidades, mas, claro, não sem luta, conflitos de classe e revoluções. Na interpretação marxista da história, o poder político e as ideologias respondem sobretudo às necessidades econômicas. Na teoria da história de Gellner, em contraste, apesar de não negligenciar o fator econômico – longe disso – o ênfase é colocado na importância independente de forças políticas e ideológicas, e não menos importante: a influência que elas exercem no desenvolvimento económico. A interpretação de Gellner da história humana – o centro do seu trabalho teórico – pode ser encontrada sobretudo na sua publicação de 1998, chamada Plough, Sword and Book (Arado, espada e livro)”.

Portugal na modernidade

Para os cidadãos de países de língua portuguesa do séc XXI, Gellner deu um contributo fundamental para a compreensão da sua situação na história. Porque é que as sociedades de língua portuguesa ficaram para trás no desenvolvimento tecnológico e social da idade moderna? Onde estão os cientistas, os inventores de língua portuguesa depois do nónio ou da caravela ?

Gellner vê na era moderna o resultado de um acidente histórico e não de um plano divino. Neste ponto ele adota as teses de Max Weber, uma das suas principais influências, que viu na ética protestante um dos factores que terão levado ao surgimento do capitalismo e com ele a era moderna. Uma evolução que passou ao lado da península ibéria, como Antero de Quental já tinha deixado patente no seu discurso da conferência do casino: “Causas da decadência dos povos peninsulares nos três últimos séculos”. Portugal (e com ele, todos os territórios que lhes estavam associados) permaneceu do lado católico tradicional nas disputas religiosas que assolaram a Europa. A Reforma Protestante do século XVI que se desenvolveu na Europa do Norte não chegaria a Portugal, muito devido à ação da chamada Contra-Reforma iniciada por Roma, onde os Jesuítas desempenharam um papel de relevo. Não só a reforma religiosa como ela se deu no norte da Europa não chegou a Portugal, a desconfiança estendeu-se também às ideias que ali surgiram (ver: Estrangeirados), não apenas no campo religioso mas também nas letras (o humanismo) e ciências (no século XVIII o iluminismo e a revolução científica). Em 1558 foi introduzida em Espanha a pena de morte para quem importasse livros estrangeiros sem permissão ou para quem imprimisse sem a autorização oficial. Enquanto que na Europa protestante o progresso científico atingiu uma dimensão inédita na história da humanidade, em Portugal, a influência da igreja católica e a censura por esta imposta permaneceram por pelo menos mais três séculos. (Ver: Index Librorum Prohibitorum). A Inquisição portuguesa foi abolida apenas em 1821 (ainda hoje muitos ingleses ficam admirados ao descobrir isto). Já em 1736, D. Luis da Cunha deplorava a ausência de uma comunidade reformada (calvinista) em Portugal. Comparando a situação portuguesa com a da França, ele notou que o desafio huguenote tinha impedido que o sacerdócio católico francês se afundasse até ao nível “sórdido” dos seus pares portugueses (David Landes).

A sociedade baseada em valores protestantes é um acidente da história. Não seria de esperar que alguém se dedique ao trabalho árduo, não com o objectivo de gozar dos frutos desse trabalho, mas sim por uma ordem divina. Para um calvinista, o objectivo último da vida na terra é “enobrecer o nome do senhor”. Gozar desses frutos seriam, à luz da ética protestante, um sinal de fraqueza perante Deus. Como Max Weber apontou na sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, o católico que alcança a riqueza logo a desfrutará e ali se quebrará o impulso criativo. Por contraste, para certas formas ascéticas da doutrina protestante, nomeadamente Calvinistas (Ver Calvinismo), o trabalho árduo e disciplinado não é um meio para atingir um fim. É um acto de fé. O calvinista rico não tem qualquer motivo para desfrutar da sua riqueza. Continuará sendo disciplinado e exigente consigo mesmo, não porque deseja alcançar a riqueza mas porque vê na disciplina diária um elemento de fé e uma prova de que se encontra entre os escolhidos de Deus. Como David Landes afirma, “o ponto de Weber é que o protestantismo produziu um novo tipo de homem de negócios, um tipo diferente de pessoas, que deseja viver e trabalhar de uma determinada forma. Era esta forma aquilo o que mais interessava, e a riqueza era, quando muito, um subproduto.

Ora é precisamente esta filosofia que se coaduna melhor na organização moderna do trabalho numa sociedade capitalista. O reinvestimento dos lucros na atividade produtiva é reconhecidamente um fator de sucesso econômico. Como exemplo desta nova forma de pensar, Weber cita Benjamin Franklin, um calvinista, como exemplo elucidativo desta relação fecunda entre princípios religiosos e o sucesso econômico. Os seus aforismas como: “um tostão poupado é um tostão ganhado” são bem conhecidos ainda hoje.

Como David Landes afirma, esta forma de pensar teve origem religiosa mas acaba por se tornar secular: “E apesar de a crença forte na predestinação não ter durado mais do que uma geração ou duas (não é o tipo de dogma que tenha apelo duradouro), ela acabou por ser convertida num código de comportamento secular: trabalho duro, honestidade, seriedade, o uso prudente de dinheiro e tempo (ambos emprestados a nós por Deus). “O tempo é curto”, admoestava o sacerdote Puritano Richard Baxter (1615-1691), “e o trabalho é longo””.

