da História

filosofia da história é o campo da filosofia ou da história (dentro da ‘teoria da história’) que observa sobre a dimensão temporal da existência humana como existência humana sócio-política e cultural; teorias do progresso, da evolução e teorias da descontinuidade histórica; significado das diferenças culturais e históricas, suas razões e conseqüências.

Segundo Martins Filho, conceitua-se a filosofia da história como sendo a interpretação da realidade histórica com base nas concepções filosóficas. Seriam várias as visões de mundo a modelar a história, vendo, ou não, no caminhar do homem sobre a Terra um sentido e qual é ele. “Somente se se admite esse sentido norteador do caminhar terreno do homem é que se consegue dar unidade aos fatos históricos, compondo o quadro da existência humana sobre a Terra.”

Por outro lado, conforme José D’Assunção Barros, deve-se fazer uma distinção entre as filosofias da história e as teorias da história. As primeiras tendem a ser realizações individuais de filósofos específicos (Kant, Hegel, Herder, entre outros), e geralmente trazem uma carga de especulação muito maior, refletindo sobre o sentido da história e o futuro da história humana. Assim, para Hegel a história seria a caminhada do Espírito até a realização da consciência plena e da Razão em sua plenitude final, e para Kant a história seria correspondente à realização dos planos secretos da natureza. Este tipo de especulação filosófica sobre o sentido da história ou sobre o destino final da história humana estaria normalmente ausente das teorias da história. Estas seriam realizações coletivas da comunidade dos historiadores profissionais, que na história da historiografia desenvolveram diferentes paradigmas, como o Positivismo, o Historicismo, o Materialismo Histórico, entre outros. Um paradigma sempre corresponde a um ambiente teórico partilhado por muitos historiadores, que aprimoram os seus fundamentos, conceitos e perspectivas, não constituindo uma realização pessoal de um único filósofo. De igual maneira, as teorias da história não costumam se preocupar com o sentido da história, mas sim em oferecer apoio teórico com vistas à interpretação da história efetiva, que pode ser estudada e demonstrada através das fontes históricas. A especulação típica das filosofias da história estaria excluída das diversas teorias da história.

No estudo da história devem ser levadas em conta, principalmente, duas dimensões: a História como “realidade” – res gestae, ou seja o complexo dos fatos humanos no seu curso temporal; e a História como “conhecimento” – narratio rerum gestarum, ou seja o relato desses fatos humanos históricos.

Hegelianismo

No livro Filosofia da História, de Hegel, logo na introdução se desenrola uma apreciação de uma teoria sobre a história, dividida em cinco capítulos. Para Hegel haveria três formas de tratar da história, que a encaram diferentemente: a história original, a história refletida e a filosófica.

Na história original ele cita como exemplos Heródoto e Tucídides, “que descreviam principalmente os feitos, os acontecimentos e as situações que tinham diante de si” traduzindo-os em uma obra de imaginação. Os mitos e outras representações populares, como canções, são excluídos por serem principalmente imaginação, a história original é tratada por povos cientes de sua real existência e vontade, descrevendo o que foi vivenciado, sem reflexões, para que se mantenha para a posteridade.

Mudanças na filosofia da história a partir do positivismo

A Revolução Industrial e o Iluminismo são as duas fontes históricas do positivismo. Como corrente filosófica, as ideias e proposições de Augusto Comte não podem ser dissociadas destes movimentos sociais, políticos, econômicos e ideológicos. A Inglaterra e a França contribuíram com relevância extraordinária no processo histórico que culminou na consolidação da modernidade. O século XIX consiste num tempo de intensa produção teórica filosófico cientifica e transformações econômicas e sociais. Nesse cenário convulsionado ocorrem os processos de unificação da Alemanha e da Itália, bem como, um intenso fluxo migratório da Europa para América. O Positivismo, um filho do Iluminismo, é formulado por Augusto Comte nesse cenário de transformações (Iluminismo, Revolução Industrial, grandes migrações).

Segundo Cotrim (1991, p. 177), “O termo positivismo foi adotado por Augusto Comte para designar toda uma diretriz filosófica marcada pelo: culto da ciência e pela sacralização do método científico.”

Outro dado relevante do pensamento de Augusto Comte (1798-1857) é a afirmação categórica de uma visão materialista e naturalista, negando o metafísico e o transcendente ao fazer a exaltação das ciências sociais.

Segundo Comte (OS PENSADORES, 1996):

A verdadeira filosofia se propõe a sistematizar, tanto quanto possível, toda existência humana, individual e, sobretudo coletiva, contemplada ao mesmo tempo nas três ordens de fenômenos que caracterizam pensamento, sentimentos e atos. Sob todos esses aspectos, a evolução fundamental da humanidade é necessariamente espontânea, e a exata apreciação de sua marcha natural é a única a nos fornecer a base geral de uma sábia intervenção.

O Positivismo foi uma das correntes filosóficas mais influentes em vários campos do conhecimento. No campo da História seu legado reverberou durante todo século XX (principalmente no Brasil e outros países sul americanos).

Na filosofia da história segundo o positivismo: há uma linearidade; tem como peculiaridade uma evolução da humanidade em três estados, o teológico, o metafísico e o positivo; as fontes históricas devem ser os documentos oficiais; a própria construção historio gráfica não pode ser separada da figura do herói, do grande homem que conduz a sociedade e a própria história; o foco político é absoluto na visão positivista. Somente com o advento da filosofia de Marx e Engels, e na década de vinte do século XX com a Nova História, é que o Positivismo teve seus fundamentos abalados e a filosofia da história tem seus parâmetros redirecionados.

Fonte: Wikipédia

You are free to comment