Aquilo que começou como experiência teológica puritana de uma seita religiosa que surgiu no ocidente (norte) do continente europeu e no norte da América (zonas de religião protestante) acabou por se tornar num fator de progresso econômico e social que teve como consequência o crescimento exponencial da produtividade económica como nenhum economista clássico (uma ciência inicialmente muito pessimista – “the dismal science”, a ciência lúgubre) tinha previsto (ver: Adam Smith ou Thomas Malthus). Ver História da Escócia para um exemplo da forma como esta transformação tinha lugar.

O Islão

(Principais livros: Saints of the Atlas, Muslim Society, Conditions of Liberty)

Ernest Gellner analisou em detalhe as estruturas sociais das sociedades islâmicas. Em especial interessava-lhe explicar porque é que o Islão se mostra resistente à tendência geral da secularização, que em princípio é uma das características da modernidade. Para mais detalhes sobre algumas das suas observações ver o artigo sobre o seu livro Pós-modernismo, razão e religião.

Obra

De acordo com Czeglédy, Gellner disse-lhe numa conversa particular que considerava o livro de 1988, “Plough, Sword and Book” (arado, espada e livro) como o seu contributo mais panorâmico e sustentado. No entanto, o seu “Nations and Nationalism”, abordando uma temática completamente diferente, foi o que o tornou mais conhecido, seguindo-se o “Words and Things”, pela polêmica envolvida.

As palavras e as coisas

Seu primeiro livro surgiu em 1959 foi uma crítica à filosofia linguística de Wittgenstein, nos anos do pós-guerra uma força dominante em círculos acadêmicos ingleses e particularmente em Oxford. Entre os líderes desses círculos da filosofia inspirada em Wittgenstein contavam-se J.L. Austin, Peter Strawson e Gilbert Ryle. O livro contou com um prefácio favorável de Bertrand Russell, que posteriormente defendeu Gellner no debate que se seguiu à publicação. A controvérsia foi grande quando Gilbert Ryle, editor do jornal filosófico Mind, recusou incluir uma crítica literária ao livro, achando que fazia uma crítica maliciosa aos filósofos envolvidos (entre os quais ele próprio, um admirador de Wittgenstein). Esta decisão foi divulgada ao grande público numa carta aberta de Bertrand Russell ao jornal The Times, de Londres, ao que se seguiu uma acesa discussão pública. Esta crítica de Gellner à filosofia de Wittgenstein tornou Gellner famoso e não necessariamente apreciado entre esses círculos estabelecidos. Gellner ganhou entre esses filósofos uma reputação de “enfant terrible” (um comentador sugeriu mais tarde que, com o passar do tempo, Gellner tinha amadurecido num “ancião terrible”), que os expôs mais do que eles teriam desejado. Gellner critica as implicações sociais e políticas da filosofia linguística. Também foi notado que para além de ser um livro sobre Filosofia, Words and Things é também uma análise sociológica dos professores de filosofia de Oxford, estudando-os como se eles fossem uma espécie de tribo.

Santos do Atlas

Publicado em 1969, foi uma monografia do seu trabalho de campo com os berbéres, nas montanhas do Atlas, em Marrocos, onde deparou com uma complexa sociedade islâmica, que ele analisou (ver também sufismo).

Nações e Nacionalismo

Este livro tornou Gellner num teórico de referência para o fenômeno do Nacionalismo. Suas conclusões são surpreendentes. Para Gellner, o nacionalismo é um acontecimento específico da sociedade moderna. Neste livro, Gellner apresenta também a sua irreverente Teoria do endereço errado:

Os marxistas basicamente gostam de pensar que o espírito da história ou a consciência humana cometeram um terrível engano. A mensagem de despertar tinha sido enviada para as classes, mas por algum terrível erro postal, foi entregue às nações.

O Movimento Psicanalítico

The psychoanalytic movement:or the cunning of unreason, 1985, foi um livro escrito pouco depois do regresso do trabalho de campo em Marrocos. Gellner pretendeu inicialmente fazer uma espécie de “trabalho de campo” (usando métodos semelhantes) à profissão psico-analítica (o que lhe terá sido recusado). O livro é uma denúncia da tradição freudiana. Por sinal do destino editorial, as primeiras edições do livro continham uma gralha no sub-título, o que Gellner terá achado divertido. Em vez de “the cunning of unreason” (a artimanha da irracionalidade), foi impresso: “the coming of unreason” (a chegada da irracionalidade).

Livros editados em português

  • Gellner na Unb. Eub, 1981.
  • Nacionalismo e Democracia. Unb, 1981.
  • O movimento psicanalítico; ou os ardis da não-razão; tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro : Jorge Zahar.
  • Razão e Cultura. Editora Teorema, 1992.
  • Pós-modernismo, razão e religião – Sobre as principais correntes de pensamento atuais. Editora: Instituto Piaget, 1994.
  • Condições da liberdade – A sociedade civil e seus rivais – Queda do comunismo e ascendência do fundamentalismo islâmico, Portugal, Editora Gradiva; Brasil, Jorge Zahar, 1996.
  • Antropologia e política: Revoluções no bosque sagrado – publicado em 1997 pela editora brasileira Jorge Zahar. Jorge Zahar, 1997.
  • Linguagem e solidão – Uma interpretação do pensamento de Wittgenstein e Malinowski, Edições 70, 2001.
  • Nações e nacionalismo – O fenômeno do nacionalismo. Os seus diferentes “sabores” europeus.
  • Curso de Introdução À Ciência Política da Revolução À… Editora: Unb.
  • Da Revolução À Liberalização. Ernest Gellner e Outros. UNB.

Fonte: Wikipédia

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